Poema para Galileu
29 de fevereiro de 2012
Poema para Galileu
Poema para Galileu
28 de fevereiro de 2012
Lembrete
"No jornal desta semana encontrei um artigo muito interessante que me levou a um blog genial e me fez pensar no Dias e em si. Acho que vai gostar, pelo 'vintage' e pelo 'humor'...
http://bad-postcards.tumblr.
Divirtam-se:)
Espírito empreendedor...
Ao longo da semana, os carros no parque de estacionamento pago por avença pelos utentes do comboio suburbano, são brindados com folhetos diversificados (e repetidos ): prometem-nos um sorriso de artista em Cannes, compram-nos alguma pulseira ou fio de ouro legado pelos antepassados (pensa-se em trasações sérias) , oferecem-se para ficar com carros mais antigos, mesmo com mossas, cortam-nos o cabelo a preço imbatível, e até nos curam maleitas de corpo e de espírito…
Sabemos que as coisas não estão fáceis, até há quem confidencie que – em nome de dos últimos resquícios de sanidade mental - já tenha deixado de assistir aos noticiários, sobretudo quando, em diferentes canais, surgem credenciados economistas com opiniões antagónicas e igualmente seguros das afirmações proferidas , o que faz andar à roda qualquer cabeça outrora bem assente sobre a cervical, sobretudo após se ter de de tomar decisões complicadas, e viajar em transportes públicos mais cheios do que um ovo, não por defesa ferrenha do ambiente, mas para não ver os «aéreos» a fazerem jus à designação, tarefa ciclópica neste admirável mundo novo.
A moda do século parece centrar-se no apelo ao espírito empreendedor. Olhando um dos últimos folhetos deixados no pára-brisas, fica-se a pensar «é a vidinha… mas não será que o ímpeto de sobrevivência começa a raiar o surrealismo?».
27 de fevereiro de 2012
25 de fevereiro de 2012
De Cesário a Cesariny
(tela: David Hockney)
Lembrar Cesário na data do seu nascimento, é igualmente lembrar os que lhe prestaram homenagem. Poeta das cidades movimentadas foi ainda , na esteira de jograis e trovadores perdida nas origens, observador da beleza humana realçada por cenário campestre. Na fuga à tentação de não repetir por aqui o seu poema «De tarde» deixa-se um outro, mais recente, o olhar de outro sujeito poético de nome algo parecido com o do homenageado. Até na vida prática, Cesário viu «mais além», tendo sido um precursor na apresentação das peças de fruta que seu pai comercializava: o poeta lembrou-se de as limpar e polir com óleo , peça a peça, a fim de as tornar mais apelativas aos compradores, colocando a estética ao serviço do pragmatismo.
homenagem a cesário verde
Aos pés do burro que olhava para o mar
depois do bolo-rei comeram-se sardinhas
com as sardinhas um pouco de goiabada
e depois do pudim, para um último cigarro
um feijão branco em sangue e rolas cozidas
Pouco depois cada qual procurou
com cada um o poente que convinha.
Chegou a noite e foram todos para casa ler Cesário Verde
que ainda há passeios ainda há poetas cá no país!
Mário Cesariny
uma questão de fé
Como numa orquestra sem dissonâncias
A infância é um lugar revisitado. Em busca da idade da inocência, em fotografias a preto e branco, as marcas do passado enquanto convite à divagação - o fotógrafo captava os fotografados com o rigor de um maestro em regência de uma orquestra síncrona, sem permissão para dissonâncias. Pensamento recorrente ao olhar a fotografada que, decerto, reconhecerão.
24 de fevereiro de 2012
23 de fevereiro de 2012
está tudo bêbado???
a minha primeira vez... a cozer lampreia
22 de fevereiro de 2012
21 de fevereiro de 2012
Tubarão!
o mês da lampreia e o foral novo manuelino de barcelos
continuando a saga do delicioso diclóstomo pelos anos de quinhentos, encontramos no foral novo manuelino de barcelos, de 1515 uma detalhada regulamentação da pesca, comercialização e taxação da lampreia.
alguns dados interessantes da distribuição do produto pescado (3 partes para o senhor do lugar e 1 parte para os pescadores) que ainda eram observados em muitas zonas do país em 1974 na terras agrícolas, bem como o facto de a ‘legislação aplicável à lampreia apenas ser válida entre janeiro e a páscoa (no resto no ano era inútil andar à pesca dela) . e o senhor da terra ser literalmente o senhor da terra (e do rio..)
os títulos são do foral, sendo que estão colocados na margem do bloco de texto e não por cima como aqui tive que fazer.
Estacada
E declaramos que a estacada que se costuma de poee ou lançar no dito rio pollo senhorio se nan há de lançar per outras pessoas outras pessoas (repete do original) nem em outro nome na qual se há de teer a maneyra seguynte segundo fomos certo per imquiryçam que sobre ysso mandamos tirar. Convem a saber; a dita estacada se poera no mês de Janeyro quando ho ryo pêra ysso deer lugar e durara atee Pascoa de Ressureyçam em qualquer tempo que vyer. E amte do dito mees de Janeyro ou passada a Pascoa pescaram quaaesquer pescadores e muitas outras pessoas no ditto ryo sem nhûa penna.
As lampreae posto que a estacada estevese posta passado o qual tempo mandamos que nan dure mais a dita estacada. A qual ham de poer os pescadores que nella ouverem de pescar pêra a qual porem o senhorio que for dos ditos direitos reaes será obrigado de daar e dará a madeyra e estacas e malhos com que se fez tancha. E assy os candieyros e cortiça e lenha que lhes comprirem pêra allumyar de noute a dita pescarya e se aquentarem. E os ditos pescadores somemte sam e seram obrigados de poerem ho barco e redes e pescarem na dita estacada.
Lamprea
E de todallas lampreae que pescarem na dita maneyra levará o senhorio as três partes e os ditos pescadores hüua, nas quaes três partes emtram as dizymas nova e velha e qualquer outro direito ou tributo real a que as ditas lampreae podessem ser obrigadas. E passado o dito tempo da Pascoa ou ante o dito mees de Janeyro nem se pagara nhuum direito das ditas lampreas em qualquer maneyra que sejam tomadas.
E decraramos que qualquer yrez ou sollo que se tomar ou ballea que morrer na costa he em solydo do senhor da terra e os pescadores nam levam delle nada.
E dês que o pescado foor dizymado os pescadores o poderam levar por mar e per terra sem delle pagarem outra dizyma nem portagem. E as outras pessoas que ho comprarem pagaram delle o real por carga mayor e das outras a esse respeito se for por terra e se for per maar pagaram o que sempre pagaram atee ora pescadoresm outra emnovaçam.
E as ditas duas dizymas se pagaram de qualquer pescado que pescadores tomarem atee Barcellos com barca e rede. E nam ho tiraram em terra sem primeyro ho manifestarem aos oficiaaes dos ditos direitos. E porque atee ora nom ouve lugar certo onde os ditos pescadores devessem de sayr decraramos que seja nos lugares mais convenientes que parecer aos pescadores e aos oficiaaes dos ditos direitos.
20 de fevereiro de 2012
Posta em sossego
Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus formosos olhos nunca enxutos,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
Os Lusíadas, Canto III
Onde se encontra a «linda Inês» aqui representada? Conseguirão localizar este painel?
19 de fevereiro de 2012
18 de fevereiro de 2012
O artesão
Os gatos de Hemingway
A casa onde viveu Ernest Hemingway , em Key West, na Flórida, é habitada por uma colónia de gatos. Mas não são gatos comuns — são gatos com seis dedos.
Um dos maiores escritores do século XX herdou dos marinheiros a paixão por gatos polidáctilos. Bichanos com dedos extra eram considerados animais de boa sorte no mar, graças às suas habilidades superiores, a bordo, na caça de roedores.
Quando o autor de O Velho e o Mar foi presenteado com um gato de seis dedos por um capitão de navio, incluiu os descendentes do felino hexadáctilo no testamento. Hoje existem cerca de 60 gatos na casa do escritor — e quase metade destes animais tem a referida característica.
Fonte do texto: hypercubic ; Imagem: recebida por correio eletrónico sem referência à fonte.
17 de fevereiro de 2012
Preços moderados
16 de fevereiro de 2012
A arte de viajar no quotidiano
É difícil apreciar correrias automobilísticas (quem respeita os limites de velocidade, que ponha o dedo no ar). Pelo exposto, torna-se quase que terapêutico – diria - utilizar o comboio, sentada e ler sem regras e em diversidade (o que é incompatível com a condução). Assim acaba a leitura da obra cuja passagem se transcreve. Ao terminar o parágrafo, descobre-se, pela primeira vez em anos, as hortas ("prósperas", como diria o meu pai sempre a referir-se à arte hortícola) que se avistam da janela, ao longo do «empolgante» IC19… Poderiam , os pequenos arranjos agrícolas, dar uma boa fotografia. Na impossibilidade, fica uma imagem de outras paisagens verdes, a enquadrar-se no trecho desta obra que alia a viagem a interessantes reflexões sobre escrita, pintura e filosofia, associadas aos locais visitados pelo autor. E não se pense que as observações dizem respeito a grandes viagens em exclusivo...
«Há sempre no mundo mais coisas do que as que podem ver os homens, ainda que caminhem muito devagar; não as verão melhor por andarem mais depressa. As coisas realmente preciosas são uma questão de pensamento e de visão, não de velocidade. Uma bala não passa a ser boa por ser rápida, e o ritmo lento não diminuirá um homem, que seja realmente um homem, uma vez que a glória deste não está no seu andar, mas no seu ser».
Alain de Botton, A arte de viajar
Imagem: Abadia de Kylemore, Irlanda
Casa fundada em 1870
A criada
Inocência
14 de fevereiro de 2012
Enigma
custa assim tanto fazer bem à primeira??
passados alguns anos, a nobre junta de freguesia resolveu fazer mais uma obra no mesmíssimo local (para sermos exactos, a uns 10 metros da rampa aqui falada) e, aprendendo com o erro anterior, não lhe colocou nenhum candeeiro na ponta.
mas como aquelas mentes só aprendem uma coisa de cada vez, esqueceram-se de utilizar um pouco do cimento que lhes sobrou para fazer um remate biselado no lambril do passeio, para permitir que quem usa cadeira de rodas não tenha que fazer uma manobra tão desnecessária como difícil.
custa assim tanto fazer bem à primeira?
ok, custa!
mas à segunda???? continua a custar tanto?
Esperando
Cartier Bresson, SOVIET UNION. Russia. Leningrad. 1954. In front of grocer's shop.
13 de fevereiro de 2012
Sinopse carnavalesca (de dois dias)
Em antevisão de um carnaval tímido cá pelo burgo, invadem-nos fortes suspeitas de que a quadra ainda irá dar alguns metros de prosa nos jornais e outros tantos de diálogo mais ou menos monologado por transportes públicos ou ao balcão do café. A propósito da época (com ou sem tolerância de ponto), ficamos a pensar – com todo o direito ao contraditório – que, excetuando a tradição transmontana dos caretos e os festejos em localidades conhecidas, o que caracteriza as nossas gentes (conceito algo diluído pela globalização, S. Valentim, dia das bruxas & etc.), se prende com o gosto por tradições como o caldo verde acompanhado de broa de milho ou o verde tinto bebido na velha malga de louça rústica e estalada (pensando nos antepassados)… Ah! E as janeiras que, injustamente, quase caíam no esquecimento, isto para não falar no belíssimo ensopado de borrego (embora também se defenda a raia alhada da zona de Faro, forma magistral de cozinhar um dos mais fantásticos peixes de mar)… Bom, a divagação gastronómica encontra explicação na proximidade da hora de jantar e vai ser de imediato travada… Cada um guardará, decerto, para si ou com os respetivos botões (caso os usem, excluem-se da afirmação os Amish que os abolem por convicção) suas tradições que, segundo alguns especialistas na matéria, nem sempre serão tão ancestrais quanto as cremos (vide Noam Chomsky). Pelas redondezas, abrem na presente época pequenos comércios de aluguer de fantasias infantis, deixadas à porta para atrair a clientela. A imaginação ainda não floresceu, continuando-se a repetir os clássicos da Disney ou a banda desenhada dos super heróis.