Dizem que as novelas brasileiras fazem sucesso em Portugal. Pois os caros amigos preparem-se para o que em breve lhes cairá sobre as cabeças: uma coisa chamada América, feita por aquela senhora de mente fértil chamada Glória Perez. (Digressão: li em algum lugar, faz tempo, que essa mulher foi há tempos poetisa, da geração, senão da turma, do Chacal e demais poetas marginais. Curioso destino, o dela agora.) Bem, dona Perez gosta sempre de atrelar às suas tramas a defesa de alguma causa. Desta vez, ela saiu em defesa dos deficientes físicos. Inventou um cego que, jura a minha filha, que acompanha a novela, é mais chato que testemunha de Jeová com mau-hálito. E saiu-se também, moderna, com um recurso de metalinguagem: inventou um programa que só passa nas tevês da novela, e que dá cem por cento de audiência, onde são entrevistados deficientes que se deram bem na vida. Para exemplo e escarmento dos outros.
Sexta agora eu vi um capítulo inteirinho dessa coisa, e vi o tal programinha metalingüístico. O entrevistador, rapaz boa pinta e com entonação piedosa, falava com uma moça paraplégica que conquistou cargo alto numa prefeitura qualquer. Até aí, tudo bem: paraplégicos podem administrar, pois não? Mas o curioso é que a moça elencava outro feito, esse bastante esquisito: posou nua para fotos.
Eu fiquei aqui pensando comigo. Imagine a reação de um desconhecido, no trem por exemplo, se você, querido leitor, confessasse a ele que seu hobby é colecionar fotos de paraplégicas nuas. Posso estar enganado, mas acho que, de cada vinte, dezenove se horrorizariam com você, amigo. Sua avaliação, para eles, flutuaria entre o tarado e o debilóide. Eu mesmo, confesso, acharia você um bocado esquisito.
Porém, veja: quando uma mulher tira fotos pelada, à parte a evidente questão da grana, também tem expectativa de deixar um ou dois caralhos duros por aí. Claro; senão, para quê tirariam a foto dela? Isso vale até mesmo no caso das teratológicas - porque se pressupõe que haja um mercado, mesmo pequeno, para caras que se excitam com mulher feia.
Então essa moça há de ter tirado suas fotinhos na esperança de fazer nascer espinhas e cabelos nas palmas das mãos de alguns rapazes. Fez porque daria tesão em alguém; e esse tesão, provocado por uma paraplégica, seria uma espécie de vitória pessoal dela. Algo como "Dá pra comer uma paraplégica sim, seu preconceituoso!".
Porém, quem tem tesão vendo aleijada pelada é esquisitão.
Que país louco, o meu.
Sexta agora eu vi um capítulo inteirinho dessa coisa, e vi o tal programinha metalingüístico. O entrevistador, rapaz boa pinta e com entonação piedosa, falava com uma moça paraplégica que conquistou cargo alto numa prefeitura qualquer. Até aí, tudo bem: paraplégicos podem administrar, pois não? Mas o curioso é que a moça elencava outro feito, esse bastante esquisito: posou nua para fotos.
Eu fiquei aqui pensando comigo. Imagine a reação de um desconhecido, no trem por exemplo, se você, querido leitor, confessasse a ele que seu hobby é colecionar fotos de paraplégicas nuas. Posso estar enganado, mas acho que, de cada vinte, dezenove se horrorizariam com você, amigo. Sua avaliação, para eles, flutuaria entre o tarado e o debilóide. Eu mesmo, confesso, acharia você um bocado esquisito.
Porém, veja: quando uma mulher tira fotos pelada, à parte a evidente questão da grana, também tem expectativa de deixar um ou dois caralhos duros por aí. Claro; senão, para quê tirariam a foto dela? Isso vale até mesmo no caso das teratológicas - porque se pressupõe que haja um mercado, mesmo pequeno, para caras que se excitam com mulher feia.
Então essa moça há de ter tirado suas fotinhos na esperança de fazer nascer espinhas e cabelos nas palmas das mãos de alguns rapazes. Fez porque daria tesão em alguém; e esse tesão, provocado por uma paraplégica, seria uma espécie de vitória pessoal dela. Algo como "Dá pra comer uma paraplégica sim, seu preconceituoso!".
Porém, quem tem tesão vendo aleijada pelada é esquisitão.
Que país louco, o meu.
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