17 de setembro de 2003

Crónicas da Inês (2)

– 26 Julho 03

“Acresce que o discurso da desgraça não resiste á prova da história.” Concordo inteiramente e exagero. Desde que existe história, e até pré-história, a coisa tem vindo sempre para melhor. Sempre!
Tirando umas guerritas, uns períodos negros de grandes fomes e epidemias, meramente episódicos, de uma forma geral uma geração vive sempre melhor do que a antecede, uma centúria é sempre mil vezes melhor que a centúria prévia. Porque é que agora há-de ser diferente?
Sei que fizemos e continuamos a fazer muita merda, mas penso que isto é como uma revolução: não se faz sem mortos… a merda e os mortos fazem parte da revolução à procura de um mundo melhor. E vejo isto, a (r)evolução, como um combóio que vai devagar, por um carril imenso, no automático, sempre em frente sem parar. É impossível travá-lo. Não podemos querer travá-lo só porque não sabemos o que está lá á frente.

No fundo tudo isto tem a ver com a famosa globalização. Desde que o primeiro homo sapiens saiu do Quénia e se pôs a caminhar em direcção á europa que estamos a globalizar. Nós, míseros portuguêses, fomos nos século XV um dos aceleradores da globalização. Porque é que agora parece ser um bicho papão?

Confesso: durante anos abandalhei-me e fiquei como o burguês dos anos sessenta… li poucos livros (várias atenuantes e desculpas!). Estou em remissão. Resposta às peguntas finais: “Uma Casa na Escuridão”, "Sinais do Medo", “Equador” e “Pantaleão e as Visitadoras”. Exposições?… bem, não se pode ter tudo!

- 13 Setembro 03

"Para que serve um hino?"
Eis uma pergunta difícil, há qual hesito em reponder. Acho que serviria para exaltar a dedicação e fidelidade ao grupo, à tribo, à pátria, seria uma forma de estreitar os laços daqueles que o cantam em conjunto. Acho que foi uma ideia idealistico-romântica (do século XVIII/XIX) que veio substituir ao antigos cânticos e urros guerreiros.
Acho que esta noção de hino se perde lentamente, se torna um pouco anacrónica nos tempos que correm, especiamente em pequenos paises europeus e periféricos, em pleno processo de eurização. Dir-se-ia que será um consequência inevitável da globalização mas não tem que ser necessariamente assim: os americanos cantam o seu hino com fervor e mão no peito!
E a letra?… essa de facto é anacrónica! Deviamos cantar mais a pátria amada, como os brasileiros, que bradar marchas contra canhões. Mas mudar a letra de um hino acho demais, sinceramente… nesse caso faça-se um outro!
Uma ideia: que se abolisse simplesmente a letra e passariamos a ser como os espanhóis que apenas trauteiam um hino sem letra.

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