Porque o Carlos se lembrou do cheiro do café moído, um cheiro que chegava ao passeio, de uma casa no começo da Rua da Misericórdia, ele também se lembrava e porque Politikos, de imediato, adiantou o nome da casa – “A Carioca” - passou por lá um destes dias. Ainda lá está no nº 9 da Rua da Misericórdia.. O mesmo cheiro a café a espalhar-se. Diz Isabel Allende que
“a tentação do café não nasce no sabor mas sim nessa fragrância intensa e misteriosa de bosque remoto”. Concorda inteiramente. Sim o cheiro do café, também a lembrança de uma cantão muito antiga de Los Machucambos , “Moliendo Café”, ouvida, por finais dos anos 50, numa “Juke Box” da esplanada de uma das praia da Trafaria, a praia do Marques - una pena, una tristeza, passar la noche moliendo café.
Esteve tentado a entrar para comprar café para poder olhar o papel de embrulho de que, em conversa com a T. falava Politikos mas resolveu deixar para ela o prazer de ir lá comprar café e ver a embalagem Em casa tirará uma fotografia e, de imediato, A T. a irá partilhar com todos nós
Esteve tentado a entrar para comprar café para poder olhar o papel de embrulho de que, em conversa com a T. falava Politikos mas resolveu deixar para ela o prazer de ir lá comprar café e ver a embalagem Em casa tirará uma fotografia e, de imediato, A T. a irá partilhar com todos nós
Já que estava por ali subiu um pouco e foi dar à “Leitaria Flor do Mundo” onde, quando era miúdo, Politikos conviveu com gente dos joranis.”
. Ainda está com o 89 como número de porta..
. Ainda está com o 89 como número de porta..
Desceu, depois, até à Praça de Camões e tirou uma fotografia ao “Restaurante Trevo”, hoje um vulgar come-em-pé, que conheceu como “Leitaria Trevo” e onde trabalhou um primo do Carlos. Por ali bebeu cafés e comeu bolas de Berlim, olhou rostos e um guardou-o. Esse rosto era o motivo dos cafés e das bolas de Berlim, mas perdeu-o e nunca mais o viu. Porque o seu poiso habitual era a “Leitaria Parisiense”, na esquina da Praça Luís de Camões com a Rua do Alecrim, com fabrico próprio, onde pelas tardes a poetisa Luiza Neto Jorge e o Manuel João Gomes escreviam poemas, faziam traduções, namoravam. Está lá agora, o “Café-Bar Bairro Alto”, uma coisa assim a armar ao finaço.
Chegado aqui lembra-se que havia um trajecto que, sempre que possível, gostava de fazer todos os fins de tarde dos dias compridos: apanhar o eléctrico no Largo da Misericórdia, ocupar o lugar ao lado esquerdo do condutor e descer até ao Cais do Sodré, a olhar aquele pedaço de rio entalado entre os prédios, a outra margem ao fundo, as cores douradas dos findar de tarde.
Agora já não há eléctricos a subir e a descer a Rua do Alecrim. Há-de voltar a esta história…
7 comentários:
A sua descrição, por instantes alargados, fez-me reviver a sensação de descer a rua do Alecrim a partir do Camões nos fins de tarde de verão, quando o mais excitante da vida era aquilo que os olhos viam e não tinha a necessidade das travessias e de tocar a realidade. O lugar no eléctrico ao lado do condutor e o pare na próxima se faz favor em vez de puxar o cordão de cabedal da campaínha....
Essa visão do rio vou guardá-la para quando a memória visual me trair. Espero que não me cobre direitos...
Já agora.
E o ITAU?
Num primeiro andar da esquina do Camões/R. Alecrim do lado do B.º Alto? Lembro-me de participar lá em tertúlias organizadas por colegas do Instituto Comercial que existia na rua das Chagas. Penso que hoje esse ITAU está transformado num ninho de empresas.
estes foram os meus locais desde o começo dos anos 60 (62 para ser exacto).
o itau foi no começo dos anos 70.
antes ou depois das aulas no passos manuel (que à noite funcionava como escola comercial d. maria e os nossos cartões tinham escrito: 'nome da aluna'...)
E os autocarros 15 agora 58 chamados também a desciam:)
Lembro-me do Itau(embora frequentasse mais o da av. dos EUA) e, um pouco mais distantes, das instalações do jornal "O Século" onde um saudoso amigo trabalhava.
Mais tarde, alguns dos elementos saídos deste periódico, inauguraram um outro jornal cujo nome não recordo (este de curtíssima existência), com instalações num belo edifício no alto de Sta. Catarina. Visitei um dia o espaço, mas as memórias já um pouco nubladas não me deixam lembrar o nome do nobre edifício.
Essas instalações de "O Século" davam para o pátio do Jardim Infantil onde cresci desde os 2 aos 9 anos. Um dos projectos da Senhora Dona(era assim que nos ensinavam a tratá-la, quando nos visitava) Fernanda de Castro. Mais tarde descobri a poetisa.
Lembro-me dos jornalistas, repórteres a observarem-nos, enquanto fumavam e respondiam aos nossos chamamentos. Recordo-me de algumas reportagens. E guardo uma das revistas em que "saí" em várias fotos.
Quando passo neste blogue, lembro tanta coisa boa. Sempre.
Quanto a "recuerdos", também guardo uma foto de tenra infância na qual apareci no "Diáro Popular", penso que foi um avô babado e havia uma rubrica destinada aos bebés-alfacinhas :)
Pois é, meu caro Gin, o «post» e as fotos convocam-me não sei quantas recordações... No dia-a-dia, mesmo quando passo por ali, vou demasiado apressado para evocações... Curiosamente é por aqui, em frente ao ecrã, nalguma quietude e com tempo para pensar, que elas surgem...
Um abraço
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