Enquanto passa melancólico o panfleto ecológico da Cinemateca pelos meus dedos, vem-me da televisão a expressão enigmática “fazer a penetração com o corpo inclinado”. Obviamente, fala-se de andebol. Está a dar um jogo importantíssimo de andebol entre as selecções nacionais femininas de Portugal e da Finlândia.
O andebol é um jogo extremamente aborrecido. Aborrecido de jogar, aborrecido de ver. Vê-lo na televisão ainda mais aborrecido é. O aborrecimento começa logo com aquele pavilhão gimnodesportivo, tão vulgar, sem estética, acanhado, com bancadas reduzidas, uma iluminação sem charme nenhum, publicidade a micro-empresas locais, com as paredes próximas demais, a fecharem o público composto por familiares e amigos, infinitamente repetido por todo o país, em todos os municípios. Depois, é o jogo: nada nunca tão pouca inspiração produziu.
E no entanto... vou tomando vaga e distanciadamente conhecimento de que neste jogo não é falta as portuguesas apalparem as mamas das finlandesas. Ou vice-versa. Há uma árbitra com tótós. Bem, há muitas jogadoras com tótós e com tranças. Uma jogadora lesionada estendida no chão recebe uma fricção peitoral do médico da equipa. Vigorosamente.
O andebol é um jogo muito pouco natural. Apalpar as mamas por trás já é considerado falta. Uma finlandesa com umas calças de fato-de-treino iguais às minhas dá um murro no chão.
Se eu fosse democrata obrigava todas as mulheres a praticarem desporto a partir dos seis anos de idade.
Está de chuva.
A não esquecer: amanhã a selecção nacional feminina de andebol de Portugal realiza um importantíssimo desafio contra a selecção nacional feminina de andebol do Azerbaijão.
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