9 de outubro de 2008

brel, sempre

'foi o tipo que mais me marcou. o carlos (do carmo) tem aquela influência do sinatra e da representação dele em palco. a mim foi o brel. lembro-me de estar a um canto do olympia a ouvi-lo. o suor escorria por ele a notava-se a mancha de água no chão quando acabava. ele dava tudo no palco. perdia não sei quantos quilos em cada concerto.
o tipo era um génio'

este é uma espécie de resumo duma conversa com o zé mário branco no foyer do são jorge enquanto se fazia tempo para o começo dum concerto pelo iraque e ele falava da produção do álbum do camané e do que ele achava que devia ser a atitude do cantor num palco.


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o jacques brel é um daqueles raros cometas que passam pela música popular.
teve uma carreira curtíssima: mas entre o primeiro single gravado em 1953 e o último concerto em roubaix em 1967 deu milhares de concertos e chegou a dar 7 (sete) numa noite. mais de 365 por ano.
em todos a entrega era total. cerca de um quilo do seu peso esvaía-se em suor em cada actuação.
no final dos anos 60 decidiu que era altura de procurar outras coisas e deixou-se de concertos.
no último concerto no olympia teve palmas durante horas e a ultima vez que voltou ao palco já estava em roupão.
14 anos de carreira em palco, mas onde os primeiros foram de bater de porta em porta e a ouvir recusas porque era demasiado feio.
14 anos e mais de 500 canções compostas.
depois foram alguns anos a fazer teatro e cinema e a passear pelo mundo.
e cada um sempre a querer acreditar que ninguém abandona realmente uma carreira no seu auge apenas porque quer ter tempo para si.
essa esperança acabou na madrugada de 9 de outubro de 1978 quando na clínica de bobigny foi declarada a sua morte.



como bom ateu, não acredito em vidas depois da morte, por isso acho que todos somos 'imortais' enquanto a memória de nós permanecer nos outros.
até agora o brel tem sido imortal e sê-lo-á durante muitos mais anos seguramente.
e faz-nos falta alguém assim.

6 comentários:

gin-tonic disse...

Teria sido bom que a morte se tivesse esquecido dele.Falar de Brel é termos a sensação que estamos num beco sem saída, acaba-se a escrita e fica-se com a ideia que ficou tudo por dizer, ele que cantou tudo o que as nossas vidas são. É por isso que sabemos de certeza certa que nunca cairá no limbo do esquecimento.
Um abraço.

AnaMar (pseudónimo) disse...

Nunca cairá no esquecimento como tantos outros que nos tocam e que imortalizamos dentro de nós.

Falar (e ouvir!) Brel, provoca-me nostalgia sim. Mas felizmente, acho que muita coisa (tanta ainda) pode ser e é dita...Embora eu fique com a ideia de que Brel disse tudo, recordo outros nomes que na idade em que os ouvia, também me pareciam não deixar nada por dizer...
Georges Moustaki e Leo Ferrè, por exemplo...com a diferença que estes continuam a dizer..

Vou recordar "La Solitude"...

Abreijos

erre disse...

"L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas
Pu te rencontrer
Ne me quitte pas"

T disse...

Grande Brel. Chorei baba e ranho quando ele morreu. Eu vou recordá-lo com Les bonbons:) Prefiro a vertente dele sarcástica.

Anónimo disse...

Gosto de Brel, seja com sarcasmo como em "Au Suivant" ou com muito afecto como em "Voir um ami pleurer".
A propósito de datas,John Lennon faria hoje 68 anos.

Paulo disse...

De Brel, Les Vieux.