31 de dezembro de 2013

Quentinho

Desejam um feliz ano novo, os gatos cá de casa. Só um bocadinho, falta uma.

Minha Querida Filha

E um outro postal, este tão triste, de há 100 anos atrás. Uma mãe que se despede da filha, crê já não estar viva no próximo ano e oferece-lhe umas meias para estrear no Dia de Reis. Talvez não tenha acontecido como o previsto, mas o postal foi religiosamente guardado pela filha. Talvez. Fica aqui a memória de Carolina Reis, com muito afecto.

Havemos de viver sempre até velhinhos...

Amorzinho diz alguém num postal. o mais anos 60 possível. "Gosto muito do que me dizes, gosto muito do que me fazes..." Assim escrevia alguém em 1967. Talvez uma Teté.

26 de dezembro de 2013

Amor Ditoso

Outro postal de amor:
"Acredita-me, amo-te mais do que à minha vida, és o meu único amor. Até hoje ainda não amei mulher alguma como te amo a ti. Até domingo a oito dias, sim? Envio-te milhões de beijos, teu e sempre teu António, em 2 de Maio de 1917.

Famílias

Uma família feliz,no ano de 1974, em que o mais pequeno, descrito como "um pequeno furacão", mostra num álbum a fotografia da mãe. É fácil reconhecê-la e bom lembrá-la, excelente profissional e ser humano que foi.
 O pequenino, assim como o irmão descrito como "muito sossegado", também serão fáceis de identificar

25 de dezembro de 2013

Cruzamentos

4 figuras essenciais da cultura portuguesa fotografados pela revista Gente em 1975. Identificais?

Cruzeiro Seixas. Mário-Henrique Leiria, Natália Correia e Mário Cesariny<

Quarteto

Ao folhear uma revista dos anos 70 e a tropeçar neste anúncio, deu-me uma nostalgia tremenda do Quarteto, da sensação que sentia do saltitar entre salas, a sessão da meia noite, a escolha do filme,a estreia do Cabaret do Fosse, os ciclos, o café no bar, o intervalo e ver quem eram os outros espectadores. Saudades

Reconheceis?

A imagem retrata um interessante grupo que se reuniu em 1978 à volta de um projecto. Qual era ele e quais os interveniente?
Kilas o Mau da Fita.



O fascínio por capas

As belas capas do Magazine Civilização...


Amigo devotado

Era a segunda parte de uma mensagem dum hábil prosador,detentor de  uma bela caligrafia, estranhando um prolongado silêncio de alguém
 "Acaso as minhas palavras a teriam molestado? Neste caso, terrível interpretação você lhes deu..."
Muito gostaria eu de ler a primeira parte , ou seja o primeiro postal enviado do Porto, reinava o ano de 1944. Se alguém conseguir decifrar a assinatura do amigo devotado. agradeço.


24 de dezembro de 2013

Meu doce Augusto

Mais postais de namoro...
" Meu doce Augusto, muitas e muitas saudades, na segunda-feira de regresso a casa vi este postalzinho com dois anjinhos, que achei muito lindo e comprei para te enviar, visto tu gostares muito de criancinhas. Nós quando casarmos, havemos de ter dois assim, para a nossa felicidades ficar completa, não é verdade? Envio-te mil beijinhos e mil meiguices, da tua.... e amiguinha Catarina.

23 de dezembro de 2013

Estamos aqui para vos dizer...

Época para estarmos felizes e tranquilos, junto àqueles que amamos. Festas boas, quentes e partilhadas é o que vos desejo:) Eu e a Mabel Louise Attwell, claro:)


21 de dezembro de 2013

"Queridinha"

Escolhi vários postais, numa loja de coleccionismo. E a escolha foi baseada nos textos escritos, para grande espanto da vendedora. Neste postal, a "queridinha Celestina" era saudada com um até amanhã e um milhão de saudades, num discurso alusivo ao tempo cheio de subentendidos. "Pensas sempre em mim?". Assim era há muitos e muitos anos atrás. E assim continuará a ser, mesmo que já não se escrevem postais deste tipo.

20 de dezembro de 2013

Momentos melhores


Tempos houve em que por aqui, na presente ´época, deixávamos inúmeras referências à quadra festiva que se avizinha. Pensando que Natal pode ter diversos sentidos , despertou a atenção a imagem retirada de uma rede social, do mural de uma amiga dos tempos de escola e que, há alguns anos, vive noutro continente. Natal tem diversos significados: para alguns, desde que haja emprego , temporada de curtas férias que, quando possível ,se reservam para a época; para outros, surgem ainda mais nítidas as agruras dos tempos. Tentando  recorrer a textos de síntese , ficam votos de momentos melhores para todos e, para quem se inscrever na situação, bom e merecido descanso, após a azáfama que, apesar da crise, se faz sentir no trânsito e nos locais onde se entra, a fim de se comprar o que vai fazendo falta no quotidiano. Que, para todos, venham momentos melhores.

19 de dezembro de 2013

Recado pra Manoel

Manoel de Barros.
Foto: Alexis Prappas
Quando eu nasci, minha avó me queria Bernardo.
Meu Bernardo não vingou, a não ser no querer de minha avó.
Virei Inorbel, depois, Nuca, depois Maranhão. Por fim, transformei todos eles
eu um só, justo o que sou hoje.

Bem mais tarde, conheci Manoel de Barros e descobri que o seu alterego se chamava Bernardo. Um dia, Manoel me apresentou o seu Bernardo e eu, emocionado, enxerguei a imagem de um menino correndo solto, na beira de um rio que lambia o fim da tarde. 

Nesse dia, tive a impressão de ver minha avó sorrir, de braços dados com o acaso. 
Foi quando a inutilidade bela do mundo de Manuel invadiu minha alma.

Pra sempre. 

(Recado escrito para Manoel de Barros, a pedido de Rodrigo Teixeira e publicado no Jornal O Estado MS, edição desta quinta-feira, 19.12.2013, dia em que o poeta completa 97 anos de poesia.)

18 de dezembro de 2013

Dona Olívia dos Anjos

Gosto de postais antigos, que contam histórias e que me surgem inesperadamente.. Esta  encantou-me pelo verso e pelo reverso.
"Lisboa, Março de 1937
Olívia querida, recebi o teu bilhete de parabéns que muito agradeço, e que me fez nascer uma nova  esperança na minha pobre e  já martirizada alma, pois vejo que não esqueceste o meu dia de aniversário (que bem triste foi, por sinal).
Beijo-te as mãos como prova de reconhecido agradecimento,o que não deixará nunca de te amar, o teu...."
Será que veio a ser feliz com a Olívia? Julgo que sim, de tão estimado que está. Cheira a amor cumprido. Outros postais há que não transmitem felicidade. Deles vos contarei noutra altura.


16 de dezembro de 2013

Os rios começam a dormir

Manhã de segunda sob o prisma de Manoel de Barros.


Rios começam a dormir, pela orla. 
Um dom de entardecer percorre as águas.
Nas entranhas dessas lagoas
os sapos tocam violas
a quinze metros do arco-iris 
o sol é cheiroso
A ciência ainda não pode 
provar o contrário.

Manoel e Márcio
Manhã de segunda sob o prisma de Manoel de Barros e com os timbres de Márcio de Camillo, no CD Crianceiras.

15 de dezembro de 2013



O célebre e famigerado "nó de Alverca", no princípio dos anos 60.
Seria possível tirar esta fotografia, hoje?
Certamente que não.
Nem um automóvel....

14 de dezembro de 2013

Uma cara itinerária de Portugal

Outra preciosidade descoberta pelo M. Esta carta itinerária  de Portugal de 1926. Os mapas estão colados em tela. De vez em quando espirro, mas estou deliciada.






Uma lista de livros e discos

Hoje à volta de uma banca na feira da Ladra, o Miguel diz-me: Olha como devias ser, assim organizada. E eu olhei e vi este caderno de registo. Em adolescente já tive um parecido, mas isso o Miguel não sabe...Entretanto este precioso caderninho, irá para junto de outros deste tipo, que vou coleccionando. E imagino o seu autor a partir das obras que descreve. E sei-o outro apaixonado por Lisboa, pelos livros anotados. 






10 de dezembro de 2013

O que espeta


Estava a ler uma notícia sobre uma sala de cinema que reabriu com um novo conceito e leio, na descrição, 202 espetadores.  Pensei eu, atordoada de informação tecnológica sobre dolby e quejandos: que máquinas serão essas?

8 de dezembro de 2013

Dezembro é o mais cruel dos meses *


“Dezembro é o mais cruel dos meses”, ouso afirmar, subvertendo os versos de abertura do fantástico poema The Waste Land. A claridade de cada manhã de sol no presente mês, ilude sempre que, quase sem gradações, cai a opacidade da noite. Tomando a luz enquanto metáfora do conhecimento (tarefa inglória por em construção permanente se encontrar o mesmo ao longo da/s vida/s) fico a pensar que conhecer , no limitado entendimento pessoal, não será o enciclopedismo iluminista (embora a corrente o possa, em parte, explicar). Observando cada dia que, num ápice, se extingue, valorizo o momento, como o ritual das gaivotas , junto à praia, pousadas no telhado da capela, nos minutos a anteceder um ensaio de cânticos natalícios. A terminar a leitura de A sombra do vento, romance desenrolado numa Barcelona do pós guerra, passo, por diversas vezes, pela referência à basílica de Santa Maria do Mar, na sua grandeza gótica. Admiradora assumida de todo um imaginário que , ao longo dos tempos, fui associando à Idade Média, viajo na velocidade do tempo e olho, por momentos, a branca capela de Santa Marta , também ela fronteira ao espelho marítimo e, fascinada pelas gaivotas que compõem o cenário cortado por um trago fresco de maresia, retenho a nitidez da imagem esquecendo, num instantâneo, o repentino cair da noite que, momentos depois, irá acontecer.

* adaptação livre do verso de abertura do poema The Waste Land de T.S. Eliot

7 de dezembro de 2013

Criar a reciclar



Num passeiozinho pela Guerra Junqueiro, percorremos a feira de artesanato e velharias que se estendia pela Praça de Londres. Encantei-me com esta taça e a obra desta artesã, que só faz o que lhe dá prazer e recicla todo o tipo de materiais. A taça ex vinil da Dona Summer  veio connosco para casa. 6 euros.O porta-chaves também é um mimo. Adicione-se 3 euros. 
Ora espreitem a obra da Suricatta.:
https://www.facebook.com/suricattaartesanato?fref=ts

6 de dezembro de 2013

Lisboa sob o sol de outono


A surpresa da saída. De um espaço interior, frio, abro a porta para a cidade. Calor de aconchego que traz para a rua, sem pressas, moradores junto aos caixotes de fruta, dispostos ao longo do passeio; alguns conversam em bancos de jardim, relegando relógios a uma inutilidade absoluta.

 

Decido regressar a pé, caminhada de uma hora, para saborear a temperatura amena (já que – pasme-se – é o tempo de espera para o autocarro). A luminosidade da tarde, ouro líquido, apazigua. Consegue-se viver a sensação (não pensamento) do sol de outono. A tarefa menos conseguida é cessar ideias, ao olhar as árvores, testemunhas imperturbáveis dos tempos. É apaziguadora a forma como elas mudam a coloração das folhas, como as deixam cair, despojadas e, meses mais tarde, se deixam visitar por pássaros que quase nascem dos seus ramos, prolongando-os, como um dia escreveu o poeta.




Ouro líquido – penso – cessando em consciência posteriores associações.

O meu querido amigo Maranhão

Há pessoas de que sabemos a genuinidade da amizade e que têm o condão de nos surpreender e emocionar. É o caso do Maranhão Viegas, escritor cá da casa residente do outro lado do mar. Hoje fez-me chegar um saco com presentes, entregues por duas pessoas fabulosas.  Esta é a prova da entrega na Versailles. Estamos todos contentes, pois estamos. E estou de olhos fechados, pois estou:)

Matar por amor e morrer pela honra




Em 1870 a vida pacata lisboeta foi interrompida por um crime. E o criminoso era da alta sociedade, amigo íntimo de Camilo Castelo Branco e de Ramalho Ortigão, intelectual e político de renome. José Cardoso Vieira de Castro tinha morto sua mulher Claudina Adelaide Vieira de Guimarães, "por meio do uso do cloróformio"
A causa? Adultério segundo o réu, que se declarou logo culpado. Claudina, uma rica herdeira brasileira de 23 anos, tomara-se de amores por um sobrinho de Almeida Garrett e o marido descobrira.
Dessa causa resultou o degredo por dez anos em Angola para o réu: morreu antes de cumprir a sua pena, por doença "fulminante".
Camilo nunca o esqueceu. Para muitos foi considerado um heróis por ter vingado a sua honra manchada pelo adultério. Era uma época em que tudo era justificável pela boa reputação.A pobre Claudina não teve muita sorte: esta foi a carta para o amante, que o marido a apanhou a escrever na véspera da sua morte.





Todas as cartas de amor são Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.(...)
Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.

Álvaro de Campos

Desenho de Rafael Bordalo Pinheiro

4 de dezembro de 2013

Pequeno manual do sorriso

Foto: Marcos Guimarães
1) Pássaro na janela em dia de chuva. Gotas no vidro. Plantas felizes, poça d’água, reflexo do céu no chão. Um impulso e o banho de chuva deixa de ser desejo. A água no corpo, o corpo solto no ar, um ar de criancice. Sorriso certo.

Foto: Andrea P. Silva
2) Os domingos primaveris exigem algum campo e flor colorida. Janelas abertas pro quintal. Vento nas folhas do flamboyant, cheiro de comida caseira. Menino de bicicleta, menina apanhando fruta no pé. Manso, o rio corre pro mar. Há que se sorrir, então.

Foto: Andres Alem
3) Caminho na volta da escola. Mar de estudantes em seus uniformes azuis e brancos. Casas, portas e janelas. Um rádio ligado. Uma canção. Um fiozinho de melancolia no peito. Vó na varanda. O almoço à espera. Um sorriso de canto de boca.

Foto: Divulgação
4) No cinema, o sinal. O filme vai começar. As luzes vão morrendo devagar. O coração acelera. A mão dela procura a dele. A tela se acende. Imensa, cheia, infinita. Uma história de amor toma conta das horas. A mão dela na dele. O olhar dele no dela. Dividem em silêncio um sorriso de confissão.


5) A um minuto do fim do jogo, a bola viaja para a pequena área. O goleiro, o zagueiro, o centro-avante, tudo lá e o tempo passando. Um movimento ligeiro, um chute mais que certeiro, a ponte e a bola nas mãos do goleiro. O apito final. A torcida explode. E dele escapa um sorriso: É campeão!