20 de dezembro de 2012

Apocalipse a modos que doméstico



Sabemos que o que faz história na comunicação social é, em grande parte, «o homem que morde o cão»… frase gasta, com validade no quotidiano dos leitores. Certos acontecimentos são levados às últimas consequências, em detrimento de informações cruciais a que qualquer cidadão tem direito. Apesar das reflexões, fica-se a pensar no que se terá passado na «vida real» (?), quando é notícia o facto de um cliente de determinada instituição bancária ser atendido na rua por – segundo o jornal – se encontrar «mal vestido»… É passada em revista uma discussão memorável, no interior de um autocarro da cidade, entre um passageiro que, de fato macaco embebido em óleo, insiste em ocupar um assento deste transporte e o motorista, informando-o que o não pode fazer, sob risco de estragar o vestuário de passageiros quando vagar o banco onde se sentou… a memória surge, nítida, mesmo que nada tenha a ver com o cliente da instituição bancária com exigências de rigor do figurino (terá sido mesmo assim?). Também se fica de olhos arregalados com este apocalipse now, já programado para o dia de amanhã… Parece que na cidade de Tomsk foi comercializado um kit de sobrevivência para o evento, contendo o mesmo – passa-se a citar: «cereais, uma barra de sabão, um canivete, pastilhas purificadoras de água, um estojo de primeiros-socorros, velas, uma caixa de fósforos e - como não podia deixar de ser - uma garrafa de vodka». Fica-se a pensar se por aqui não haverá influência do antigo Egipto, caso contrário para que serviria o conteúdo desta caixinha comercializada pelo equivalente a 25 aéreos? Cada vez com maior dificuldade em destrinçar realidade de ficção, prepara-se uma evasão rumo ao sol sem que, num relâmpago, surja a memória da quadra que – opinião pessoal e discutível – deve ser festejada em qualquer altura do ano, desde que não se sinta a agitação e algum azedume (a evitar) destes dias que atravessam as chamadas «festas».

Have yourself a merry... whenever.

P.S: continuamos a encontrar relatos mais verosímeis em Orwell com o seu 1984.

3 comentários:

Luísa disse...

Eu não percebo a utilidade dos bunquers e dos kits de sobrevivência... se o mundo acaba... quer dizer que não fica ninguém para a amostra. Se não fica ninguém... os bunkers e os kits... não é?!?! :D

Quanto ao senhor do banco... eu vi o vídeo e ele nem estava assim tão mal. Mas lá está... gente preconceituosa é outra coisa. Uma vez fui tirar fotografias "tipo passe" a uma máquina automática uqe havia na estação de metro. E uma impiriquitada perguntou-me "vais assim?" eu estava de calções, camisola de manga cava e havaianas porque estava um calor de rachar. Se eu ia fotografar a cara... que interssava se os calções eram largalhões ou não?!?!

Aqui é coisa que eu gosto: se o dinheiro não for falso e não formos mal-educados... as portas abrem-se, estejamos de fato ou saídos da estrebaria...

teresa disse...

Pois, Luísa, comentaram comigo essa questão do vestuário e do gerente. No jornal habitualmente lido não tinha encontrado a «pérola», pensei que fosse um furo para captar públicos… dei-lhe o benefício da dúvida.

A ser verdade... «mille milliards de mille sabords!» .

Há dias, passei uma manhã inteira no banco para resolver um assunto de tesouraria e encontrei uma funcionária (rigidamente, digo eu) vestida de acordo com o figurino, de cabelo muito «lacado», que me pediu (não exagero) cerca de 20 assinaturas noutros tantos impressos, o que veio a provar (como me atrevi a suspeitar) não ser desse modo que se resolvia a situação.

Quando lhe perguntei «mas não assinei impressos suficientes em ocasiões anteriores? Não têm já a minha assinatura?» , deu-me uma resposta indecifrável, em monossílabos, mas com ar entendido...

Só consegui desbloquear tudo umas 3 horas depois de sair do banco , quando liguei para a linha de atendimento da referida instituição, e à beira de um (controlado) ataque de nervos.

Se atendêssemos menos à «encadernação» e mais à eficácia… (e a ser verdade a peça refere uma a justificação xenófoba, tão lamentável quanto a discriminação inicial)

Luísa disse...

Eu sempre fui desligada na forma de vestir. Acho que o embrulho não faz tudo!! E por causa disso cheguei a ter dissabores na escola que frequentei, mas também na faculdade.

Depois que vim para aqui... a coisa ainda me faz mais confusão.
Ele é cristas e cores berrantes nas unhas, lábios e olhos para funcionários de farmácias, supermercados e segurança do aeroporto. Ele é polícias com brincos. Ele é piercings em sítios estranhos. Ele é alargamentos arrepiantes (é a única coisa que me faz confusão). Ele é gente com DOIS doutoramentos e roupa comprada em segunda mão. Ele é empregados das obras e das limpezas a tomarem café lado a lado com senhores engravatados. Eu tenho uma cliente que trabalha com cavalos. Tem dias que entra na loja... cheira tão mal!!!! Ela não vem suja, mas os odores entranham-se nas calças de cavaleira que ela traz. E que faço eu?? Ponho-a na rua??? A única coisa que faço é abrir um pouco a porta e uma janela para refrescar o ar!!
O meu "gestor de conta" atendeu-me sem gravata posta, o meu neurologista usa calças de ganga coçadas e casacos de fato de treino...
Se forem eficientes... até podem andar nus!!!

É que o senhor, pelo que vi no vídeo, nem está assim tão mal!!!