14 de outubro de 2011

Diz-se que é uma sondagem a modos que caseira



(imagem: corporacoes.blogspot)
Eis que o outono estival deixa de ser prioritário tema de conversa em espaços públicos, já que fatores de maior responsabilidade pela subida da temperatura se «alevantam».
Sento-me na cafetaria para almoçar : poiso, na mesa de fórmica, um prato de comida caseira a preço acessível . O espaço reune muitos dos que trabalham no bairro , fisionomias que começam por se tornar familiares. Da mesa coletiva próxima, diversas vozes   clamam mais alto: é o critério dos mil euros para cortes de 13º e 14º meses «porque sim», independentemente de se ter familiares idosos e doentes a cargo; é a casa que se comprou quando contrair empréstimo bancário se tornava menos pesado do que um pagamento mensal ao senhorio; é a aceitação, sem controvérsias, da alteração ao horário semanal de trabalho, o que consegue ser entendido, ao contrário de tudo o resto.
De regresso aos afazeres e a tentar mergulhar no hostil universo dos números, comento com o técnico de contas - antes de dar início a um encontro formal – a questão do aumento do IVA na restauração. Parece que neste particular, mais do que ficar o turismo afetado (que significado terá o aumento das refeições em restaurante para um sueco ou para um britânico de férias?), o risco será o encerramento de inúmeros estabelecimentos familiares de bairro onde, até à data, a módica quantia de cinco euros paga uma refeição completa: vamos decerto regressar ao tempo de lancheiras em empresas (espera-se que criem um espaço condigno para repastos, sob risco de colocação da marmita ao lado de documentos oficiais ou de missivas de maiore formalidade podendo, ainda, o caldo verde inundar o teclado do PC).
Destaco o «cartoon» de Luís Afonso no Público de há dois dias, é que – citando o autor – taxar uma sopa juliana como quem taxa um anel de diamantes não parece fazer sentido, bom, se for uma vichyssoise…

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