31 de dezembro de 2008

Um ano novinho em folha

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Pensei como aqui deixar os desejos mais expressivos para o novo ano. Passadas em revista as habituais ideias, acabei por concluir que, com amizade, tudo se torna mais aconchegante: saúde, dinheiro, paz, e todos os restantes estereótipos não dependem exclusivamente de nós, a amizade sim... faltando-me a inspiração, fui buscá-la a um dos preferidos com quem aprendi, desde que me conheço, que a crítica acutilante e a sensibilidade não são adversárias. Um bom ano para todos, os assíduos e os mais fugidios e aqui ficam, pois, os versos:

Amigo

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,

Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O’Neill, in No Reino da Dinamarca

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