19 de julho de 2010

ainda a questão da dimensão das escolas


titulava hoje o púbico a toda a largura de uma página que 'ao contrário de portugal, lá fora aposta-se no regresso a escolas mais pequenas'.
e dava em subtítulo o exemplo do estado de nova iorque em que os alunos tinham melhores resultados depois de passarem para escolas mais pequenas.
quando alguém quer dizer mal de alguma coisa, tudo serve. até o risco de penteado.
o 'público' tem uma espécie de aversão às medidas do governo que roça o doentio.
e essa aversão tolhe-lhe o raciocínio.
começa por confundir escolas com agrupamentos de escolas.
depois baralha a redução das escolas em nova iorque para 400 alunos com a eliminação em portugal das escolas com menos de 20 alunos.
esquece-se de que em imensos concelhos do país, 400 alunos são mais do que o total de educandos do concelho...
e esquece-se de salientar o facto de as tais novas escolas para 400 alunos serem... novas. logo, com melhores condições para ensinar e aprender, e previsivelmente com melhores resultados.
as escolas em portugal com 20 alunos, obtêm esse número somando os alunos dos 4 primeiros anos de ensino, muitas vezes com um único docente a dar em simultâneo 4 matérias diferentes a alunos que, pela dimensão das salas, são obrigados a escutar a matéria de anos que não são os seus.
continuar com este discurso absurdo da desgraça do fecho das escolas com menos de 20 alunos é de quem opta pela cegueira como modo de olhar o mundo.
mas cada um sabe as linhas com que se cose.... ou os olhos com que quer ver o mundo

6 comentários:

T disse...

As escolas pequenas funcionam melhor. Vejam-se os belíssimos registos da Maria Remédio:)

carlos disse...

dependo do que acharmos pequenas.
as escolas com 20 alunos numa sala divididos por 4 anos, com uma única professora e sem outra coisa na escola que não seja a sala de aula, não funcionam melhor.

a experiência de fajão mostra que os alunos estarem numa escola com maior dimensão (menos de 200 no seu total), com várias salas, vários professores, actividades extra curriculares, funciona muito melhor..

para as crianças de fajão, ainda bem que a escola de fajão fechou

teresa disse...

Só vi o título, mega-agrupamentos não serão decerto uma boa medida, mas há que não os confundir com grandes escolas (embora, na prática, vá acabar um pouco nisso em particulares que suspeito virem a tornar-se realidade... o tempo o irá infelizmente clarificar)... Há um exemplo «inovador» (para mauzinho) no concelho aqui ao lado: uma escola de 1º ciclo com 750 alunos a dar que pensar: os pais mais atentos lamentam não terem alternativa, até horários de 2h semanais e dia fixo há por turma, para poderem ir à biblioteca, não existindo um espaço exterior condigno para as crianças. Recorrendo a um lugar-comum, a virtude estará «no meio», no que diz respeito à dimensão das escolas. Só concluo que com a experiência pessoal (já considerável), gostaria de ter na minha escola metade dos alunos (e que houvesse outra a poucos quilómetros para as restantes 4 centenas). A perspectiva será uma gestão centralizada para uns largos milhares (isto fazendo um 'cocktail' com 2 ingredientes: dimensão de escolas e os mega-agrupamentos)

carlos disse...

a minha questão com o 'público' tem mais a ver com a mistura de coisas que não devem ser misturadas:
o fecho das escolas com menos de 20 alunos onde é praticamente impossível fazer um bom trabalho pedagógico e de convivência com outras experiências, quer pela parte dos alunos, quer pela parte dos professores não tem nada a ver com as escolas públicas nos estados unidos (que dependem fundamentalmente do poder económico dos seus pais para exercer lobby), nem com a redução de escolas com milhares de alunos para uma dimensão de... 400.
estamos a falar de coisas distintas.
tenho a certeza que as escolas com milhares de alunos são vagamente ingovernáveis e que deveriam passar para dimensões mais reduzidas.
mas isso também não tem a ver com o conceito de agrupamentos de escolas, que na sua base são isso mesmo: agrupamentos de escolas diferentes.
as desconfianças são outra coisa e de outro campeonato.
se devemos estar atentos? claro que sim.. e devemos impedir que possamos ter razão com os nossos receios

T disse...

Não estava a falar de micro-escolas..Mas escolas de cem ou duzentos alunos:)

lulu disse...

Na minha modesta opinião, há que considerar distâncias percorridas pelos alunos. Mesmo sem estes recentes cortes, há miúdos pequenos a fazer distâncias enormes para chegar à escola, as carrinhas que fazem a recolha dos alunos fazem percursos enormes.
Embora possa não concordar com as micro-escolas, acho que há mais factores a ponderar, não só o número 20.