27 de abril de 2005

Para a Luz Acerca da Direita (1ª parte)

Em primeiro lugar, lamento não escrever bem castelhano e gostava sinceramente de postar em castelhano. Mas uma língua diferente não é coisa que se aprenda do dia para a noite e eu nunca na vida estudei castelhano. Em segundo lugar, o que vou aqui escrever é baseado em bons politólogos de esquerda mas! não garanto que tudo o que escreva aqui seja muito rigoroso porque já estudei estas coisas há algum tempo e a minha área não é esta.

Existem três direitas. A direita conservadora é aquela que esteve presente em Portugal durante o Estado novo e existe cada vez mais em força nos Estados Unidos da América. É uma ideologia apoiada basicamente na tradição: se um costume, uma ideia, uma instituição existe há muito tempo, então devem haver boas razões, boas no sentido ético e económico, mecânico, para que essa instituição tenha existido tanto tempo e, portanto, existem razões para a manutenção da mesma. Olhando para as tradições mais antigas e mais generalizadas no planeta, é de compreender que os conservadores reconhecam uma desigualdade nos papéis a atribuir a homens e às mulheres. É de compreender também o apego aos valores nacionalistas, familiares e cristãos. O apego à propriedade privada e à terra é importantíssimo. A instituição da herança é também importantíssima. Os conservadores reconhecem que ao longo do tempo e do espaço são os mais fortes que sobrevivem, e isto faz parte da "natureza das coisas". Aos conservadores repugnam portanto as ideias igualitárias.

A direita democrata-cristã surgiu de uma forma inteligente: para combater o comunismo e os movimentos de esquerda anti-religiosa, muitos católicos e a própria Igreja compreenderam que não bastava diabolizar os comunistas, era necessário dar respostas políticas aos novos problemas relacionados com a industrialização e com o surgimento do operariado. Era necessário também enquadrar religiosamante o welfare state. A Democracia-Cristã é assim portanto a "esquerda da direita": nunca marxista, nunca contestanto a propriedade privada, a democracia-cristã pugna por melhores condições de vida para os trabalhadores. A democracia-cristã não se incompatibiliza com o Estado Social, fornecedor de bens e serviços. É pois a direita mais à esquerda.

A direita liberal é talvez a ideologia mais antiga das ideologias europeias contemporâneas. É a única das grande ideologias que não tem representação absolutamente nenhuma no parlamento português. É a ideologia que se baseia na liberdade, para o bem e para o mal. Para o bem: que tem mérito deve colher todos os frutos do seu mérito; para o mal: quem não tem mérito não deve culpar os outros pelos seus infortúnios e deve saber suportá-los. Para haver liberdade o Estado deve abster-se ao máximo de publicar prescrições e obrigações, o Estado deve deixar os mercados funcionar livremente, o Estado deve cobrar impostos baixos para que o rendimento disponível corresponda o mais possível ao mérito económico e permita às pessoas terem liberdade de escolha. A direita liberal não é igualitarista, é meritocrata. Defende com grande veemência o mercado e defende o Estado mínimo.

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