Quando ao sair de casa, pela manhã, deu com os carros em cima dos passeios com as rodas bloqueadas. No topo da rua uma carrinha azul com quatro ou cinco polícias montavam escritório. Verificavam documentos, passavam multas. Alguns dos donos do carros bloqueados empunhavam automóveis, pedindo ajuda sabe-se lá a quem. Um trabalhador dos CTT que deixara a carrinha, para em breves minutos, fazer a entrega de uma encomenda desesperava-se a tentar a explicar aos polícias uma coisa tão simples como o seu trabalho mas enfrentava a insensibilidade dos polícias que, como norma, não têm ponta de bom senso algum.
Lembrou-se então da mensagem que lhe passaram: “eu ando sempre com a máquina na mala e vou registando, para depois divagar acerca. Ou com o nariz enfiado em revistas e livros velhos para encontrar aquela página que quero partilhar…. Ou a esbarrar-me em coisas por andar a olhar para os prédios…”
Num ápice voltou atrás para ir buscar a máquina. A fotografia não é muito abrangente, apenas conseguiu apanhar dois carros dos muitos carros bloqueados. Um polícia olhou-o e ele receou por aquilo que vê nos filmes americanos: máquina arrancada das mãos e destruída.
É um facto que os carros ocupam os passeios dificultando a passagem a crianças, velhos, deficientes e, de modo algum, defende que isso seja correcto. Mas o que ele desejava é que polícia zelasse por isso, que é importante, mas que também se preocupasse com as drogas que neste momento da manhã estão a ser vendidas à porta da Escola António Arroio, ou que tivessem impedido que dois meliantes, na véspera, na Rua Carrilho Videira, roubassem as compras que do, Minipreço, um casal de velhotes trazia na mão, mais os poucos euros que ainda lhes restava. É isto que o revolta e que o leva a dizer que se está borrifando para os carros em cima do passeio desde que se sentisse minimamente seguro na cidade onde vivei.
Não há polícias suficientes? Melhor que pedir mais polícias seria exigir que houvesse menos ladrões, mas sabe que há polícias subaproveitados em esquadras, e outros departamentos, a fazerem tarefas burocráticas, outros que se transportam numa motorizada para fazer a entrega de multas e outras intimidações. Sabe também que quando um qualquer buraco é aberto no passeio, na rua, para colocar canos, cabos diversos, de imediato estão plantados, um, dois, três polícias, consoante o tamanho da obra, a verificar não sabe bem o quê.
Sabe apenas que, pela manhã, na rua onde viu os carros bloqueados e os polícias a passar multas, o que ele queria é que, esses polícias juntamente com outros, estivessem empenhados em tarefas bem mais importantes para a segurança dos cidadãos.
Parafraseando um antigo ministro, que hoje ainda é ministro, mas noutro ministério: “Esta não é a minha polícia!”
N.do A.: o título do post é retirado de um poema de Alexandre O’ Neill publicado em “Feira Cabisbaixa”
Texto e Foto de Gin-Tonic
6 comentários:
o problema é que a polícia não tem essa atitude por sistema... se diariamente a policia multasse os carros mal estacionados em lisboa, provavelmente, daqui a uns tempos, haveria muito menos carros nos passeios. mas como poucas vezes a polícia se digna a multar os carros que estão mal estacionados... continua a dar lucro arriscar no momento de optar entre pagar estacionamento ou estacionar em cima do passeio.
Convido a minha cara vizinha a passar em frente ao edifício da PJ da Gomes Freire e a ver as motos e os carros em cima do passeio...
De quem serão as motas, em cima do passeio, a dois metros da porta do piquete da PJ?! ;-)
E isto acontece ao mesmo tempo que os «jovens» da Spark, ao serviço da EMEL, com «mandato» da CML, passam «talões» de multa a quem não tem talão válido ali nas redondezas...
P.S. - Note que não critico quem as lá põe, desde que não incomode os transeuntes, porque efectivamente não há estacionamentos suficientes na cidade... mas critico a Spark, a EMEL e a CML... E para quê três entidades para cobrar aquilo?!?!?
Caro vizinho: Esse post é do gin-tonic. Por um problema técnico andei a postar-lhe os textos, mas agora já está resolvido e o último já foi devidamente identificado..
Mas tb me dá ideia que o Gin é vizinho!
:)
Fica, então, o convite tb ao Gin...
Este é um assunto em que me encontro à vontade: a minha incompabilidade com automóveis começa logo porque nem carta de condução tenho. Incomodam-me os carros nos passeios mas não entro em fundamentalismos porque sei que há famílias com dois, três carros, nem todos necessários , mas apenas por que é bem ter carro.Sabendo-se que só os prédios construímos nos últimos anos disponibilizam garagens, ficamos com uma série de lata sem espaços para a colocar. É este o busilis da questão. Restam os passeios.Concordo que a polícia deva zelar por isso mas, como disse no texto, só depois de ter criado condições para suster a onda de criminalidade e violência que coloca, em sérios riscos, a segurança dos cidadãos.
Somos dois sem carta...
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