Eu achei o filme extremamente verdadeiro. Apesar de ninguém poder ter a certeza absoluta de todos os factos reais, este filme demonstra uma verosimilhança inédita, nunca antes vista em cinema quando o tema abordado é precisamente a vida de Cristo. A história é a que vem na Bíblia e parece que o Mel Gibson submeteu o argumento do filme a uma série de censuras da Igreja, para que pudesse obedecer o mais possível à realidade contada nos escritos mais antigos.
Os críticos não se mostraram muito favoráveis face à imagem de traidores atribuida aos judeus. Mas afinal quem é que julgou Jesus? Não foram os Farizeus? Quem é que exigiu a sua morte? Não foi o povo todo unido que, perante a tentativa de boa vontade de Pôncio Pilatus, ainda se revoltou e insistiu para que a pena fosse mesmo a morte por crucificação? Os judeus aparecem como traidores porque o judeu Judas o denunciou em troca de trinta dinheiros e os restantes discípulos abandonaram Cristo quando este começou a ser perseguido. Se não fossem os judeus eram outros quaisquer!
A Paixão de Cristo trata exclusivamente da história de Jesus desde o momento em que ele é preso até ao da sua morte, portanto é natural que todo esse processo nos pareça bastante violento, quase enjoativo e perturbante. Mas de que estavam à espera? De ver um homem bem vestido e incólume a transportar uma cruz de papelão e com uma côrte de militares romanos a abrirem-lhe gentilmente a passagem por entre a multidão benévola e sorridente?
Paixão é o nome dado ao percurso que Cristo tomou carregando a sua cruz até ao local da crucificação.
E tendo em conta a mentalidade primitiva da época, os hábitos, as leis, o comportamento primário do ser humano (hoje atenuado, neste mundo ocidental, pela consciência dos direitos humanos, liberdade e educação), sou levada a acreditar em todos os excessos, em toda a crueldade, em todo o misticismo e mistério presentes no filme.
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