29 de maio de 2009

Memórias da Confeitaria Nacional

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Em pequenos, lanchávamos de vez em quando na confeitaria. Recordo uma época muito anterior à ASAE em que se pedia um prato de bolos: a legislação assim o permitia, os que não fossem consumidos regressavam ao balcão. Hoje isso seria impensável e, no caso concreto, ainda bem que assim é.
Datam da época uns bolos revestidos a chocolate, simulando flores, deixando ver através de uns cortes, manteiga fresca com corante rosa (são os representados na imagem). Os adultos evitavam a todo o custo que os escolhêssemos pois, dado serem enjoativos, ao fim de duas dentadas ficavam postos de lado, o que era um desperdício. Quando nos diziam: “tantos meninos com fome e vocês a estragarem comida”, o argumento não nos tocava – dizem que só na idade adulta nos conseguimos colocar no lugar dos outros...
No Verão, havia uma bebida comparável ao néctar dos deuses: tratava-se da carapinhada de ananás, doce qb e servida num copo cheio de gelo com sabor.
As delícias que levávamos para casa eram fruta cristalizada, especialmente a abóbora e umas deliciosas farripas de laranja revestidas com chocolate amargo (laranja e chocolate são dois sabores de eleição que ligam de modo divinal). Na Páscoa éramos presenteados com as amêndoas de licor (que não tinham amêndoa), essencialmente acolhidas com entusiasmo pelas figuras que representavam..
Já na juventude, com amigos, recordo termos apanhado o dono de um famoso restaurante vegetariano que frequentávamos em “flagrante delito”. Enquanto aguardávamos a hora de irmos ao cinema durante um sábado – a confeitaria fechava então mais tarde- vimos sair tão fundamentalista personagem a devorar avidamente um saco de “petit fours” daqueles revestidos a gema e açúcar glacé: rimos com vontade pois este senhor, a deliciar-se com os bolos, entrava em contradição com uma máxima que muito repetia no seu estabelecimento: “o açúcar é um veneno!”. Penso que terá sido mais ou menos a partir de então que passei a encarar com algum cepticismo os fundamentalismos macrobióticos adoptados durante tempo considerável.

4 comentários:

Luisa disse...

Apanhado em flagrante delito...! A minha memória da Nacional são os bolos de arroz que o meu avô me comprava, eram deliciosos.........delicioso continua a ser o seu bolo-rei.

teresa disse...

O bolo-rei é dos melhores da cidade, quanto aos bolos de arroz, não os recordo,mas as tais farripas de chocolate preto com laranja cristalizada... hei-de ver se ainda as vendem:)

JS disse...

A minha mãe também fazia na Salvação essas flores de holanda, mas o rosa era feito com uns pingos de groselha...

Que saudades, agora fiquei a salivar!!!

teresa disse...

JS,
Eu referi o corante, mas desconheço se também seria a groselha a utilizada. Para ser franca, não eram os bolos preferidos, apesar do aspecto:)