"Vivi, pois, durante uma época, ainda que muito brevemente, numa casa cujas janelas me inclinavam para as traseiras de um poeta: Raul Carvalho. Cantava; ouvia-se-lo cantarolar sobre quintais e saguões, à luz de ouro no Outono lisboeta. E ia pondo a sua roupa lavada no estendal, na alegria doce de quem vive, não sozinho; na companhia de versos em louvor dos nada do dia-a-dia. E o seu vidro saía cortado à medida da sua casa. Algo de que nunca eu me cansei, repetindo, repetindo iguais gestos, decerto, na minha própria construção. Ler, não chega; há que ver e ouvir pela abertura do coração, comovidamente"
Paulo da Costa Domingos, Narrativa,
Edições Frenesi, Julho de 2009
Nota: Obrigada à T, cara camarada do dia a dia, que me falou do livro e ao P. por mo ter oferecido. Diz aqui tão bem, o que tantos ainda ignoram. Escritores e leitores: Ser pessoa.
O título do post é retirado do mesmo livro.
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