Foi a 2 de Outubro de 1982. Eu fiquei sentado na escrivaninha do nosso quarto durante o início da manhã. Às dez e meia da manhã eu sabia que era o intervalo dele e então perguntei à minha mãe se podia ligar para o meu irmão. A minha mãe respondeu que eu só podia ligar para a escola e quando ligasse não seria o meu irmão a atender. Então eu disse que no dia a seguir ele podia levar um walkie-talkie (tínhamos uns magníficos walkie-talkies Fisher-Price, vindos do Canadá, lindos e que ainda hoje parecem modernos e super-profissionais) e eu falava com ele de casa. A minha mãe disse que os walkie-talkies não funcionavam a uma distância tão grande. Eu voltei a insistir em telefonar para a escola. A minha mãe disse que se telefonasse quem atenderia era o director e o director não sabia quem era o meu irmão e não iria andar às voltas pelo recreio à procura do meu irmão. Eu perguntei se o pai podia comprar outro telefone e dá-lo ao meu irmão para ele levar para a escola porque o telefone já dava para falar à distância da escola. A minha mãe disse que não era possível.
A ideia de que o avanço tecnológico é que cria as nossas necessidades é uma estupidez. No dia 2 de Outubro de 1982 às 10:34 da manhã eu senti intensamente e pela primeira vez a necessidade de um telemóvel.
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