30 de setembro de 2008
A varanda
Ouve-se barulho forte e seco.
Foi um pedaço de varanda que caiu do alto do prédio que fica ao lado daquele que serviu de sede de campanha a Santana Lopes nas eleições para a Câmara.
Pedaços no meio da estrada, pedaços no passeio.
Se acertasse a cabeça de alguém...
Que travessa é esta?
Adivinhais se conseguirdes...
Conseguiram!
Travessa das Terras do Monte
Segundas ao Sol
Não percebe nada de finanças, mas o facto não o impede de ficar completamente estupefacto quando lê João Salgueiro presidente da Associação Portuguesa de bancos dizer que a culpa do endividamento dos portugueses lhes pertence por completo. Pediram ao banco aquilo que não podiam pagar mas como já a vizinha tinha um T-4 em condomínio fechado e de luxo, o colega de escritório férias em Varadero e até o merceeiro da esquina foi a Montalegre buscar enchidos num extravagante carro topo de gama, não resistiram…e, claro, alguma culpa terão…Um certo novo-riquismo saloio subiu à cabeça de uma quantidade de gente que hoje está em estado verdadeiramente desesperado. Os divórcios sucedem-se e isso vem piorar ainda mais a situação. Começaram no “Gourmet” do “El Corte Inglês”, passaram, ao “Continente” do Colombo, deslocaram-se para o “Pingo Doce” e mais tarde para o “Lidl”. Agora estão no “Minipreço”.
Ignorante que é pensava que os banqueiros é que são os grandes responsáveis por tudo isto, inventando negócios, fazendo engenharias várias nos balanços, pagando-se as si próprios chorudos vencimentos, imponentes indemnizações, reformas de luxo asiático, inventando agressivas campanhas, telefonando para casa das pessoas a oferecer este mundo e o outro. O Banco onde há muitos anos deposita as migalhas da reforma, enviou-lhe, em tempos uma carta a dizer que, como cliente antigo cliente que era, blá,blá,blá, o Banco de imediato lhe disponibilizava um cheque de 5.000,00 euros que pagaria em três anos, a uma taxa de juro “extremamente simpática”.
Conclui que, no meio de toda esta trapalhada, milhões de inocentes irão pagar o excesso de ganância e a irresponsabilidade de umas centenas de banqueiros e restante tropa fandanga
Mentiria se não dissesse que está preocupado.
POR uma vez terá que dar razão a Vasco Pulido Valente quando diz que o mundo está perigoso.
Lembra-se de um filme “Segundas ao Sol” relaizado por Fernando Léon Aranoa
O filme toma como ponto de partida um despedimento colectivo ocorrido nos estaleiros de Gijón no principio da década de 90 e conta a história de um grupo de desempregados desse estaleiro naval, que fechou as portas porque os proprietários, algures num qualquer paraíso de mão-de-obra barata do Pacifico, encontraram quem lhes reparasse e construísse os barcos a baixo preço.
É um filme sobre a amizade, a solidariedade sem falsos sentimentalismos, trabalhadores desempregados ligados entre si, como diz um dos personagens, “como siameses: um cai, o outro ri-se, antes de perceber que caiu também”.
Um filme que retrata a amargura muda, o desespero, quando a vida se torna assim: diariamente, de casa para a tasca, da tasca para casa, pelo meio segundas ao sol para sonhar sonhos, absurdos que sejam.
Quase no final do filme esses desempregados encontram-se ao balcão de um tasco a conversa. Serguei ,um trabalhador-imigrante russo, que fora engenheiro no Instituto Espacial de Moscovo, conta uma história:
“Dois camaradas velhos do Partido Comunista encontram-se. Um diz ao outro:
- “Já viste? Tudo o que nos contaram sobre o comunismo é mentira.”
O outro responde:
“Isso não é o pior. O pior é que o que nos contaram sobre o capitalismo é verdade!”
Texto e selecção de imagem de Gin Tonic
As couves para o Natal
É disto que se lembra quando olha este pedaço de terra onde recentemente foram plantadas couves, provavelmente por um qualquer nostálgico da terra que tem longe. E porque Setembro está no seu findar, estas serão as couves que, pelo Natal, já bem crescidas, subirão à mesa a acompanhar o bacalhau..
Texto e imagem de Gin-Tonic
scout niblett, a kiss could've killed me
a kiss could've killed me
if it were not for the rain
a kiss could've killed me
baby if it were not for the rain
and I had a feeling it was coming on
i felt it coming
for so long.
if i'm to be the fool
then so let it be.
this fool can die now
with a heart that soared
how
how had it coming in
for so long.
and darling take my hand
and lead me through the dark
let's kidnap each other
and start singing our song
'cause my heart is charged now
oh, it's dancing in my chest
and I fly and I walk out
from the spell in that kiss.
cause I...
it could've
it could've killed me
if were not for the rain.
oh darling let me dream
cause somewhere in me (inside of me)
Iihave been waiting
so patiently
for you.
so don't you break!
don't break my dream.
and rain will exalt us
as the night draws in.
winds howl around us
as we begin.
what a way to start a fire
broken with the break of day
a kiss could have killed me baby
if it were not for rain.
and I had a feeling it was coming on
i felt it coming
for so long.
and it could've
it could've killed me.
if it were not for the rain.
Tróia mudou
para os setubalenses, parece-me que as praias de Tróia ficaram mais longe... mas também não me parece que a sonae esteja preocupada com essa dificuldade
Mais Lisboa...
por falar em génios, will oldham aka bonnie 'prince' billy
bonnie 'prince' billy é um dos mais talentosos músicos da actualidade.
situado naquele cadinho a que se costuma chamar a 'música alternativa' e que não quer dizer coisa nenhuma, principalmente porque os que ali estão incluidos não querem ser alternativa a nada.
querem ser o que são. músicos e fazer boa música.
bonnie 'prince' billy é simplesmente um músico de excepção que cultiva a camuflagem como forma de melhor estar em cada um dos locais por onde anda e melhor captar tudo para musicar da forma sublime como o faz.
estuda mais os pormenores das terras por onde vai passar, as gentes, os recursos, os locais para acampar (sim, o homem gosta de acampar em digressão nos estados unidos para não ter que ir às festas pós-concertos), do que o alinhamento das canções em palco.
aí é a aventura.
e sempre uma aventura deslumbrante.
bonnie 'prince' billy é por vezes mais conhecido em versões de outros das suas músicas.
aqui podem ouvir uma das canções mais famosas de johnny cash, na sua versão original:
i see a darkness
Naquele tempo...
Assim começa “Thais” de Anatole France. Poderia ser uma outra mas a tradução que tem em mãos é a que o avô fez.
O avô era um autodidacta e aprendeu francês sozinho. O filho um dia disse-lhe que ele também podia aprender inglês mas ele respondeu-lhe que inglês não era língua de gente. Traduziu, também de Anatole France, “A Ilha dos Pinguins”. Essas traduções ainda as mantém, em cadernos lisos, numa letra pequenina, quase desenhada, muito bonita e sem rasuras.
O avô era um republicano histórico, anticlerical e benfiquista. Era caixeiro-de-praça do “J. Português da Silva”, casa de tecidos e derivados, ali na esquina da Rua dos Fanqueiros com a rua Condes de Monsanto, bem junto à Praça da Figueira. O estabelecimento ainda lá está, continua a vender trapos, mas agora dá pelo nome de “Bruxelas”, qualquer coisa entre a “Zara” e o não se sabe bem o quê. Percorria os bairros de Lisboa, vendendo linhas da “Senhora da Hora”, uma fábrica junto ao Porto, com uma enorme e pesada mala onde se encontrava o mostruário das linhas de coser e “crochet”, dos panos do pó, de cozinha.
O avô era um leitor compulsivo de livros de todos os géneros e de todas as literaturas. Quando terminava a leitura de um livro, punha um sinal a lápis na palavra fim.
Quando morreu aos 92 anos tinha na mesa-de-cabeceira as “Confissões de Jean-Jacques Rousseau, um calhamaço de 642 páginas na edição da “Portugália. Editora”. Teve a morte mais bonita por que se pode ansiar, se é que isto alguma vez se possa dizer… Estava à mesa, pela manhã, a conversar com o filho - “eh pá! Uma dorseca aqui no peito” – a cabeça caiu-lhe para a frente e ficou-se em segundos. Assim como quem chama pela serenidade e ela vem. O filho ficou sempre com a sensação de que o pai estivera à espera que ele se levantasse da cama para então morrer.
O avô é o responsável pelas coisas mais memoráveis, mais maravilhosas da sua adolescência. Amiúde dizia que um dia, quando ele tivesse um ordenado, não deveria gastar mais, um tostão que fosse, do que aquilo que recebia. O trabalho honesto é aquilo que de melhor pode acontecer a um homem, vais ver que no fim serás recompensado. Os sábios conselhos do avô sobre o trabalho honesto coroavam-se de um aviso de que deveria livrar-se do luxo e da soberba.
Pelo Natal dava-lhe pares de meia de lã altas – ele usava calções. Mas desejava como prenda um Mecano, ou uma caixa de madeira de dois andares para pôr os lápis, as canetas, as borrachas, o apara-lápis, como tinha a maioria dos rapazes da escola. Nunca teve nem uma coisa nem outra. Perante os seu tímidos protestos rematava que as meias eram coisas que lhe faziam falta e que eram mais úteis que essa cangalhada toda que ele queria.
Quando o Benfica não jogava em casa pagava-lhe o bilhete para as matinées do “Cine-Oriente” onde viu os filmes do seu contentamento, dois filmes por vinte e cinco tostões. Todos os meses dava-lhe cinco escudos para cortar o cabelo e corta-o bem curto para o ires fortalecendo, dizia. Amava o silêncio do mesmo modo que os poetas, e os místicos, tendem para o silêncio. O avô era um poeta. Considerava que só se devia falar quando houvesse coisas interessantes para dizer. Gostava de chá e no Inverno, sentado num maple, com uma manta nas pernas, via televisão, ainda a preto e branco, com o gato aconchegado nas pernas. Ao longo da noite acariciava-o devagar, muito devagar mesmo.
Esta invocação de “Thais”remete-o, para alguns jantares com o pai. Quando as garrafas já iam adiantadas e a filosofia escorria pelo vidro dos copos, citava o início do “Thais” em francês: “En ce temps-là le désert etait peuplé d’anachorètes.”
Depois acrescentava-lhe a tradução. Ficava durante alguns segundos com o braço no ar, um sorriso ao canto da boca, os olhos perdidos não se sabe onde.
Gosta de ficar a pensar que o seu fascínio por começos de livros, talvez venha do tempo desses jantares com o pai.
“En ce temps-là...”
Texto e Imagem de Gin Tonic
29 de setembro de 2008
Lisboa por dentro IX
Adivinhem que espaço é este. As canecas têm que ser pedidas. Há já poucas e a cerveja fica deliciosa bebida por aqui.
Adivinhou a Maria Isabel:
Restaurante Hawli Tandoori mais conhecido por Indiano da Graça
Travessa do Monte 14 - Lisboa
1170-255 LISBOA
Fechado às terças
a propósito de divagações românticas sobre mercados e comércio tradicional.
este é um daqueles posts que deriva num comentário longo que não chegará a ser.
comentou o beko (que seja vem vindo e comente muitas vezes), a propósito da praça de arroios, que 'tenho muito gosto em ouvir as vossas divagações românticas, mas a verdade é que este mercado é uma miséria, não existe qualquer tipo de higiene, o lixo acumula-se, o estacionamento (dos veículos do mercado) é escandaloso, os produtos são caros e a qualidade não é minimamente garantida, etc' e desenvolve para uma série de considerações que gostava de separar.
a primeira é que quem escolhe viver junto de um mercado, deve saber que esse mercado, se tiver vida, a começa a ter pelas 5 da manhã que é quando os profissionais necessitam de começar a fazer as suas compras.uma das coisas que destingue um mercado dum estabelecimento 'normal' é precisamente o seu horário de funcionamento. em qualquer parte do mundo.os mercado ganham vida muito cedo. a maioria deles começam a ganhar vida por volta da meia noite.quem escolhe morar junto dum mercado, ou o faz porque não encontrou outro local, ou é porque gosta desse ambiente fervilhante de sons e vida.
outra questão é a da envolvente do mercado de arroios. as tascas e os alcoólicos.
meus caros, o alcoólico do mercado de arroios produz incomparavelmente menos barulho que os amantes de shots da rua das janelas verdes ou do bairro alto...a diferença é que bebe vinho em vez de destilados de origem duvidosa e discute o penalty sobre o nuno gomes em vez do último doclisboa (eventualmente)
a terceira questão acessória (sim, até agora apenas estive a falar do acessório) é a impossibilidade de arrumar carros. que eu saiba, em qualquer mercado do mundo é impossivel arrumar um carro. nalguns deles é mesmo estulto levar o carro para as suas proximidades e d'evriam ter um daqueles sinais de trãnsito como o que existe em frente ao edifício das nações unidas: 'you dont even think parking here'
um mercado, se cumprir as suas funções têm alguns características:
é ruidoso, tem imensa gente, emite cheiros, tem imenso trânsito. se tiver isto tudo, temos mercado.
outra questão, mais séria, é a questão dos preços, do sortido e da concorrência dos hipermercados ou dos discounts face ao pequeno retalho independente.
o preço a que se compra um produto depende da capacidade que temos para o negociar.
essa capacidade pode vir em pequena parte na nossa capacidade de persuasão, mas vem na esmagadora maioria dos casos da capacidade de compra da entidade para a qual compramos e das comtrapartidas de distribuição e penetração de mercado que podemos oferecer.
se eu negociar azeitonas com um pequeno produtor ou com o 'maçarico' (o lider nacional na comercialização de azeitonas) e lhe disser que posso comprar 5 baldes de 20 quilos ou 30 paletes com 50 baldes de 20 quilos, podem ter a certeza que o preço a que vou comprar é sensivelmente...metade, ou menos.
se eu comprar peixe ao distrbuidor que me vem trazer a casa (ou vou ao mercado abastecedor a partir da meia noite que é a hora a que abre) ou negoceio esse preço ao contentor com compra à tonelada...o preço de que falamos até parece que estamos a falar de produtos diferentes...
daí que seja imperioso que o pequeno retalhista estivesse organizado para a compra ou o faça junto de entidades que de alguma forma se uniram a montante e lhe podem vender a preços competitivos perante as grandes superfícies.
o pequeno retalhista não vende caro apenas porque está a dormir (alguns estarão, é verdade). vende caro porque compra muito caro.
e, por norma, as margens brutas dos hipermercado são mais elevadas que as dos pequenos comerciantes.
é normal um hiper fazer uma promoção 'de arromba' e a seguir ir exigir ao seu fornecedor que lhe pague esse 'desvario'... sob a ameaça de deixar de lhe vender esse produto.
o problema é que a indústria, que precisa de fazer números, se entrega neste canto de sereia, mesmo sabendo que cada dia fica mais dependente de meia dúzia de operadores e deixa de ter a almofada do retalho independente para poder vender... quando estiver impedido de o fazer numa cadeia por represália.
também acho que algumas vezes divagamos demasiado romanticamente (e estou a falar de mim e dos temas que escolho para falar), mas o problema da sobrevivência dos mercados está longe de ser assim tão simples.
resumindo (isto faz lembrar quando os meus filhos me dizem para usar a versão curta quando quero falar de alguma coisa..), os mercado cheiram todos aos produtos que lá se vendem: se vendem peixe, cheiram a peixe.
a questão é que quando visitamos uma qualquer outra cidade que não a nossa, o nosso distanciamos não nos deixa sentir as coisas do mesmo modo e apenas olhamos para os mercados pelo ar colorido da coisa.
aqueles mercados de barcelona, por terem muito mais movimento, garanto que têm muito mais cheiro.
quanto a cheiro de peixe em ambiente civilizado, o 'fulton fish market' na baixa de manhattan cheirava 'deliciosamente' a peixe de tal forma que oferecia o seu cheiro na roupa de cada um que o visitava. até 2005 lá esteve como o que os americanos consideravam o maior mercado de peixe fresco do mundo. na sua nova localização no bronx o cheiro será certamente.. a peixe
aimee mann e os @#%&* smilers
este é um disco que me tem acompanhado nas minhas últimas viagens.
depois de o ter conhecido através do 'coyote', que oiço mais na versão da madrugada de segunda feira (4-6h) que na muito mais confortável versão original dos domingos 19-21h).
no próximo dia 18 de outubro estará no coliseu de lisboa.
para os afortunados que lá poderão estar, desejo-lhes uma noite de excelentes músicas. que seguramente será.
28 de setembro de 2008
A Mulher ideal de 1971
Esta era a capa da revista Banquete de Outubro de 1971. Reportava-se ao concurso de Mulher Ideal do mesmo ano, em que Portugal tinha ganho o prémio europeu. Maria João Avilez Ataíde era a vencedora.
Este prémio não tinha só a ver com a beleza, embora esta sobejasse à senhora. Uma das provas exigidas era o saber culinário e o de receber. Ela provou ser uma exímia fazedora do cherne na cataplana, entre outras provas. A receita não me parece nada má. Toca a experimentar?
Clicar para ampliar a segunda imagem, pois claro.
O Baton Nally
Um must dos produtos Nally! Cito: fixa-se durante 24 horas, resiste às refeições e aos beijos, é inofensivo e económico.
Gostaria de perceber como era a cor do tom eléctrico deste baton, mas antevejo que me apeteceria experimentar o "camalião" e certamente que compraria o estojo de luxo, dada a sua dupla concentração.
Não há melhor do que os produtos Nally. E pergunto-me, este baton será feito de quê?
Os maravilhosos Armazéns do Chiado
Este anúncio aos Armazéns do Chiado é bem interessante, pese embora a fraca resolução da imagem. Mas se clicarmos na imagem e a aumentarmos, veremos o bulício e a largueza que rodeava este espaço comercial. No fundo não é desparecido com o que vemos hoje, apesar de tudo parecer mais pequeno.
Era o ano de 1935 e era assim publicitado no Almanaque do Século.
O Toddy
Sabiam que o Toddy fecha a porta à doença? Arrepiante este anúncio.E o Toddy lembra o Chucky o boneco assassino, figura recorrente dos pesadelos de muitos.
Almanaque O Século, 1935
27 de setembro de 2008
A Patusca ou a Cloche
Tinha que a fotografar pois claro. Já li as indicações. E o mais bonito é que ela brilha que se farta e parece que está feliz. Agora terei que googlar para encontrar receitas adequadas para este forninho.
Nota: à venda na Rua José Falcão, nº 66, Lisboa. O preço ronda os 32 euros.
O que serve para arrumar
Na mesma lógica do saco de plástico, guardavam-se todas as demais embalagens, frascos de iogurte e de gelado e tudo o resto. Eram lavadas e serviam para arrumações. Assim foi salva esta linda caixa de chocolates Regina. Agora vai servir para guardar o que calhar na minha secretária.
Outra vez Lisboa...
Outra, não
26 de setembro de 2008
Faça como eu, use a Juvénia
Fique a Paula encarregue de fotografar o que se passa agora na Rua Ivens:)
a propósito do reaparecimento do pequenito, um desaparecimento mais estranho
25 de setembro de 2008
O creme Benamor, o melhor para a pele
Confirmando os dizeres do carlos aqui abaixo, mais um produto Nally.Este anúncio apareceu no almanaque do Século em 1935.
he's back !!!!
O Milo
A fonte da saúde. Era a moda dos fortificantes e engordantes.
Tónicos, assim lhes chamavam.Agora são os light a encherem as prateleiras. E já se percebeu que não aquecem nem arrefecem.
24 de setembro de 2008
isto anda tudo ligado, ou como de repente ao ver uma entrada no dias nos lembramos de postar sobre o último livro lido em fajão
de repente achei que vos devia falar do livro que acabei de ler no último fim de semana em fajão.
(garanto-vos que a sobre capa é infinitamente mais bonita que esta coisa pobre que a ambar decidiu considerar como capa do livro)
sete vezes sete dias é um livro excepcional.
emmanuel d'astier fundou, juntamente com raimond e lucie aubrac o grupo de resistência ao nazismo 'libération-sud'.
mais tarde funda com lucie aubrac o 'liberation', que viria a ter o seu segundo fôlego nos anos 60 sob a direcção de jean paul sartre.
sete vezes sete dias é um relato repartido no tempo, entre a capitulação francesa e a libertação de paris.
os relatos da clandestinidade, os rostos, os medos, os disfarces, a esperança, os nomes que se ganham e perdem a cada dia e o temor de ouvir chamar pelo verdadeiro, os amigos mortos, a vida em argel longe da realidade dum país ocupado fisica e mentalmente pelos nazis.
este não é um simples livro de memórias ou um diário dos tempos de guerra.
é um quase romance, ou uma narrativa notável sobre a luta pela liberdade.
há quem diga que emmanuel d'astier foi um dos últimos românticos na luta pela liberdade.
eu digo que só assim se pode lutar pela liberdade e ser livre.
e felizmente não foi o último. e seguramente este livro é um excelente legado de um homem excepcional.
a falta que o papel impresso faz
tirando os dos meus filhos para saber como andam, os da gente 'aqui da casa', e alguns outros onde tropeço quando ando à procura de qualquer coisa, nunca espreito para blogs, por mais notórios que sejam.
na verdade, eu acho que devo ser o oposto do blogger típico, se é que existe um 'tipo' para isso.
um dos antigos membros desta casa anda perdido pelo dubai.
por lá andará nos próximos 9 meses, se as saudades do benfica não apertarem (nisso o quim está a dar uma ajuda para que as saudades não existam).
hoje, ao procurar saber o que por lá se passa, deparei com o último post que é uma espécie de apelo:
'Exige-se a todos os leitores do Balanço que enviem por email para (...) as moradas respectivas para durante a temporada em que me encontro ausente, poder comunicar convosco no estilo arcaico… como quem diz, escrever cartas, enviar postais e essas coisinhas todas…e quando digo TODOS é mm TODOS!!!! daqueles com quem falo todos os dias, às amizades que ficaram no inicio… aos anónimos ( viste coisinha?! tb falo dos da tua especie ;)) até já!'
a verdade é que, independentemente da facilidade com que hoje se fala a todas as horas de 'trás do sol posto' para 'o cú de judas', isso não elimina a necessidade e prazer que temos com a carta que chega e se dobra em dois no bolso de trás (versão gajo) ou na mala/saco (versão gaja) e que podemos (re)ler enquanto nos sentamos ou nem isso.
muitas vezes se discute o fim do livro ou do jornal impresso.
pelos vistos, mesmo para quem acha que o teclado do mac é uma espécie de prolongamento das falangetas (ou extensão de nails para quem é do estilo), o papel escrito faz muita falta quando as saudades são saudades mesmo.
pela minha parte, acho que ele devia voltar à sua actividade aqui, nem que seja como correspondente de guerra 'algures' no dubai.
bom trabalho calvas.
Navios, mastros nus, destinos ao abandono
Navios parados...Mastros esguios, como lanças, despidos da roupagem das velas, pontos de admiração fantásticos, abrindo a sua surpresa ante miséria, ante a ambição, ante a luta vigente por essa terra fumegante, que crepita incêndios e dor...
Navios parados, na tranquilidade calma da baía: o espelho das águas retrata-vos na trémula miragem, toda a ânsia de fuga, toda a sede indomável da solidão, a saudade do oceano, o amor das águas infinitas, en cuja superfície santíssimo Deus, se balouçam os vossos arcabouços, navios que eu estou a ver parados e tristes, e os arcabouços dos tripulantes, felizes na incerteza, amantes das ilusões no horizonte, apaixonados da dúvida cinzenta das tempestades. Navios, mastros nus, destinos ao abandono. Vós tereis amanhã - oh quem vos seguira! - o firmamento enorme para realizardes o vosso sonho, lendo nas estrelas, ou o seio do Oceano inteiro para vos aquietardes, abençoando a morte...
Norberto de Araújo, Miniaturas, 1920, Livraria Aillaud e Bertrand
E porque Norberto de Araújo não se reduz às Peregrinações, este é um livro belíssimo embora completamente esquecido. As magníficas miniaturas, incluem desenhos e aguarelas dos melhores artistas portugueses da época.
Quem o reedita?
Um sorriso que transborda
Que saudades que tenho desta senhora
Adivinham quem são?
Fotografia de Elis Regina, Raul Solnado, Roberto Carlos e Nice
expliquem-me assim a modos como se eu fosse muito burro
23 de setembro de 2008
Sabores de infância
A chita
A chita era o tecido mais português de Portugal.
Servia para fazer cortinas, aventais, vestidinhos e tudo o que mais se quisesse. Quando começou a cair em desuso houve que exaltar as virtudes da modéstia feminina, porque a chita era barata, e criaram-se inúmeros concursos sobre este tecido. Para a reabilitar pois claro. Mas que os estampados eram lindos eram.
Laura Alves e Vasco Morgado apresentavam aqui um dos concursos do Vestido de Chita.
joan miró i ferrà
esta medida destina-se a prover o grupo económico de dinheiro fresco para limpar as contas.
nos anos 70, joan miró e joan prats criaram o museu da fundação joan miró, no cimo do parc montjuïc.
um acervo de muitíssimos milhões de euros, capaz de limpar as contas um dos defuntos bancos de investimento de wall street.
no entanto, e por muito estranho que pareça, consta que estas tapeçarias jamais foram limpas desde que colocadas nas paredes do museu.
se continuarem por este caminho, é bem possível que os bichinhos façam o seu investimento alimentar em joan miró.
a custo zero. para elas evidentemente.
outra peça 'estranha', nos dias que correm, é esta homenagem de alexander calder a miró e aos mineiros de almaden.
a exposição àquelas quantidades de mercúrio deviam hoje obrigar a uma protecção especial da obra para evitar que os trabalhares da fundação apressem o passo de cada vez que passam naquele corredor.
(sim, aquele tanque que se vê, está cheio de mercúrio que vai circulando para formar a fonte que vai salpicando tudo em redor)
a (in)consciência verde
também algumas empresas procurar fazer profissão de fé duma certa consciência corporativa ambiental.
há relativamente pouco tempo o banco espírito santo lançou-se numa grande campanha onde, procurando fazer algum humor, falava da importância de aderir ao extrato digital para evitar gastar papel,defender as árvores, salvar o planeta e por aí fora.
afirmava o bes que plantava uma árvore por cada cliente que aderisse ao extrato digital.
sabendo o que custa cada árvore e sabendo quanto custa em papel e em envio um extrato bancário, ficamos a saber quem ganha com a opção verde.
e se acham que é apenas o meu proverbial mau feitio e que o bes até está de alma e coração com a opção ambiental, oiçam o retomar da campanha dos 10% em que o banco afirma, como o mesmo sentido de humor parvóide que 'quero lá saber que vocês desperdicem energia e água que o bes é que vai pagar os excessos'...
mesmo que o que o banco pague sejam 10% do limite máximo 175 euros durante 6 meses, pagam um máximo de 105 euros para ficar com a conta com o ordenado (apenas se superior a 500 euros) domiciliado, subscrever um cartão de crédito... e como os empréstimos à habitação exigem domicialização de vencimento... estão a ver a coisa: em muito pouco tempo os 105 euros estão do lado de lá.
105 euros para estas contrapartidas todas é mesmo muito barato, acreditem.
mas tal como dizia o pai do stanley ho ao filho, que para ganhar dinheiro num casino era preciso ser o dono dele, para ganhar dinheiro num banco é preciso ser o banqueiro.
e com as do bes estamos conversados.
... mas podiam olhar para as duas campanhas que têm e perceber que representam o oposto uma da outra.
a menos que a bbdo tenha uma capacidade de convencimento que os torne acéfalos.
22 de setembro de 2008
Quem são os entrevistados?
O jornalista perguntava o que cada um faria se tivesse asas.
O 1º respondeu: "Voava para fugir daqueles que me querem cortar asas".
A segunda disse "Esvoaçava até Catete onde se encontra o pombo dos meus sonhos, que sem ele não posso fundar o meu ninho".
O terceiro disse"Olha que pergunta. Se tivesse asas , voava...Ia até ao Japão , mas fazia o vôo por etapas. Isto do Japão é uma tentação.Tal como as gueixas de quem não tenho nenhuma razão de "gueixas"...antes pelo contrário."
Como se chamam?
Revista Plateia, 1964
As fotografias são de: Francisco Nicholson, Irene Cruz e Humberto Madeira.
21 de setembro de 2008
As palavras são como as cerejas
Falei aqui outro dia do anúncio de um cirurgião dentista da Rua do Ouro, que apresentava a sua filha Palmira, ambos praticantes na Rua do Ouro, nº 280, 1º.
A nossa querida Paula pôs-se em campo e fotografou o prédio. Diz ela:
E ajudaste, pois claro. É apaixonante descobrir estes pequenos pormenores da nossa cidade.
Muito obrigada Paula:)
20 de setembro de 2008
A Loja 20 do Mercado de Arroios
Contra luz e muito escura. Não interessa, o conteúdo e a referência é que valem. Aqui fica a loja número 20 do Mercado.
O que distingue as praças
É este jeito indolente de conversa. Trocam-se as novidades. Cusca-se o passante. E está tudo bem nesta rotina de Arroios. Entre bens alimentícios, saboreia-se a vida pois então.
A massa de pimentão
A genuína e recomendada. Ali no mercado de Arroios, loja 20. Vou experimentá-la logo à noite no entrecosto, que também lá comprei. E onde compro a massa de alho?
Agora vou fazer o almoço, que a sopa já se agita na panela e quer ser passada
Até já.
19 de setembro de 2008
A utilidade das ditaduras nos melhoramentos urbanos
Que maravilhosa é esta calçada. Quem a faz? Os presos políticos?
Nós não temos presos políticos há trinta anos
Ah! (espanto),então quem as faz? Funcionários???
No meu país temos ruas muito bem empedradas. Quem as calceta são os presos políticos. E temos ruas feitas por todos os partidos, pois eles vão variando no poder. A uma chamamos o partido X a outra o Y...
Pena, não terem já presos políticos eles arranjam de graça as ruas e até ficam muito bem.
E fica assim um silêncio...
(conversa à saída dum restaurante entre um sul americano e um grupo de portugueses).
Fotografia de Joshua Benoliel de 1907.
18 de setembro de 2008
os unisax no chá das quintas do museu da olaria
O amolador
Modernos veículos para antigas profissões.
Adivinham que edifício se vê por detrás?
Peço desculpas mas o vidro do carro onde ia não abriu:)
Nesta manhã
Que edifício é?
Igreja São João de Brito
Mirai e dizei
E esta casa pode ser uma pista para o outro edifício. Uma Lisboa diferente e cuidada.
Onde é?
Vivenda em Alvalade, junto às escadinhas da Igreja de S. João de Brito