Trabalhar em dia de ponte tem as vantagens inerentes à ausência de trânsito. Tem, como desvantagem, que poucos apreciam o nosso esforço, para além dos que, refastelados em chaises longues, pensam que há sempre um parvo que resiste, há sempre um parvo que diz não... enfim, não é exactamente isto, but you catch my drift.
Se eu me interessasse por futebol teria talvez motivos para um longo post sobre empates e afins. Como, francamente, nem sequer estou seguro dos resultados da Jornada, direi que o ponto alto do dia de ontem foi alagartar-me no sofá a ouvir discos de vinil. Saudosista, dirão alguns. Errado. Melómano com uma costela audiófila. Isto porque, ao contrário do que geralmente se pensa, a qualidade acústica de um bom disco de vinil, tocado num bom gira-discos (e eu sou o feliz possuidor de um Thorens da década de 80 que me foi amorosamente passado por um amigo ainda mais audiófilo do que eu) arruma para um canto todos os CDs, passados e futuros. Quem não acredita, experimente a passar, por exemplo, o Concerto de Colónia do Keith Jarrett, em simultâneo, no gira-discos e no leitor de CDs – e a saltar entre um e outro. Previno que esta experiência pode ser muito traumatizante, levando a que nunca mais se olhe para um leitor de CDs da mesma maneira.
É claro que os CDs mudaram o mundo, pela portabilidade e resistência. Mas o vinil, é outra coisa.
E ouvir o Blade Runner em vinil, ao mesmo tempo que se passa os dedos na capa e lá fora chove...
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