18 de julho de 2005

EU

Tive uma revelação.
Uma epifania.
Uma visão.
(Não, não foi uma alucinação. Tenho imensas, mas esta não foi. A sério que não. A sério mesmo!)
Percebi finalmente qual o sentido da minha vida. A minha missão. O meu destino. A minha razão de ser.

(Pequena pausa para o suspense.)

Pois eu nasci para COMER.
Atenção. Não disse "comer". Aliás, eu efectivamente dantes pensava que era isso. Que tinha nascido para sexo e nada mais. Claro que, pensando nisso, vi que não era. Quer-se de dizer. 42 anos e ainda virgem.
Duh.
Sim, meus amigos, o sentido da minha vida é comer. Morfar. Trincar. Mastigar. Degustar. Provar. Engolir. (Não, não estou a falar de sexo, pôrra!!!)
E só percebi isso quando finalmente, após anos a pensar nisso e a adiar, comecei uma dieta.
Irónico, hein?
Que eu já desconfiava, claro.
Por exemplo, muitas vezes as minhas fantasias começavam a ganhar um tom culinário, especialmente a certas horas. Via a Angelina Jolie na Net, nua e toda boa, e começava a pensar em esparguete. Encontrava uma turista boazona na Baixa, e vinha-me à mente um rico prato de batatas assadas, daquelas mesmo como eu gosto.
Um dia, num restaurante, li o menu e tive um clímax.
Porém, apesar destas dicas todas, nunca ousei enfrentar a verdade.
Até que comecei esta dieta (sei lá, já fiz mais de cem) e finalmente percebi.
Andava eu pela casa, sem saber o que fazer, e só me vêm ideias de comer. Os passos fogem-se-me para o frigorífico, para a cozinha, para o armário das bolachas, para a gaveta dos chocolates.
Aí pensei: mas que é este merda? Estou em dieta, fosga-se!
E foi então que se fez luz.
O meu default mode é comer.
No fundo, tudo o que eu faço é considerado pelo meu sistema como um programa temporário até à hora da refeição. Uma rotina insignificante que esconde o real objectivo.
E agora ando preocupadíssimo.
É que eu recebi uma herança enorme em que uma das condições era emagrecer até aos 120 quilos e manter esse peso durante pelo menos vinte anos!

Odeio a minha vida.

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