
Quando for grande quero ser como o Lenny Kravitz.
Confesso ter acreditado que a Chris se iria embora assim que chegassem os dias frios. A minha casa, um terceiro andar em Mem Martins, tem as mesmas condições da maioria dos apartamentos do país, isto é, nenhumas, para resistir a baixas ou a altas temperaturas exteriores e fica-se na dúvida se nesses dias não se estará melhor na rua. Claro que não é um problema apenas das habitações. Basta pensar na premiada Gare do Oriente onde, de certeza, ninguém pensou uma vez que fosse que se destinava a pessoas.
Apesar do protocolo de Quioto a Chris está-se nas tintas para as emissões de CO2 e mantém os aquecedores ligados vinte e quatro horas por dia atirando, com a maior das calmas, o meu dinheiro para a rua através da paredes mal isoladas.
Não há dúvida que a Chris veio para ficar. E começo a sentir a pressão de me parecer que estou a mais na minha própria casa. Vou para a varanda, a única do prédio que ainda não tem marquise (o que faz com que os vizinhos já me olhem de lado), fumar o que penso sempre ser o último cigarro e olho, com alguma inveja, para as varandas dos outros prédios fechadas pelo alumínio, da felicidade e harmonia que imagino inundar aquelas casas apenas por não terem que compartilhar o espaço com uma Chris.
O Hilário, que nas raras vezes em que não tem que fazer toma umas cervejas comigo na padaria da D. Albertina, depois do trabalho (do meu trabalho porque ele está no desemprego e passa o tempo todo a fazer uns servicinhos para os três ex-sogros), pergunta-me com o seu ar trocista, quando me queixo, porque é que não ponho a Chris a andar. E eu venho para casa a pensar nisso. Para ele a coisa é muito fácil de resolver. Arranja sempre uns esquemas e não se detém a pensar nas consequências disso para o resto da humanidade.
Não há dúvida que sou um coração mole. Vejo como ela está a condicionar a minha vida e não sou capaz de tomar uma atitude. Ponho-me com pensamentos lamechas: coitada da Chris, que seria dela, sem amigos nem amigas, com aquele feitio difícil, ninguém a quer aturar, nem os pais nem os filhos que negam sempre ter alguma coisa a ver com ela. Não sou capaz de a pôr a andar.
Tirando o consumo de electricidade, os canais do cabo e a alimentação excessiva, a Chris até nem tem feito muita despesa. Para ajudar até já só toma dois banhos por dia. Cheguei a sentir que talvez ela até estivesse a querer colaborar. Acreditei.
Mas agora anda outra vez com os olhos a brilhar. Projectos, diz ela, um bocado megalómanos. Coisas em grande para se manter ocupada e ir disfarçando a insipidez da vida afectiva. Quer mudar todo o chão da casa porque daqui a dez anos já não estará em condições, mudar as cortinas para materiais mais modernos e vistosos, e pôr um computador em cada compartimento para ficar uma casa tecnologicamente avançada e preparada para o futuro. Fiquei chocado. Já a vi várias vezes com aqueles olhos e brilhar de ideias maravilhosas e da merda que deram.
Além disso a Chris sente-se muito bem. Sente que tem o futuro garantido. Os potenciais presidentes, os potenciais governos e o estado de espírito dos concidadãos são uma garantia.
Ivo Cação
Se é só para entreter, sugiro:
Enjoy!
George Best (22 May 1946 – 25 November 2005
Pois é. Morreu. Era giro como tudo.
Eu adorava-o quando era miúda. E ainda agora.
Podia morreu um feioso chato qualquer...Os giros, como este e o Yazalde morrem num instante.
O mundo é muito injusto.
Venho por este meio prestar a minha homenagem a todas as homenagens que se fazem para homenagear pessoas e instituições dignas de homenagem.
Consiste a minha homenagem em homenagear, homenageando os homenageados, os homenageadores e as homenagens em si.
Em primeiro lugar homenageio os primeiros homenageadores que, suponho eu, terão ficado conhecidos por homenagear alguém que, digno de homenagem, nunca tinha, lamentavelmente, homenageado ninguém. Essa notável iniciativa de iniciar esta homenageável atitude de homenagear, é, do meu ponto de vista, digna de toda a homenagem. Infelizmente, estas assinaláveis figuras dos primeiros homenageadores - amadores pioneiros e carolas - não ficaram com o seu nome devidamente registado na história, tendo eu agora de prestar a minha homenagem ao homenageador desconhecido, figura ímpar da história da homenagem, percursor de toda a trepidante e infatigável actividade homenageante que saudavelmente frutificou, se multiplicou e profissionalizou nos nossos dias.
Homenageio também os primeiros homenageados, que a leviana história igualmente deixou de parte, mas menos injustiçados porque, digamos assim, já tiveram a sua quota-parte de homenagem e que chamarei univocamente homenageado desconhecido.
Homenageio a seguir os homenageadores de segunda ordem que gratuitamente se emocionam com as homenagens que se fazem aos homenageados, ficando sempre com a culpa infame de não terem sido eles os homenageadores de primeira ordem, e se limitam a bater sentidas e dolorosas palmas no fim da festa. Quantas vidas não terão perdido sentido por não poderem fazer a sentida homenagem a que tinham direito, no momento certo, devido a um homenageador mais afoito que se lhes antecipou.
Homenageio ainda aqueles - e aqui ocorre-me uma lágrima - que nunca tiveram a perspicácia e a rapidez suficiente para, pelo menos uma vez, fazerem uma justa homenagem, antecipando-se aos seus pares - nesta competição feroz em que nos movemos - no reconhecimento inequívoco de um homenageável.
Por último, homenageio aqueles que, por razões que a razão não conhecerá, nunca foram homenageados, num nítido desperdício de matéria homenageável que me apraz agora corrigir.
Para terminar, torna-se evidente que esta minha emocionante e emocionada homenagem é digna de uma grande homenagem.
Lino Centelha
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