A amizade, o vinho, o tempo
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Velhos amigos, boas histórias. |
Pelo menos uma vez por mês, uma turma de amigos se reúne em torno de uma mesa, para lembrar o passado, planejar o futuro e se deliciar com o presente. São velhos amigos que tem muito em comum e que nunca perdem a oportunidade de traduzir o amor por Brasília em uma declaração de amor à vida. O vértice desses encontros é o
Silvestre Gorgulho.
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Com Silvestre, tomando lições sobre Brasília. |
Silvestre é um apaixonado incorrigível. E no rastro da paixão dele, que tem Brasília como eixo, se alinham
Carlos Magalhães da Silveira,
Paulo Castelo Branco,
Waltercy Santos,
Tadeu Filippelli,
Cláudio Gontijo,
Antônio Bigonha,
Denise Rottemburg, entre outros. Um time seleto.
De vez em quando, tenho a honra de poder sentar à mesa com eles. Encontros que viram aula de história, sem o quadradismo comum às salas de escola. É história viva. Contada entre risos soltos, comida deliciosa e bons vinhos.
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O humor adolescente do Cel. Affonso Heliodoro. |
Num desses encontros, tive ao alcance das mãos a lucidez provocante do coronel
Affonso Heliodoro, perto de completar 98 anos de idade. Esse mineiro de Diamantina, protagonista da criação de Brasília, tornou-se parte indiscutível da história da Nova Capital do Brasil.
De encontro em encontro, Silvestre vai inventando um jeito da gente nunca esquecer Brasília.
As fotos desse encontro foram feitas por Ronaldo Ferreira.
Duas Torre, um outro horizonte
Dia atrás,
Orlando Brito, um dos mais respeitados profissionais do fotojornalismo brasileiro, publicou duas imagens da
Torre de TV, na página
"Memórias de Brasília", criada por
Silvestre Gorgulho para que a memória desta cidade não se perca assim tão fácil.
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A Torre de TV, em dois tempos,
sob o olhar cuidadoso de Orlando Brito. |
Uma das fotos de Orlando, registrava um inusitado flagrante de uma prova de hipismo na base daquele monumento. O horizonte praticamente vazio ao redor. O próprio Orlando explica:
"No começo dos anos 70, a cidade completava dez anos de existência. Promover eventos culturais e esportivos ao pé da Torre era uma das principais estratégias de entretenimento, em Brasília".
Na outra foto, produzida por ele, agora, do mesmo local de onde tirou a primeira, vê-se claramente o registro da passagem de quatro décadas. Entre uma e outra, além da força do tempo, os efeitos da modernidade. Ao invés de provas de hipismo, carros, escadas rolantes, bicicletas e telefones celulares.
Olhando pra essas fotos e lendo o texto do Orlando, em que ele também fala da
Torre Digital, lembrei-me de buscar os registros da construção da outra torre, a última grande obra de
Oscar Niemeyer em Brasília.
A
"Flor do Cerrado" que ficou deslumbrante depois de pronta, já era linda e desafiadora, enquanto estava construção. Estive lá várias vezes, enquanto operários e máquinas a erguiam. Muitas dessas visitas, acompanhado pelo Silvestre.
Em todas, ficava extasiado com a imagem lá do alto. Em uma dessas idas, tomei um susto com a minha imagem refletida nas peças de vidro que depois comporiam as pétalas arredondadas da "Flor".
Impossível não imaginar: O que será daquele horizonte, daqui a quarenta anos?
O carro, a menina, a copa de 70
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Dora, 1970, em dia de comemoração:
A Variant em Brasília e o Brasil campeão, no México. |
Naquele dia, a seleção brasileira de futebol acabara de sagrar-se campeã, no México.
Pelé,
Rivelino,
Tostão e companhia ainda não tinham saído do estádio, quando as ruas de Brasília se enfeitaram de verde e amarelo e se encheram de alegria e gente, na medida do que era possível preencher aquela imensidão de espaço.
Fazia três anos que o bancário
Ernani Amaral Prado, havia desembarcado por aqui. Funcionário do Banco Mercantil, ele morava com a família na altura da 707, na W3 Sul. Uma de suas filhas,
Dora Prado, tinha sete anos, estudava no Elefante Branco e se emocionava, cada vez que o pai passava, veloz, com a sua
Variant, por baixo das tesourinhas.
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Dora Prado |
Dora é jornalista, vive hoje em Belo Horizonte e, mesmo de longe, diz que ainda se emociona toda vez que enxerga as linhas de Brasília.