mesmo para mim que gosto de sons estranhos.
mas é um disco excepcional.
por muitas razões (e uma delas é seguramente a sua música)
jon rose começou nos anos 90 com um ambicioso projecto em que se propunha tocar nas diversas vedações que dividem cidades, povos, países.
vedações que mais do que conterem a violência, acentuam ódios, perpetuam divisões artificiais, aumentam violências.
vedações que nos tentam separar definitivamente do outro, do estrangeiro, do inimigo, do refugiado, do diferente.
jon rose tocou, como se de um violino se tratasse, no arame farpado que divide israelitas de palestinianos; no que divide coreanos do norte dos do sul; no que separa os cipriotas do este dos do oeste; no que separa os mexicanos dos estados unidos; os alemães de um lado e do outro de berlim.
jon rose, the fence
ele procurou mostrar, por um lado, a violência dessas separações artificiais; por outro, que podemos transformar essas fontes de ódio em instrumentos de união e desmontar a sua imagem, humanizando-a através duma linguagem que todos entendem: a música.
o mundo não ficou melhor por causa da utopia de jon rose neste projecto. mas ajuda-nos a olhar para essas barreiras de um outro modo e a procurar entender melhor o que levou a que isso acontecesse.
esta semana, ao olhar para este disco, lembrei-me da pessoa que frequentemente me atendia na loja onde ao tempo mais discos comprava (a vc do ccb). um profissional de excelência que (tanto quanto me pareceu pelos primeiros conselhos) era um amante da música 'clássica' e da electrónica, mas que foi a pessoa que mais rapidamente 'percebeu' que tipo de cliente tinha na frente e me dava sempre nota das suas recomendações discográficas e mas fazia ouvir.
e grandes descobertas me mostrou.
de repente deixei de o ver lá, mas nunca me deu para perguntar por ele, a quem jamais soube o nome.
tardiamente, este post é um agradecimento. hoje, que o trago a tocar.
(e olhando para o preço, 3.850$00, fico a pensar que ao contrário do que achamos, os discos estão bem mais baratos agora)
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