Hoje estive de banco e, às tantas, decidi internar um doente: um velhote rijo, lá de cima da serra.
Vai ter que ficar internado… tem uma inflamação no pâncreas!
Ahhhh doutor… quantos dias?
Não sei… quatro ou cinco dias, talvez.
Aiiii doutor… e o que faço das cabras?
As cabras?
Sim, as minhas três cabras… quem lhes dá de comer?
Ora, fala com a sua mulher…
Ela? Coitada, está toda entrevada, anda de muletas… não pode.
Pode pedir aos vizinhos…
Naaa… tudo velhos, está tudo aleijado
Pois… mas você vai ter que ficar cá!
E lá ficou ele, triste, a lamuriar as suas três cabras.
Pouco depois, já tinha eu saído, telefonaram-me do hospital a propósito de uma doente alemã que amanhã vai ser repatriada de avião. Como teve uma hemorragia digestiva e anemia, deixei um pedido de 2 unidades de sangue para a viagem.
O telefonema era precisamente sobre isso e, dizia-me a técnica, que não podia ser: “o sangue não pode sair do país…”
Eu não faço a mínima ideia se há legislação sobre isso ou não, e lá lhe explicava as minhas razões do pedido, que iria acompanhada por médico e enfermeiro, etc…
Mas ela continuava na dela e insistia que não, não podia ser: “o sangue não pode sair do país…”
Tive que lhe garantir que faria a transfusão antes de partir, em solo pátrio. Mentira, claro! E tudo ficou resolvido…
Cada um tem as preocupações que merece, que é que se há-de fazer!
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