12 de junho de 2005

tonterias de verão - o banho

No final do banho entreabro só um pouco o ralo e deixo a água escoar lentamente. Deito-me na banheira só com os olhos e o nariz de fora. Aguardo. A princípio a água parece descer devagar, sente-se o fresco do ar só aqui e ali, onde a água deixa de chegar. Muito agradável. Mais ainda quando esses pontos começam a juntar-se e a formar uma grande superfície de contacto com o ar. Neste momento já se sente um perímetro desenhado no corpo. Uma membrana que se vai alargando até ao máximo do nosso volume e que depois se comprime de novo, ajustando-se perfeitamente à medida que vai descendo a lugares menos familiares. É neste ponto que se sente o peso a aumentar, a água escapa-se e com ela a leveza e a lentidão que lhe são próprias. No fundo da banheira sobra um corpo que podia ser o de uma lesma. Não é. Sou eu, antes de me levantar e procurar agarrar a toalha.

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