O mundo é em geral mau por duas razões: por um lado, o mal é feito por aqueles que distinguem o bem e o mal e decidem livremente praticar o mal; por outro lado, o mal é feito por aqueles que por umas ou outras razões nem se preocupam em pensar se o que fazem é bom ou mau: não interessa a ética desde que ganhem com isso.
O sentimento ético pode motivar alguns a esforçarem-se por serem melhores e a tentarem persuadir os outros a, também, serem melhores. Porém, existem na prática sempre estes dois malditos problemas: nunca ninguém muda, nunca ninguém aceita mudar, até porque todas as pessoas já se consideram óptimas quer pela sua boa natureza quer pela sua bela experiência de vida. O outro maldito problema, que desincentiva o esforço pelo bem, é que os potenciais beneficiados do bem provavelmente se estivessem na posição de serem melhores para os outros, talvez não o fossem e, além disto, se soubessem o bem que, na sombra, alguém lhes tenta fazer, também não agradeceriam.
A juntar a isto ainda há por vezes as dificuldades e chatices que decorrem de criticar os outros com vista a melhor o bem dos terceiros que estão na dependência desses outros.
Moral da história: fazer o bem através dos outros é difícil; pode trazer prejuízos; mesmo quando se é eficaz normalmente o esforço não chega a ser reconhecido; mesmo que seja reconhecido não é agradecido; e aqueles que beneficiam talvez não se esforçassem se estivessem na posição de nos ajudar a nós. Portanto, não vale a pena ser bom para os outros e, assim sendo, resta aproveitar todos os segundos da nossa vida a pensar em nós próprios e no nosso bem-estar. Se o nosso bem-estar interferir com o bem-estar dos outros, eles que tenham paciência.
Próximo capítulo: " A Lei do Mais Forte".
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