É este jeito indolente de conversa. Trocam-se as novidades. Cusca-se o passante. E está tudo bem nesta rotina de Arroios. Entre bens alimentícios, saboreia-se a vida pois então.
Olho esta fotografia e sinto um arrepio. Esta conversa, penso que a um sábado, só é possível hoje, um tempo de crise. Frequento o Mercado de Arroios há uns 35 anos e era um burburinho imenso, um bulício, um vozear de pregões e vernáculo. Ao sábado então, era uma loucura, apenas se circulava aos encontrões. Ainda não acontecera a expansão dos supermercados e das grandes superfícies. As duas mulheres conversam e ninguém em redor, apanas um comerciante de queijos, ao fundo, à espera de clientes que não chegam. Do tecto pendem ainda dois balões de Santos Populares. Possivelmente ainda estarão ali quando o Natal chegar e já o sentimos tão próximo. Segundo a Lusa, o presidente da União das Associações do Comércio, alertou para o encerramento de muitas lojas e empresas na cidade de Lisboa que não voltam a abrir as portas devido à crise. Trata-se de um "fenómeno novo" que se sente nos últimos dois anos no comércio tradicional de Lisboa: "os estabelecimentos encerram e não voltam a abrir", ficando as lojas vazias e fechadas. Os espaços comerciais "permanecem fechados e os proprietários têm muitas dificuldades em arrendar de novo as lojas para outras actividades económicas e lembrou que milhares de empresas têm encerrado as portas ao público, dando como exemplo vários casos de lojas na avenida Almirante Reis, entre a Baixa e o Areeiro, e nas ruas Saraiva de Carvalho e Ferreira Borges, em Campo de Ourique. Fiz hoje os itinerários de que fala o presidente da União de Comerciantes e confirmei tudo isso. A crise veio mesmo para ficar e…durar!
O que diz é verdade, o mercado de Arroios está em decadência. Diminuíram os vendedores e os clientes. Não tinha pensado nessa perspectiva, quando tirei a foto, e sim, foi a um sábado ao fim da manhã. Verdade, o entrecosta da loja 20 era óptimo!
Bela fotografia. Triste conclusão. Julgo que devia pura e simplesmente banir-se os centros comercias, os hipermercados e os 'retail' parques. Talvez o merceeiro-mor e afins optassem mais condignamente pelo comércio de bairro como melhor centro comercial e zelassem melhor pelo asseio e segurança das ruas desse comércio. Ou talvez dessem cabo de tudo à mesma.... Cumpts.
De um discurso de Orson Welles, citado de memória: "nestes tempos dos grandes supermercados chegará o dia em que teremos saudades do merceeiro da nossa rua".
Tenho muito gosto em ouvir as vossas divagações românticas, mas a verdade é que este mercado é uma miséria, não existe qualquer tipo de higiene, o lixo acumula-se, o estacionamento (dos veículos do mercado) é escandaloso, os produtos são caros e a qualidade não é minimamente garantida, etc. Este mercado só perpetua um estilo de vida que não deveria existir no séc. XI, em que as tascas em volta se enchem de alcoólicos e arrumadores que afastam as pessoas de um bairro que chegou a dar indícios de desenvolvimento com a chegada de estudantes e erasmus, mas que por falta de espaços de qualidade, ocupados por estas tascas que se mantêm abertas graças ao mercado, se têm mudado. O barulho é constante a partir das 5 da manhã, é impossível arranjar lugares de estacionamento, a seguir ao mercado é ver restos de peixe lavados para os passeios... Em suma, não me parece que sejam os hipermercados a acabar com estes sítios, mas sim a falta de nível dos mesmos e a falta de brio dos seus proprietários que ficaram parados num tempo em que tinham sucesso com a sua qualidade miserável apenas por falta de concorrência.
Não confundir a minha opinião com a daqueles que não gostam de mercados, eu sou a favor de pequenos mercados, mas com a qualidade daqueles que se encontram nas grandes cidades europeias e não o nojo dos mercados portugueses.
Lindo!!! Uma vez a minha mãe estava na bicha pra comprar batatas e uma velhota passou-lhe à frente. A minha mãe disse “Isto é que é ser esperta! Pronto passe lá à frente” e a velhota voltou-se para trás, vá de erguer a mala bem firme na mão, e deu uma valente cacetada à minha mãe. Nunca me hei-de esquecer!
Oh Gin! Esta sua descrição dos sábados na praça fez-me voltar ao passado. Era mesmo assim! Que pena que não se mantenham estes mercados a funcionar como antigamente.
10 comentários:
Olho esta fotografia e sinto um arrepio. Esta conversa, penso que a um sábado, só é possível hoje, um tempo de crise. Frequento o Mercado de Arroios há uns 35 anos e era um burburinho imenso, um bulício, um vozear de pregões e vernáculo. Ao sábado então, era uma loucura, apenas se circulava aos encontrões. Ainda não acontecera a expansão dos supermercados e das grandes superfícies. As duas mulheres conversam e ninguém em redor, apanas um comerciante de queijos, ao fundo, à espera de clientes que não chegam. Do tecto pendem ainda dois balões de Santos Populares. Possivelmente ainda estarão ali quando o Natal chegar e já o sentimos tão próximo.
Segundo a Lusa, o presidente da União das Associações do Comércio, alertou para o encerramento de muitas lojas e empresas na cidade de Lisboa que não voltam a abrir as portas devido à crise. Trata-se de um "fenómeno novo" que se sente nos últimos dois anos no comércio tradicional de Lisboa: "os estabelecimentos encerram e não voltam a abrir", ficando as lojas vazias e fechadas. Os espaços comerciais "permanecem fechados e os proprietários têm muitas dificuldades em arrendar de novo as lojas para outras actividades económicas e lembrou que milhares de empresas têm encerrado as portas ao público, dando como exemplo vários casos de lojas na avenida Almirante Reis, entre a Baixa e o Areeiro, e nas ruas Saraiva de Carvalho e Ferreira Borges, em Campo de Ourique.
Fiz hoje os itinerários de que fala o presidente da União de Comerciantes e confirmei tudo isso. A crise veio mesmo para ficar e…durar!
O que diz é verdade, o mercado de Arroios está em decadência. Diminuíram os vendedores e os clientes.
Não tinha pensado nessa perspectiva, quando tirei a foto, e sim, foi a um sábado ao fim da manhã.
Verdade, o entrecosta da loja 20 era óptimo!
Bela fotografia. Triste conclusão. Julgo que devia pura e simplesmente banir-se os centros comercias, os hipermercados e os 'retail' parques. Talvez o merceeiro-mor e afins optassem mais condignamente pelo comércio de bairro como melhor centro comercial e zelassem melhor pelo asseio e segurança das ruas desse comércio.
Ou talvez dessem cabo de tudo à mesma....
Cumpts.
Está como eu...Quando fotografei só vi as vizinhas animadas e não reparei no panorama desolador.
Cumprimentos caro Bic
De um discurso de Orson Welles, citado de memória: "nestes tempos dos grandes supermercados chegará o dia em que teremos saudades do merceeiro da nossa rua".
Tenho muito gosto em ouvir as vossas divagações românticas, mas a verdade é que este mercado é uma miséria, não existe qualquer tipo de higiene, o lixo acumula-se, o estacionamento (dos veículos do mercado) é escandaloso, os produtos são caros e a qualidade não é minimamente garantida, etc. Este mercado só perpetua um estilo de vida que não deveria existir no séc. XI, em que as tascas em volta se enchem de alcoólicos e arrumadores que afastam as pessoas de um bairro que chegou a dar indícios de desenvolvimento com a chegada de estudantes e erasmus, mas que por falta de espaços de qualidade, ocupados por estas tascas que se mantêm abertas graças ao mercado, se têm mudado. O barulho é constante a partir das 5 da manhã, é impossível arranjar lugares de estacionamento, a seguir ao mercado é ver restos de peixe lavados para os passeios... Em suma, não me parece que sejam os hipermercados a acabar com estes sítios, mas sim a falta de nível dos mesmos e a falta de brio dos seus proprietários que ficaram parados num tempo em que tinham sucesso com a sua qualidade miserável apenas por falta de concorrência.
Não confundir a minha opinião com a daqueles que não gostam de mercados, eu sou a favor de pequenos mercados, mas com a qualidade daqueles que se encontram nas grandes cidades europeias e não o nojo dos mercados portugueses.
beko, nunca fui ao mercado de arroios mas acredito que nem todos olhamos para as coisas com os mesmos olhos...
Lindo!!!
Uma vez a minha mãe estava na bicha pra comprar batatas e uma velhota passou-lhe à frente. A minha mãe disse “Isto é que é ser esperta! Pronto passe lá à frente” e a velhota voltou-se para trás, vá de erguer a mala bem firme na mão, e deu uma valente cacetada à minha mãe. Nunca me hei-de esquecer!
Oh Gin! Esta sua descrição dos sábados na praça fez-me voltar ao passado. Era mesmo assim! Que pena que não se mantenham estes mercados a funcionar como antigamente.
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