30 de junho de 2006

Erros...

Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que pera mim bastava amor somente.


Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.


Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa [a] que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.


De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!


Luís de Camões

Bem , não posso fazer minhas as palavras do Tio Luís. Mas de erros tenho um saco cheio.

Erro profissional: queria fazer História vou para LLM...e depois viro assistente social. Por causa do Cardia, do exame de aptidão e querer ter a certeza que entrava. E entrei. E depois de ter entrado não gostei e quis uma profissão que ajudasse o mundo.
O meu pai era pouco de conselhos mas achava que eu devia tirar direito. Se calhar eu até gostava.
Será erro não ter seguido o desejo dele?
Acabei por tirar jornalismo também. E agora faço uma mistura de tudo.

Erro afectivo mas também curricular: depois de ter terminado uma relação de quinze anos ou mais, começar outra quase logo a seguir. Errado foi, mas soube bem. e já acabou também. Neste momento a diferença entre ralação e relação para mim é inexistente:)

Erro de património, ter cedido a casa ao meu ex. Mas francamente preferi não me sentir mais culpada do que já estava a sentir. E odiava a casa. Que se lixem as conveniências.

Estes são só alguns. Mas tudo correu bem afinal. Erro foi ter nascido tão tarde....
Tenho a noção que sou uma natural erradora e errante. Tanto melhor.



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