Se esta menina, de seu nome Luciana,
ganhar a edição 2004 do programa ídolos, Portugal é de esquerda. Se estoutra, de nome Raquel,
ganhar então Portugal é de direita.
A primeira finalista, conhecida por "Borboleta", representa o papel de menina coitadinha, sempre à beira das lágrimas, sempre quase a pedir desculpa, muito modesta com medo de fazer tudo mal e sem nunca se aperceber que até tem talento e até é capaz de ir longe. Metade da sua argumentação não se baseia no seu mérito (que tem!) mas sim no apelo a que tenham misericórdia, solidariedade e... pena (peninha) dela. O seu mérito e a sua energia, em parte, provém dos outros para ela, depende da favorabilidade condescendente dos outros.
A segunda finalista é a Pantera. É ambiciosa, egoísta, individualista. É capaz de se fazer passar por amiga (das outras) para lhes passar por cima. É capaz de seduzir (os outros) para lhes passar à frente. O que quer consegue e consegue porque quer. Os seus argumentos são os seus méritos que empurra convincentemente contra o espírito crítico exigente dos outros. Não pede desculpa por existir, antes pelo contrário: obriga a que os outros a reconheçam. O seu mérito, a sua energia parte dela própria para agrado dos outros: não precisa de absorver dos outros para lhes retribuir, ela própria é produtora do seu próprio brilho.
Borboleta é o colectivo fracassado, é quem consome a energia do todo para proveito pessoal. Pantera é o indivíduo campeão, que se contrói a si mesmo sem apoio dos outros e que ainda derramará benefícios sobre o todo.
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