15 de março de 2005

Primeira(s) medida(s)

E o governo, cheio de tesão e sangue fresco na guelra, lá arrancou.
É evidente que, pelas primeiras impressões, nada se pode avaliar ou perceber com clareza. Mas, mesmo assim caímos frequentemente na tentação de uma avaliação permatura e, muitas vezes apercebemo-nos, tempos depois, que estávamos redondamente enganados. Ora, para não fugir à regra, vou cair em tentação.
Considero que a primeira medida anunciada, com pompa e circunstância, foi extemporânea e desenquadrada. Refiro-me, claro, à decisão de liberalizar a venda de medicamentos isentos de receita médica, tornando possível a sua comercialização em supermercados. Não que a considere errada: este tipo de medicamentos é de uso e conhecimento comum, já é comprado livremente em qualquer farmácia (habitaualmente sem o mínimo de aconselhamento técnico) e, por fim, este sistema já é utilizado em muitos paises europeus. Mas é extemporânea porque foi praticamente a primeira decisão de fundo anunciada pelo nosso filósofo: como se fosse a notícia que todos precisávamos de ouvir, e não é. Como se fosse a medida que vai, finalmente, endireitar cá a choldra, e não é. E é desenquadrada porque não vem acompanhada de nenhuma outra acção no campo da saúde: e existem muitas outras, e muito mais importantes que esta.
Deu-me ideia de uma coisa avulsa, tipo "cagou, pensou e falou..."
E vai desencadear um braço-de-ferro com a ANF... o que não bom augúrio! vidé aqui...

Além disso, continua-se no habitual faz-e-desfaz. Se a opção de espalhar Secretarias de Estado pelo país foi peregrina e com pouco, ou nenhum, contributo prático para a ambicionada descentralização, esta súbita decisão de, pura e simplesmente, fechar as portas e voltar em marcha forçada para Lisboa cheira muito a "vamos lá fazer o contrário deles"... Parece-me que o lógico seria dar um período adequado, para perceber o bom ou mau funcionamento da coisa, e depois decidir.

Mas como disse, são apenas primeiras impressões, retratos ainda desfocados. Temos quatro (ou oito) anos para ver...

PP: No jantar tinham-me garantido que o Santana ia voltar à CML... não acreditei. Pois!

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