20 de setembro de 2008

O que distingue as praças




É este jeito indolente de conversa. Trocam-se as novidades. Cusca-se o passante. E está tudo bem nesta rotina de Arroios. Entre bens alimentícios, saboreia-se a vida pois então.

10 comentários:

gin-tonic disse...

Olho esta fotografia e sinto um arrepio. Esta conversa, penso que a um sábado, só é possível hoje, um tempo de crise. Frequento o Mercado de Arroios há uns 35 anos e era um burburinho imenso, um bulício, um vozear de pregões e vernáculo. Ao sábado então, era uma loucura, apenas se circulava aos encontrões. Ainda não acontecera a expansão dos supermercados e das grandes superfícies. As duas mulheres conversam e ninguém em redor, apanas um comerciante de queijos, ao fundo, à espera de clientes que não chegam. Do tecto pendem ainda dois balões de Santos Populares. Possivelmente ainda estarão ali quando o Natal chegar e já o sentimos tão próximo.
Segundo a Lusa, o presidente da União das Associações do Comércio, alertou para o encerramento de muitas lojas e empresas na cidade de Lisboa que não voltam a abrir as portas devido à crise. Trata-se de um "fenómeno novo" que se sente nos últimos dois anos no comércio tradicional de Lisboa: "os estabelecimentos encerram e não voltam a abrir", ficando as lojas vazias e fechadas. Os espaços comerciais "permanecem fechados e os proprietários têm muitas dificuldades em arrendar de novo as lojas para outras actividades económicas e lembrou que milhares de empresas têm encerrado as portas ao público, dando como exemplo vários casos de lojas na avenida Almirante Reis, entre a Baixa e o Areeiro, e nas ruas Saraiva de Carvalho e Ferreira Borges, em Campo de Ourique.
Fiz hoje os itinerários de que fala o presidente da União de Comerciantes e confirmei tudo isso. A crise veio mesmo para ficar e…durar!

T disse...

O que diz é verdade, o mercado de Arroios está em decadência. Diminuíram os vendedores e os clientes.
Não tinha pensado nessa perspectiva, quando tirei a foto, e sim, foi a um sábado ao fim da manhã.
Verdade, o entrecosta da loja 20 era óptimo!

Bic Laranja disse...

Bela fotografia. Triste conclusão. Julgo que devia pura e simplesmente banir-se os centros comercias, os hipermercados e os 'retail' parques. Talvez o merceeiro-mor e afins optassem mais condignamente pelo comércio de bairro como melhor centro comercial e zelassem melhor pelo asseio e segurança das ruas desse comércio.
Ou talvez dessem cabo de tudo à mesma....
Cumpts.

T disse...

Está como eu...Quando fotografei só vi as vizinhas animadas e não reparei no panorama desolador.
Cumprimentos caro Bic

gin-tonic disse...

De um discurso de Orson Welles, citado de memória: "nestes tempos dos grandes supermercados chegará o dia em que teremos saudades do merceeiro da nossa rua".

Beko disse...

Tenho muito gosto em ouvir as vossas divagações românticas, mas a verdade é que este mercado é uma miséria, não existe qualquer tipo de higiene, o lixo acumula-se, o estacionamento (dos veículos do mercado) é escandaloso, os produtos são caros e a qualidade não é minimamente garantida, etc. Este mercado só perpetua um estilo de vida que não deveria existir no séc. XI, em que as tascas em volta se enchem de alcoólicos e arrumadores que afastam as pessoas de um bairro que chegou a dar indícios de desenvolvimento com a chegada de estudantes e erasmus, mas que por falta de espaços de qualidade, ocupados por estas tascas que se mantêm abertas graças ao mercado, se têm mudado. O barulho é constante a partir das 5 da manhã, é impossível arranjar lugares de estacionamento, a seguir ao mercado é ver restos de peixe lavados para os passeios... Em suma, não me parece que sejam os hipermercados a acabar com estes sítios, mas sim a falta de nível dos mesmos e a falta de brio dos seus proprietários que ficaram parados num tempo em que tinham sucesso com a sua qualidade miserável apenas por falta de concorrência.

Beko disse...

Não confundir a minha opinião com a daqueles que não gostam de mercados, eu sou a favor de pequenos mercados, mas com a qualidade daqueles que se encontram nas grandes cidades europeias e não o nojo dos mercados portugueses.

J. disse...

beko, nunca fui ao mercado de arroios mas acredito que nem todos olhamos para as coisas com os mesmos olhos...

Isabel disse...

Lindo!!!
Uma vez a minha mãe estava na bicha pra comprar batatas e uma velhota passou-lhe à frente. A minha mãe disse “Isto é que é ser esperta! Pronto passe lá à frente” e a velhota voltou-se para trás, vá de erguer a mala bem firme na mão, e deu uma valente cacetada à minha mãe. Nunca me hei-de esquecer!

Isabel disse...

Oh Gin! Esta sua descrição dos sábados na praça fez-me voltar ao passado. Era mesmo assim! Que pena que não se mantenham estes mercados a funcionar como antigamente.