27 de agosto de 2013

Pequena história trágico-marítima


Somos seres terrestres, por isso se admira quem dedique muito entusiasmo a viagens marítimas. Já no final das férias, escolhe-se uma viagem de veleiro, a sair do mar com entrada pelo Tejo, será interessante ver o Bugio de perto, a cidade de um outro ângulo. O início de tarde é ameno, a água parece um espelho, mal se adivinhando o vento (de 45 nós) que se iria levantar. Se as previsões fossem fiáveis, a saída teria sido adiada. De súbito, tudo muda: os sete passageiros (não contando com o comandante e o seu auxiliar) passam todos para um dos lados do barco, dada a inclinação extrema. As ondas galgam a embarcação, fazendo com que todos fiquem encharcados até aos ossos, protegem-se máquinas fotográficas, sob risco de ficarem inutilizadas, o esforço parece vão. Decido entrar na parte protegida do barco, onde fica uma pequena sala e cozinha para fazer companhia aos mais novos que por lá se abrigaram. Saltam almofadas dos assentos, ouve-se, do exterior, o fundo da embarcação a bater nas ondas. Sugiro aos mais novos que façam um esforço para imaginarem como teria sido há 6 séculos, com embarcações artesanais e viagens que duravam meses… Finalmente, a chegada a terra, a tiritar de frio e com um sentimento de segurança. É bom sentir chão debaixo dos pés.




Duas observações finais: caso não fossemos passageiros com autodomínio (em todas as faixas etárias), o comandante teria uma tarefa extra; as imagens captadas, ainda em águas serenas, ficarão como memória futura.

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