28 de maio de 2007

ainda a propósito de stuart carvalhais

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para queluz, stuart carvalhais é hoje pouco mais que uma escola em massamá norte onde se vai votar em dia de eleições.
curiosamente o mesmo acontece com o patrono de uma das outras escolas da terra, o padre alberto neto.
tive o prazer de conhecer os dois.
um, já adolescente, com algumas discussões sobre a religião e a luta pelas liberdades, o outro, enquanto puto, no caminho para a escola primária do palácio.

conheci o stuart quando ele já era um sombra do que foi.
já não o 'ruço de má pelo' que lhe chamava aquilino ribeiro, ou que lhe pedia 'uma espingardinha por alma da tua avó' na revolução de fevereiro e que aquilino retrata como o caricaturista rangel no 'arcanjo negro'.
era para mim um velho que se sentava no banco do 'parque', e que eu cumprimentava à passagem, como se fazia naqueles tempos em queluz onde toda a gente se conhecia.

mas sabia que era o autor do desenho do parque infantil, talvez a sua obra mais desconhecida.

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ele morava a uns escassos 20 passos do banco onde se sentava. uma casa que representava os restos de quando queluz era um local onde alguma pequena burguesia com posses fazia as suas casas em busca de bons ares e frescura no verão.
uma 'alameda' singular: de um lado a avenida da república, do outro a rua do conde almeida araújo (ao que parece também ele convertido às ideias republicanas e 'construtor' do bairro chinelo para os pobres de queluz.
o stuart morava do lado do conde, uns metros abaixo do posto da polícia, o famoso n. 44.
quando stuart morreu eu tinha 9 anos.
soube disso muito mais tarde.
coincidiu deixar de o ver com o final da minha escola e o começo de trabalhar em lisboa.
soube da sua morte quando, nas minhas idas diárias ao 'diário de lisboa' consultava as coleções do 'sempre fixe' e disse a alguém da casa: 'conheço este tipo! mora lá em queluz'. 'conhecias', responderam-me. 'já morreu'.
ficou-me a memória daquele homem de olhar vivo e pose acabada de quem se contavam infinitas histórias das 'cadelas' que passeava pelas ruas na noite de queluz.
ali era mais famoso por isso do que pelos seus desenhos.
para mim, era o autor do desenho do parque infantil.

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4 comentários:

Manuel Guedelha disse...

A recuperação da casa em que viveu Stuart Carvalhais, e a possível criação do respectivo Museu, sempre tem feito parte da visão da CDU para a Freguesia, e desde 1997 o afirma nos seus programas eleitorais, e eu, como candidato á Assembleia de Freguesia sempre procurei que este desejo fosse uma realidade.
Se quiser poderemos procurar que se consiga pressionar cada vez mais a Câmara Municipal de Sintra e Junta de Freguesia de Queluz, para que façam alguma coisa.

Manuel Guedelha

carlos disse...

o importante para mim, que estou longe do processo e não sei exactamente o 'ponto da situação', é saber de quem é a propriedade da casa neste momento; o seu custo pela autarquia; se é possivel uma classificação para que não seja substituida por um imóvel igual ao antigo 'piolho'.
idealmente deveria ser feito um acordo com as organizações não partidárias para que a força fosse mais de munícipes e menos de partidos (até porque podem existir alguns anti-corpos entre algumas organizações partidárias)...
e tentar estabelecer contactos com quem possa ter algum espólio

Cidadania Queluz disse...

A casa foi demolida esta semana:

http://queluz.org/2009/10/patrimonio-historico-da-cidade-destruido-casa-de-stuart-carvalhais-demolida/

T disse...

Sabem dar mais pormenores? Lamentamos saber isso. Cai de terra a ideia do museu!