No discurso de Cavaco Silva, na Assembleia da República, no 25 de Abril, de que só ouvi a parte final, esteve presente um dos problemas dos nossos dias. A falta de interesse dos jovens acerca das causas e consequências que a revolução teve nas nossas vidas.
Curiosamente, no dia anterior, enquanto trazia os meus filhos para passarem o fim-de-semana comigo, conversámos acerca das diferenças entre os doze e quinze anos deles e os meus doze e quinze anos. E falei com eles acerca do distanciamento deles em relação ao mundo que os rodeia (e a culpa é minha também). Eu, com a idade deles, já ligava às eleições, aos partidos, já via debates televisivos e gostava de ler os jornais, embora, admita que havia muita coisa que escapava ao meu entendimento.
Os miúdos hoje estão cheios de consolas, jogos, msn's, wrestlings. Claro que a maior parte dessas coisas são-lhes impingidas por nós, pais (e aqui reside a minha culpa), para que eles se entretenham e nos "deixem em paz".
Por outro lado, penso que a memória colectiva do 25 de Abril foi ficando manipulada pelos partidos, que a deixaram de respeitar e a usam conforme lhes dá jeito, conforme estão no poder ou na oposição.
Talvez por isso, o 25 de Abril seja cada vez mais um feríado e não um dia de reflexão sobre o que ainda falta fazer para que a mudança que ele previa se concretize.
No dia 25 de Abril, à noite, em casa dos meus pais, tive oportunidade de ter uma conversa muito interessante com a minha irmã e o marido, com a minha filha mais velha que tem 18 (filha da minha actual mulher), e o meu filho mais velho (15 anos)acerca do 25 de Abril mas também acerca da guerra colonial, isto a propósito da série do Joaquim Furtado que passa no canal 2 da RTP. Houve perguntas, respostas, considerações e foi bastante interessante. No fundo, fez-me sentir culpado por não ter mais conversas assim em que uma geração que parece distante do que a rodeia possa sentir que a nossa história recente ainda tem muito por descobrir.
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