30 de setembro de 2008

Segundas ao Sol

De repente cai-nos em cima uma crise financeira que abala toda a economia mundial O horror económico instalou-se um pouco por toda a parte. Chegou a ler que se esteve mesmo à beira do precipício…uma recessão sem precedentes.

Não percebe nada de finanças, mas o facto não o impede de ficar completamente estupefacto quando lê João Salgueiro presidente da Associação Portuguesa de bancos dizer que a culpa do endividamento dos portugueses lhes pertence por completo. Pediram ao banco aquilo que não podiam pagar mas como já a vizinha tinha um T-4 em condomínio fechado e de luxo, o colega de escritório férias em Varadero e até o merceeiro da esquina foi a Montalegre buscar enchidos num extravagante carro topo de gama, não resistiram…e, claro, alguma culpa terão…Um certo novo-riquismo saloio subiu à cabeça de uma quantidade de gente que hoje está em estado verdadeiramente desesperado. Os divórcios sucedem-se e isso vem piorar ainda mais a situação. Começaram no “Gourmet” do “El Corte Inglês”, passaram, ao “Continente” do Colombo, deslocaram-se para o “Pingo Doce” e mais tarde para o “Lidl”. Agora estão no “Minipreço”.

Ignorante que é pensava que os banqueiros é que são os grandes responsáveis por tudo isto, inventando negócios, fazendo engenharias várias nos balanços, pagando-se as si próprios chorudos vencimentos, imponentes indemnizações, reformas de luxo asiático, inventando agressivas campanhas, telefonando para casa das pessoas a oferecer este mundo e o outro. O Banco onde há muitos anos deposita as migalhas da reforma, enviou-lhe, em tempos uma carta a dizer que, como cliente antigo cliente que era, blá,blá,blá, o Banco de imediato lhe disponibilizava um cheque de 5.000,00 euros que pagaria em três anos, a uma taxa de juro “extremamente simpática”.

Conclui que, no meio de toda esta trapalhada, milhões de inocentes irão pagar o excesso de ganância e a irresponsabilidade de umas centenas de banqueiros e restante tropa fandanga

Mentiria se não dissesse que está preocupado.

POR uma vez terá que dar razão a Vasco Pulido Valente quando diz que o mundo está perigoso.

Lembra-se de um filme “Segundas ao Sol” relaizado por Fernando Léon Aranoa



O filme toma como ponto de partida um despedimento colectivo ocorrido nos estaleiros de Gijón no principio da década de 90 e conta a história de um grupo de desempregados desse estaleiro naval, que fechou as portas porque os proprietários, algures num qualquer paraíso de mão-de-obra barata do Pacifico, encontraram quem lhes reparasse e construísse os barcos a baixo preço.

É um filme sobre a amizade, a solidariedade sem falsos sentimentalismos, trabalhadores desempregados ligados entre si, como diz um dos personagens, “como siameses: um cai, o outro ri-se, antes de perceber que caiu também”.

Um filme que retrata a amargura muda, o desespero, quando a vida se torna assim: diariamente, de casa para a tasca, da tasca para casa, pelo meio segundas ao sol para sonhar sonhos, absurdos que sejam.

Quase no final do filme esses desempregados encontram-se ao balcão de um tasco a conversa. Serguei ,um trabalhador-imigrante russo, que fora engenheiro no Instituto Espacial de Moscovo, conta uma história:

“Dois camaradas velhos do Partido Comunista encontram-se. Um diz ao outro:

- “Já viste? Tudo o que nos contaram sobre o comunismo é mentira.”

O outro responde:

“Isso não é o pior. O pior é que o que nos contaram sobre o capitalismo é verdade!”

Texto e selecção de imagem de Gin Tonic

1 comentário:

Anónimo disse...

España, con Don José María Aznar en la Presidencia del Gobierno, iba bien.......