21 de junho de 2005

Direito de opinião

Bom, uma vez que já tratei - ou mandei tratar - do(a) Sassi, como a chefinha mandou, posso dedicar-me aos assuntos sérios.

A adopção de crianças por casais homossexuais e a direita retrógrada

Como certamente estarão a imaginar, não sou a favor. Não quero dizer contra, pois isso dá uma conotação de lutar contra algo ou alguém. Não luto contra nada, apenas quero manifestar a minha opinião: não sou a favor! E porquê?

Quer queiramos ou não, a evolução da espécie humana está associada à evolução do modelo de organização familiar. Quase todos os passos evolutivos do homem se acompanharam por mudanças da organização familiar, sempre baseada na interacção entre macho/fêmea. Essa relação evolutiva é tão íntima que actualmente ainda está por perceber o que é que originou o quê: se foi a evolução da espécie que condicionou a organização familiar, se foi a evolução da família que permitiu a evolução da espécie.

E desta forma, desembocámos no século XX com a família nuclear que conhecemos: uma mulher, um homem e alguns filhos. E desta forma, chegámos ao século XX, capazes de alcançar novas formas de comunicação e interacção, capazes de descobrir e aceitar novas formas de relacionamento e sexualidade, capazes de questionar e por em causa tudo o que conhecemos do passado, e capazes de procurar e lutar por novos conceitos de ética e moral.

Só que nem todas as novas opções de uma sociedade são boas ou correctas. Um novo conceito ou uma nova corrente de pensamento não é boa só porque é nova. No momento presente dessa novo conceito, ou maneira de actuar, não podemos julgar da sua bondade ou adequação, só por que nos parece justo e razoável para determinados grupos sociais. De exemplos destes está a história cheia… e posso lembrar um, bem actual: a proibição do aborto surgiu nos finais do século XIX, enquadrado e acompanhado por uma série de mudanças de princípios relacionados com os direitos do homem, que hoje ninguém contesta – a proibição da escravatura, a extinção da pena de morte. Passado 100 anos, a proibição do aborto é contestada e revogada, em face das novas formas de vivência da sexualidade humana. Qual é a opção mais justa: a de há 100 anos, a actual, as duas, nenhuma delas…?

Dito isto, o casamento e a adopção de crianças por casais homossexuais parece uma medida justa e razoável, que vem ao encontro das aspirações de grupos importantes da nossa sociedade. Mas face ao modelo de organização familiar, associado ao desenvolvimento da espécie, a opção parece desadequeda e pouco razoável. Então em que ficamos? É um bom caminho…? É mau…? Simplesmente não o podemos saber, só daqui a a muitos anos os nossos filhos ou netos o saberão.

Para finalizar… não me deixa de surpreender que, quem tanto se bate pelo direito à diferença, lute tanto por fazer igual. E não me parece uma luta pelos mesmos direitos… antes me parece um desejo de copiar e de esquecer… a diferença.

O direito à greve e os direitos adquiridos

Em minha opinião, a greve é uma forma de luta arcaica, um resquício do século XIX.
Nesse século, a greve como forma de luta teve a sua géneses na natural oposição de interesses entre um patrão e os seus trabalhadores. O "combate" era leal e linear: se os trabalhadores sentiam que os seus interesses ou direitos não estavam a ser tido em conta, entravam em greve – por períodos longos e indeterminados - e ganhava o mais forte, ou que aguentava mais tempo as perdas que a greve lhe causava (salários vs lucros)
Neste século, uma greve – especialmente nos sectores de serviços do Estado – não tem nenhum destes componenetes. O patrão/Estado não perde "nada", os trabalhadores perdem umas migalhas por dois ou três dias de greve e são os utentes desses serviços que sofrem os efeitos da greve. A pressão sobre a entidade patronal é feita de forma indirecta, por intermédio de terceira pessoa. O "combate" não é linear, nem leal.

Em minha opinião, a actual greve dos professores, marcada para os dias dos exames do 9º e 12º anos, é soez e iníqua! Direito adquiridos...? Uma porra!

PP: Falou uma voz da direita. Pronto, podem-me chamar retrógrado!

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