Esta época do ano é aquela que mais desilusões produz num crente na humanidade. Toda a gente corre para um momento de felicidade que não existe. Todos os anos me escondo e todos os anos falho o objectivo de passar ao lado dos festejos. Ou porque as crianças obrigam, ou porque me falta a pachorra para resistir. E como arranjo sempre maneira de ter filhos pequenos...
Na creche da minha filha convenceram-me a escrever uma pequenino texto de saudação natalicia em nome de todos os pais. Resisti, protestei, invoquei a minha saudável condição de ateu, mas de nada me valeu.
Atirei-me ao papel, e fiz como quando defendo alguém que se diz inocente. Vesti-lhe a pele. Escrevi algo de muito simples e curto, que o talento é pouco e o tema nada aliciante.
Imaginem que depois de escrito e aplaudido vou lê-lo truncado no programa da festa natalicia. Fiquei fulo. Onde tinha escrito "criaturas", escreveram "seres", onde tinha escrito "... feliz natal, seja lá o que isso siginifique para cada um de vós", escreveram "feliz natal".
Fiz duas promessas. Nunca mais defendo arguidos que se declaram falsamente inocentes e isto inclui a merda do natal, mais o seu espirito. Nunca mais escrevo nada que não possa assinar por baixo.
Portuguesas e portugueses, quer comemorem o nascimento do palestiniano, quer comemorem a vitalidade da actividade comercial... passem bem nestes dias que eu desejo que passem a voar.
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