7 de junho de 2013

Pela Carris

No autocarro ouço a história dum rapaz ao telemóvel. Foi a uma entrevista de trabalho, propuseram-lhe um período de experiência remunerado com um horário de doze horas por dia e a possibilidade um posterior contrato de trabalho. Ele não tinha a certeza de estar satisfeito. Entretanto não tinha dinheiro para chegar a casa, teria que saír a meio do trajecto e a mãe não lhe atendia o telefone. Deve estar acordada, dizia ele, mas não gosta de fazer nada logo de manhã. Mas o drama do miúdo era: será que devo estar satisfeito ou não?
Fiquei com a mesma dúvida. Estive tentada a dar-lhe uns euros para o bilhete de chegada a casa. Mas pensei: esta atitude parecerá mal?

1 comentário:

Luísa disse...

Pobre rapaz, com tamanho dilema! Claro que não deve ficar satisfeito. Na América é que se tem turnos de 12 horas... e quanto valerá cada hora desse trabalho que, se calhar, pode vir a ser dele (e sabe-se lá se o vcontrato não será a termo)?!?! Claro que não é para se ficar satisfeito.
Mas ao ver que a mãe não faz nada de manhã, nem sequer o telefone atende...

E dar o dinheiro não seria mau da sua parte. No entanto, para ele poderia ser muito mau. É frustrante ver que precisamos de ajuda alheia para comprar um simples bilhete da Carris. Não digo que ele não aceitasse e agradecesse. Mas... o orgulho quase de certeza que ficaria ferido. Principalmente num jovem!

Oh triste mundo este!