Poemas Zen
Para poder caminhar através do infinito vazio,
a vaca de aço deve transpirar.
A verdade é como um tigre que tivesse muitos cornos,
ou então como uma vaca a que faltasse o rabo.
De tarde o galo anuncia a aurora,
brilha o sol vivamente à meia-noite.
As palavras não fazem o homem compreender,
é preciso fazer-se homem para entender as palavras.
Se tirares água,pensarás que as montanhas se movem;
se levantares o véu,verás a fuga das falésias.
Cantam à meia-noite os galos de madeira,
e os cães de palha ladram para o céu límpido.
Se acaso vires na rua um homem iluminado,
não o abordes com palavras,não o abordes com o silêncio.
Conduz o teu cavalo sobre o fio de uma espada,
oculta-te como puderes no meio das labaredas.
Há tantos anos vive o pássaro na gaiola
que hoje pode voar entre as nuvens.
Quando o peixe se move,turvam-se as águas;
quando o pássaro voa,uma pena.
No fundo das montanhas está guardado um tesouro
para aquele que nunca o procurar.
As colinas são azuis por elas mesmas;
por elas mesmas,brancas são as nuvens.
Sentada calmamente sem coisa alguma fazer
aparece a Primavera, e cresce a erva.
Os rochedos levantam-se no céu,
o fogo brilha no fundo da água.
Colhe flores,e as tuas vestes ficarão perfumadas;
tira água, e a lua estará nas tuas mãos.
O vento pára,as flores caem,um pássaro canta
-a montanha conserva o seu mistério.
herberto helder
Sem comentários:
Enviar um comentário