11 de agosto de 2010

Escola Móvel fecha



“Sei que a Escola Móvel é um investimento muito caro mas era a única oportunidade que teria de conseguir um curso. Sou feirante porque sou filha de feirante, mas não quero ter esse futuro, quero ter uma vida mais estável”. Palavras de um dos 110 estudantes, do 2º, 3º ciclos e Secundário da Escola Móvel, constituído por alunos adolescentes filhos de profissionais itinerantes, do circo e das feiras, e por jovens mães da Ajuda de Mãe.
Funciona em sistema de ensino a distância, apoiado por meios informáticos, com horários, trabalhos e exames. Tem, actualmente, um corpo docente de 28 professores.
O custo do projecto da Escola Móvel tem sido divulgado, no estrangeiro, como uma boa prática.
[retirado de artigo de Barbara Wong, jornal Público de 10-08-2010]

O investimento em educação nunca é demais, nunca é caro, sobretudo se estivermos a falar de franjas sociais que estão afastados do sistema educativo comum, pela natureza da profissão itinerante dos pais, ou porque a vida de adolescente foi interrompida pela natividade de mais um português.
Não entendo esta medida, nem mesmo dentro de uma lógica economicista.
Se multiplicarmos o custo de aluno/escola/ano por 110 alunos, quanto dá? Será assim tão inferior aos custos da Escola Móvel, ao ponto de interferir nas metas do, já mal fadado, PEC? Não creio!
Aos economistas não podem caber as medidas sociais.
Qual são os resultados pedagógicos deste projecto?
Qual será a razão pedagógica ou social para tal medida?
Alguém pode esclarecer-me?
Que futuro queremos para estes adolescentes?

6 comentários:

teresa disse...

Ontem li a notícia e nem queria acreditar... conheço professores envolvidos, até à data, no projecto que se sentirão decepcionados, pois deram o seu melhor. A preocupação vai sobretudo para os destinatários, os jovens, pois quem já trabalhou com populações nómadas, sabe da quase impossibilidade de se fixarem num estabelecimento por imperativos culturais e de organização familiar.

Luísa disse...

Eu não conheço ninguém envolvido no projecto, seja aluno, seja docente. Mas a revolta é a mesma que eu teria se fosse aluna.
O que esses economicistas de m**** querem é destruir o país por completo. Tornar as pessoas estúpidas, para poderem fazer "gato sapato" delas e irem metendo dinheiro aos bolsos. Se esses senhores, que fazem contas, que ninguém entende, só para justificar tal barbaridade, fossem despedidos.. já havia dinheiro para manter esse e outros projectos.
Se o caro Miguel obtiver esses esclarecimentos que pede, partilhe-os, por favor. Pois com toda a certeza há mais gente, além dos lesados,a querer saber o porquê das coisas...

teresa disse...

O próximo passo (mais uns 3 anitos) será a privatização da escola pública, isto com base em informações , o tempo se encarregará de as confirmar (ou não)... os mega-agrupamentos parecem ser just the beginning...

Miguel Gil disse...

Luisa, o meu post não é de todo uma adivinha. É um apelo a que nos expliquem.
Se vier a ser conhecedor de melhor informação sobre a situação, claro que a partilho.

Anónimo disse...

Sou aluna da Escola Móvel.
Quando soube da existência da Escola Móvel, fiquei surpreendida como ainda se lembraram das pessoas que não tem possibilidades de irem para uma escola fixa...
Eu decidi entrar no projecto e foi espectacular. Estudo bem por computador e aprendo igual aos outros alunos das outras escolas!
Mas quando soube que a Escola Móvel ia fechar fiquei muito triste porque era a única maneira eu ir para uma escola e a única maneira de aprender...
Não posso ir para uma escola fixa porque assim nunca vou aprender nada, eu estava sempre a mudar de terra nunca fica-va uma semana na mesma terra. Eu ia para as escolas e dava-me a matéria baralhada, Assim não conseguia aprender nada! Mas quando conheci a escola móvel tudo mudou para melhor.
Porque vão fechar a escola móvel????!!
"Porque nos vão tirar a única oportunidade de ter um futuro"
:(

Miguel Gil disse...

É esclarecedor o seu comentário em dois aspectos: A razão de ser da Escola Móvel; A insensatez de deixar um grupo de jovem sem perspectivas de continuidade regular de aprendizagem académica.
Anónima (aluna da Escola Móvel), mantenha a ‘garra toda’ nessa sua vontade de aprender, Portugal necessita de gente assim!
Ao Ministério da Educação dirijo as palavras do vosso antigo Ministro, Professor Marçal Grilo: “Se não estudas, estás tramado”.