6 de dezembro de 2013

Lisboa sob o sol de outono


A surpresa da saída. De um espaço interior, frio, abro a porta para a cidade. Calor de aconchego que traz para a rua, sem pressas, moradores junto aos caixotes de fruta, dispostos ao longo do passeio; alguns conversam em bancos de jardim, relegando relógios a uma inutilidade absoluta.

 

Decido regressar a pé, caminhada de uma hora, para saborear a temperatura amena (já que – pasme-se – é o tempo de espera para o autocarro). A luminosidade da tarde, ouro líquido, apazigua. Consegue-se viver a sensação (não pensamento) do sol de outono. A tarefa menos conseguida é cessar ideias, ao olhar as árvores, testemunhas imperturbáveis dos tempos. É apaziguadora a forma como elas mudam a coloração das folhas, como as deixam cair, despojadas e, meses mais tarde, se deixam visitar por pássaros que quase nascem dos seus ramos, prolongando-os, como um dia escreveu o poeta.




Ouro líquido – penso – cessando em consciência posteriores associações.

3 comentários:

Luísa disse...

Já viu como foi rico o seu dia. O ouro da luz do dia (que inveja, aqui a coisa está cinzenta!!!). O facto de ter uma aula de fitness grátis. E o facto de poupar no bilhete do autocarro (lembrei-me de uma anedota parva antiquíssima!, mas na realidade... uma hora de espera?!?! isso parece sei lá de que mundo).

Seja como for, as cores do Outono são sempre as cores do Outono e com dias de Sol assim há mesmo que aproveitar!

Luísa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
teresa disse...

Na realidade o tempo de espera era de 40 minutos, mas vai quase dar ao mesmo. E a opção foi mesmo por gosto, um dia fantástico e não muito frio :) (em tempos de maior vagar, faço a viagem de ida e volta a pé)