31 de janeiro de 2012

Cantina Universitária de Lisboa
















Houve dias que o meu Pai, para matar a fome a tantos filhos, nos levava a comer na Cantina Universitária de Lisboa. Na altura já devíamos ser seis, agora somos nove. Comprava uma senha de jantar e, putos como éramos, comer à vez a repetição do prato era uma delícia. Depois brincávamos nos jardins da Cidade Universitária.
A Cantina, além de nos consolar o estômago, permitia também termos contacto com outra maneira de ver o mundo.
Assim, um desses consolos era ir aquelas casas-de-banho cheias de escritos e desenhos nas paredes e portas. Com a evacuação ou micção aprendíamos muita coisa. Entre essas existe um escrito académico que se gravou na memória.

Este é o sítio solitário
Onde a vaidade se vai!
Aqui todo o cobarde faz força
E todo o valente se caga!


foto de Artur Goulart; AML

O melhor que posso

Faço o melhor que posso, 1965.

Serrana

A margarina Serrana. em 1966. E a Guida Maria tão fresca e natural como a dita cuja margarina.

Ecos a perdurar no tempo



Vestígios de outras épocas, que contribuem para que não nos tornemos – como um dia alguém afirmou – «um país de amnésicos povoado de cimento».
Ficam persistentes marcas (marcos) a provar ser o conceito de tempo captado pela máquina de bolso, difícil de interiorizar neste início de século. Conseguirão identificar a igreja?
E como afirma alguém próximo «arranjas temas musicais para associar a tudo», de olhos fixos neste templo, a música começou, em simultâneo, a povoar o pensamento.

30 de janeiro de 2012

A fúria do manso



















O som da travagem de uma composição atirou-nos para fora da inóspita sala-de-espera colocando-nos no gélido cais da gare. Afinal tratava-se de um comboio de mercadorias a fazer compasso de espera pelo intercidade que aguardávamos.
- Aquela ali não tem frio!
Afirmou o meu companheiro de espera, referindo-se a uma adolescente que se apresentava em calções, procurando meter conversa de passar tempo.
- Sabe, nesta idade o espírito aquece a alma!
Respondi assim à solicitação de conversa. 
Ora bem, estávamos ali os dois encasacados e enrolados no cachecol, ele de boné, transmitindo-me a imagem de um pacato homem que já passou a meia-idade.
A conversa foi correndo pelos temas mais diversos: agricultura em Portugal ou a falta dela; a produção das nossas fábricas; a produtividade e a boa imagem lá fora do trabalhador português; o desvio das sedes fiscais das empresas do PSI 20; e outros temas da actualidade política e social.
Eu com o meu discurso optimista, ele com uma visão menos animadora da situação, mas consciente da boa qualificação dos portugueses. E de repente pergunta-me:
- Mas será que eles não sabem disto?
- Claro que sabem! Parece que não, mas sabem!
- Não! Não sabem! Pois parece-me que só vão saber quando alguns começarem a acordar com um buraco de bala na cabeça!
Nem de propósito o intercidades imobiliza-se na gare, o que permite esconder a minha falta de resposta e inquietação pela quase concordância.
Avisto nos degraus do comboio quem esperava, despeço-me:
- Boa noite, haja saúde!
Enquanto caminho pela gare, respondo ao meu desassossego:
- Cuidado com a fúria do manso.

Foto de Daniel Lourenço http://autoalgarvende.blogspot.com


Nicole Eitner and The Citizens - To Forgotten Places - OFFICIAL VIDEO

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O meu querido sobrinho Miguel Menezes.

29 de janeiro de 2012

Podia ser diferente

Um precioso prédio rodeado por feia sinalização. Reconheceis a cidade?


Portimão.

Mimosa e apertada

Uma mimosa estação de correios que resiste algures no Algarve.

A jaguar

Esta varanda virada ao mar



Até que ponto uma varanda debruçada sobre o mar, explica a identidade de um povo e este traço comum em que, de olhos na linha do horizonte, procuramos (de modo mais ou menos interiorizado) a evasão que leva, por um breve instante, a acreditar na restituição da Idade do Ouro de todos desconhecida, mas um dia apresentada em relatos distantes no espaço e no tempo.
Uma imagem captada, convida à divagação. Seria difícil viver de costas voltadas para o mar – pensamento recorrente para quem nele (também) procura estratégias que permitam fazer face ao quotidiano.

27 de janeiro de 2012

Outra realidade

O pequeno (grande) leitor. Fotografia de Miguel Gil

O pato intelectual

O pato cuá, amante da cultura. Anfiteatro do Cam, Lisboa.

Vive la republique!


Vive la republique, no ano em que se anuncia o fim oficial da sua celebração.

Cegonhas

"Ela está a tirar a quê? Às cegonhas, homem"
E eu sorrio e vou em frente.

Sol

Ao sol, depois de uma meia de leite na esplanada da Casa Inglesa e divirto-me a ver as vorazes gaivotas.

26 de janeiro de 2012

A contrariar a paisagem



Dia cinzento, pouco acolhedor. Sentada na estação, afundo-me no casaco, à espera do comboio. Surpreende a visita súbita - mesmo em paisagens inóspitas, surgem notas a contrariar o que a mão humana se encarregou de estragar em espaço tão pouco convidativo.
Lembro amigos que, por vezes, partem para locais mais ou menos distantes, com o intuito de observar determinadas espécies . Consta-me que se levantam de madrugada, com uma paciência infinita para as fotografar. Fiquei curiosa por a visita ser outra, não a dos habituais pombos, a esvoaçar em bandos por todo o lado.
Se alguém souber o nome deste pássaro, seria interessante que o partilhasse, dado a escriba assumir a total ignorância na matéria.

24 de janeiro de 2012

Cais do Sodré: «Café Royal»


O afamado «Royal» frequentado por uma certa elite intelectual, ali almoçava com regularidade o pintor Columbano Bordalo Pinheiro, praticamente até ao fim da sua vida (1920), são algumas memórias de um antiquíssimo lugar outrora à beira-mar plantado.
(legenda e imagem: blogue ruas de Lisboa com história)

Estou sentado a uma mesa do «Café Royal» no Cais do Sodré. O comboio de Cascais chegou há pouco e os seus passageiros já se repartiram pelos «eléctricos», autocarros, táxis, que convergem para esta praça, bem vistas as coisas, de fisionomia um pouco estranha. Ficam os que por aqui costumam parar. O Cais do Sodré é a capital de um mundo que os lisboetas conhecem mal. O mundo dos marinheiros, do embarcadiço, dos navegadores que restaram da época. Bandos de emigrantes sorridentes, nervosos, gestos e vozes com uma nota de precipitação e ansiedade, circulam, de vez em quando, como pombos a esvoaçar, perdidos num remoinho que os leva, não sabem bem para onde. Os polos deste mundo, cuja alma está no mar, são as agências de navegação que, de um e do outro lado da praça, lhes vão resolver ou propiciar o destino incerto.
O Cais do Sodré é o lugar de Lisboa onde as raças se encontram e dialogam. Negros e loiros, morenos e amarelos encostam-se às esquinas e sonham. Uma camisa berrante, americana, uma gabardina fora de série, um chapéu desusado, dão-lhes a nota extravagante…
[…] Tenho vontade, às vezes, de juntar-me a esses grupos de homens de várias raças mas com um olhar parecido, um olhar de sal e maresia e distância e saudade e rudeza ingénua e aventura frustrada: para ouvir falar de cargueiros, de mulheres de outros continentes, de «bars» longínquos, de pequenas questões de bordo. Porque não o faço? Tantas inibições a contrariar a solidariedade entre os homens! Tantas barreiras, tantas portas fechadas! Sabemos ser solitários, não sabemos ser solidários.

A.G., Um lisboeta em Lisboa, Século Ilustrado, 16 de março de 1957

Calafrio

Hoje chega uma encomenda da Carmo Vasconcelos Romao. Não resisto a postar esta capa. O livro chama-se Calafrio é de autoria de Henry James (um dos meus autores favoritos). Obrigada Carmo:)

Parece lego

Reconheceis esta estação de serviço?
Estação de Serviço de Évora

A Feira da Ladra

"Para além do passadiço de S. Vicente de Fora é outro mundo. O tempo não teve ali a mesma velocidade que no resto da cidade. Enquanto Lisboa. se alargava pela ribeira do Tejo e crescia pelas avenidas, alastrando pelos terrenos da Ajuda e Benfica, de Telheiras. de Alvaiade, da Charca, do Arneiro, da Fonte do Louro, do Vale Escuro, desde Algés até Sacavém; enquanto fervilhava na azáfama das construções : enquanto as novas ruas se rasgavam nas quintas dos arrabaldes de outrora : enquanto se multiplicavam os trilhos dos eléctricos e as carreiras de autocarros; enquanto se esventravam as avenidas recém-construídas na abertura das galerias do metropolitano — para lá de S. Vicente de Fora. o Campo de Santa Clara ficou esquecido. É verdadeiramente o Campo do tempo esquecido. S. Vicente de Fora cujo nome lhe adveio de estar fora da cerca moura da cidade e fora da jurisdição do Arcebispo assinala o limite dum campo e duma feira que estão fora do tempo : o Campo de Santa Clara, a Feira da Ladra. Atravessamos o Largo de S. Vicente. Deixamos á direita a mole seiscentista, mandada construir por El-Rei D. Filipe I sobre o templo que o antepassado Afonso Henriques deixara a assinalar o cemitério dos cruzados alemães seus aliados na conquista de Lisboa. À esquerda, o muralhão branco coroado pelas casas nobres dos Teles. Avançamos pelo boqueirão entre a parede lateral da Igreja e o muro de suporte da antiga cerca do mosteiro. Cruzamos o Arco Grande, a unir por sobre a rua o edifício da igreja e o desafogo dos campos seus pertencentes e logo a vista se espraia no largo terreiro inclinado, com o casario lá do fundo a deixar ver uma nesga azul do Tejo, em plena curvatura do rio, fronteira às larguezas do Mar da Palha. Estamos no Campo de Santa Clara. Dum lado, à esquerda de quem desce, uma correnteza de prédios nobres. testemunhas caladas de grandezas desfeitas: os palácios dos Viscondes de Barbacena, dos Sinel de Cardes, dos Marqueses de Lavradio. Ao fundo, rodeada de casinhas antigas a, velha Fábrica de Armas, no lugar onde fora, desde os fins do século XIII até ao terramoto de 1755, Convento das Freiras de Santa Clara. À direita, o muro do pátio de S. Vicente, onde se recolhem, desde tá poucos anos, em barracas, as mercadorias da Feira da Ladra; o Palácio los Condes de Rezende, Almirantes do Reino; e ao dobrar urna esquina surpreende-nos o velho, enorme edifício da Igreja de Santa Engrácia, cujas obras nunca terão fim. Ao descermos o Campo de Santa Clara encontramos, primeiro, uma placa arborizada a entestar com o mercado construído há 80 anos pelo mau gosto da época e mantido pela inércia subsequente; depois do mercado, um pequeno jardim sustentado em paredão na parte sobranceira ao terreno arborizado, defronte do Hospital da Marinha, onde foi outrora lugar da forca, Em dias que não sejam de feira, o Campo de Santa Clara é um lugar romântico, refúgio em rampa sobre o cais e sobre o Tejo, as costas voltadas à cidade que se transforma. Foi nos princípios do século passado lugar de passeio para a nobreza legitimista que habitava o sítio. Não seria preciso esforço grande de imaginação para se lobrigar a casaca do Conde de Rezende, já muito doente, a descer duma sege, ou para su-preender o vulto do Padre José Agostinho de Macedo, quando se acoitava em casa dos Lavradios, fugido às justiças do Convento da Graça onde estava a cumprir pena de prisão. Nos dias de feira a célebre Feira da Ladra enchem-se passeios e placas de quantos objectos velhos e novos seja possível imaginar. Enche-se a rua de gente que sobe, de gente que desce, de gente que pára defronte dos lugares de venda — com uns vagares de pasmaceira, na descontraída calma de quem está longe do que se passa no resto da cidade : a multidão febril que se acotovela na Baixa, a pressa dos automóveis, os eléctricos e autocarros apinhados de gente, todo um correr absurdo a que só as luvas brancas dos sinaleiros dão um pouco de disciplina. Quem veja agora a Feira e a tenha visto há quarenta anos, não repara em diferenças essenciais. Menos candeeiros de petróleo à venda — aqueles enormes candeeiros de suspensão, com a sombreira de loiça branca!— substituídos agora pelas diferentes peças de instalações eléctricas. Mas a mesma gente. Este homem que está aqui a mostrar-me os restos duma durindana, não será o mesmo que eu vi discutir com o Júlio Mardel—há mais de quarenta anos... — o preço duma gravura antiga? Na Feira da Ladra vende-se tudo. logo à entrada, passante o Arco, os vendedores ambulantes estendem-nos tabuleiros de bolos, bilhetes da lotaria, cabides de madeira. Sentados em bancos baixos, cegos tocam harmónios. Ao lado velhas que apregoam tremoços, amendoins. pevides e alfarroba. Principiam os estendais. Objectos usados, de latão — ou novos com aspectos de usados, para engano de compradores menos entendidos. Artefactos de madeira. Armas de todos os feitios e de todas as origens, desde lanças gentílicas a chanfalhos de polícia. Bugigangas novas, entre cintos de plástico, porta moedas e canivetes. Livros, quadros. estampas, campainhas, máquinas de escrever, frascos vazios, restos de todos os móveis e de todos os objectos, coisas que parecem completa mente inúteis e para as quais há sempre — com certeza!-  pelo menos, quem pergunte o preço. Para que diabo serve urna luva desirmanada? Agora são ferramentas, de todos os tamanhos e de todos os ofícios. Um  operário velho estende a mão com a chave de parafusos que deseja e estende o beiço inferior em jeito de interrogação. O comerciante arqueia o sobrolho com o ar importante de quem esteja a vender uma herdade:   São seis mil reis. Nem no contar do dinheiro o tempo é o mesmo. O escudo há-de  passar e os mil-reis continuarão na Feira da Ladra. Agora uma voz vibrante de mulher:   São trinta, mil reis cada casaco! Estou a acabar! "

Texto de Barradas de Oliveira Fotografias de A Peres Rodrigues

Revista Panorama,1958




23 de janeiro de 2012

Slips

Odeio slips! 1965.

Um quarto de estudante à anos 60

Assim se idealizava um projecto de decoração para um quarto de estudante em 1965. Confesso que a ideia me agrada.

O que é nacional...

A Farinha Nacional e a aplicada menina a confeccionar um bolo. Lembro-me bem destes equipamentos culinários. Reinava o ano de 1965.

Beleza

Em 1965 assim se publicitava o creme Nívea. Continua actual este anúncio.

Ele sabe o segredo

Porque nas aventuras ardilosas que imagina, ele goza o bem estar amigo da sua camisola de pura lã com que veste a vida resplandecente das suas audácias. A lã é o segredo...

Assim se publicitava a Lã em 1965.

A luz

Desligar ou não desligar. Almanaque Bertrand, 1932,
Desligar ou não desligar. Almanaque Bertrand, 1932,

22 de janeiro de 2012

Olhares: uma cidade, um país...



Como eu gostava de ser/o terceiro corvo do teu emblema/Estar implícita na tua bandeira/Negra e branca/Como tinta e papel/Como escrita e espaço!
Ser teu desenho/Tua nova lenda/Invenção deste século/Que já não inventa/E se interroga:/Donde vieram estes corvos?

Como tu, Vicente,/ Eu também não sou de cá/ Não sou daqui/ Não pertenço a esta terra/ E talvez nem sequer/ Pertença a este mundo…

Porém estou aqui/ Nesta dolorosa praia lusitana/ Cheia de um tumulto inútil/ Que enegrece as tuas areias/ E polui o ventre do rio/ Que os golfinhos há muito desertaram.

E olhando as nuvens dedilhadas pelo vento/ Sentindo a terna dor do teu sentir sentido/ Peço-te, Lisboa/ Surge de novo bela/ Reinventa/ A santidade perdida do teu emblema.
Ana Hatherly, in Itinerários, 2003

Três celebridades



Três celebridades que se encontram aqui reunidas por um motivo específico. Conseguirão identificar os fotografados? (não me atrevo a questionar o motivo específico, mas se quiserem apresentar sugestões, serão bem aceites)

Imagem: Século Ilustrado, 1957

20 de janeiro de 2012

as más notícias vêm aos pares, ou johnny otis e etta james unidos na vida e na morte

muitas vezes as más notícias vêm aos pares.

com um pequeníssimo intervalo, morreram duas lendas do r&b.

johnny otis foi um dos mais influentes produtores de rhythm and blues e um descobridor de talentos notável.
excelente músico como convém que sejam os excelentes produtores (daniel lanois, t-bone burnett, brian eno...), tinha uma percepção para escolher talentos notável.
se como pianista, baterista ou cantor foi muito bom, como produtor foi único.

um dos enormes talentos que descobriu e produziu foi etta james.
também ela agora falecida.

com um intervalo de 3 dias apenas, os dois deixaram de estar por aqui.

felizmente que a sua música e o seu legado por cá continuam.

johnny otis, hand jive

etta james, i just want make love to you

então, senhor silva, combinamos assim...

então vamos lá a combinar uma coisa com aquele senhor reformado do centro de dia de belém:

o senhor não volta a falar em público assim sozinho!
os médicos já lhe tinham dito que não é bom ara a saúde.

já tínhamos combinado que o senhor só falava pelo facebook porque as parvoíces podem ser apagadas.
de cada vez que lhe fizerem uma pergunta o senhor responde que não está naquele lugar para falar disso..
combinado???
e pronto, não falamos mais disso que o senhor também já não tem culpa

Eram assim em 1974

Reconheceis? Contracenavam em?

Ana Zanatti e Manuela Cardo (agora Manuela Sousa Rama no Cântico Final de Manuel Guimarães)

Reconheceis?


Maria Callas

Look Up at the Stars, Portugal!



Look up the stars é um filme que nos toca e nos faz sentir felizes. Lisboa vista por um americano, a um ritmo e cores que nos fazem entender porque amamos tanto esta cidade. Visual story-telling. Obrigada Matthew Brown. Vejam por favor.

19 de janeiro de 2012

Coincidências

Uma muito oportuna publicação online da Hemeroteca Municipal de Lisboa. Século Cómico, de 27 de Janeiro de 1919. Qualquer semelhança com 2012 é pura coincidência.

Viagens tão baratas...


As viagens Air Star em 1966. Que baratas que eram...

Amália

O Fado do ciúme, 1966. Viva Amália!

18 de janeiro de 2012

gustav leonhardt, smooth rage against the machine

gustav leonhardt foi um daqueles músicos que, não sendo um criador no sentido da composição, ombreou com os maiores criadores porque a forma como os tocava era como se una nova criação se tratasse.
tive a imensa sorte de ter assistido ao vivo à maioria dos músicos que admiro (e gosto de muitos em muitos géneros muito diferentes).
com alguns deles, muito poucos, a sensação que se tem na sala é de uma espécie de aura musical que começa mal o músico entra.
é como se a música começasse logo naquele instante da aparição e se mantivesse como magia ao longo do concerto (mesmo que nalguns a energia possa fazer cair o suor em bica).
gustav leonardt tinha essa aura.
a música era muitíssimo mais que aquele conjunto de acordes. era magia pura.
como li algures, era smooth rage against the machine...

Varandas de Lisboa - II



A cidade expõe-se, bonita, em vaidades de quem ali se encontra para ser observada. Ao sol e sem atentar em pormenores, são momentaneamente esquecidos muitos dos seus mais tristes detalhes. É bonita, Lisboa, principalmente quando deixa antever pequenos trechos de rio. Onde foi captada a imagem? Será que identificam o local? Trata-se de um fácil desafio…

Varandas de Lisboa - I



Manhã de sol na cidade. O passeio não é deliberado, mas surge convidativo, apetecendo ignorar os transportes públicos. Uma paragem para um breve almoço para, de seguida, serem passados em revista locais de boa memória, que nem sempre temos tempo de cruzar. Com a sensação de dever do dia cumprido (a título estritamente pessoal, para quem defende o exercício da dúvida metódica), a visão fica desperta para os detalhes realçados pela luminosidade própria da altura do ano. Apetece responder ao post deixado pela T: eles não andam na rua, mas alguns acabaram de ser vistos no local onde costumam estar durante a semana , « gostaria de acreditar na utilidade da visita em termos de serviço público» - penso, relutante... Uma varanda chama a atenção : onde se encontra? Alguém a consegue localizar?

"A gente não vê eles na rua"

Dizem duas senhora, no autocarro 735, de formatos bem  parecidos em etnias diferentes. "Eles andam aí de limusinas e nem os podemos ver, para lhes partir a cara" . Acrescenta a amiga "Só os vemos na TV". "Até demais, nem suporto as caras e a vozes deles" diz a outra e eu concordo silenciosamente.
Hoje o quotidiano lisboeta nos transportes públicos é marcado pelas críticas a "eles" e à questão dos feriados.
"Eu acho mal que tirem os religiosos, só deviam tirar os dos civis". "Isto é contra a independência nacional, pois tiram o cinco de Outubro, que era a data da independência nacional, que conquistámos à rainha espanhola". O vinte e cinco de Abril deve ficar sim, pois é o dia do poder do povo". "A vida está mal caramba, tenho que aprender a roubar".
De tudo isto fica-me a frase que titula este post. Onde andarão eles? Eu nem quero saber.

14 de janeiro de 2012

Talho

Três anúncios num talho algarvio.

Presépio

Presépio em Alferce ou uma provável sueca palestiniana.

Flores despenteadas

Encruzilhadas algarvias.

Já é Primavera?

O Algarve rural

O pastel



A questão é como fazer chegar o produto da forma que o consumimos por cá - estaladiço e acabado de sair do forno, já que se trata de um bem perecível...

Imagem: Antero Valério

Aqui outras interessantes considerações sobre o tema.