Encontrei este livro por acaso, mas já conhecia a autora, Maria O Neill, avô de Alexandre O Neill. As histórias são mais para adultos do que para crianças e o livro regista a data de edição de 1918.Conta à maneira das mil e uma noites, as histórias com que um português republicano exilado enfeitiça Azé a filha do sultão. Não tem um final feliz a história, há paraísos perdidos para sempre...
"João "Soares olhou sua mulher com simpatia e beijou-a ternamente na testa. Depois, passeando a vista em roda com desconfiança, disse-lhe baixinho:
— Se nós pudéssemos recobrar a liberdade!...
Rosa pôs um dedo nós lábios e murmurou muito baixinho: —
Eu pensarei nisso.
E ajuntou quase num suspiro:
Não somos nós os únicos a desejar sair daqui.
Depois, fazendo novo gesto de silêncio, afastou-se para o fundo do aposento. Era tempo. Azé aproximava-se cantando.
Entrando na gruta, a bela bibi olhou em volta e perguntou alegremente, num português que qualquer nacional julgaria Língua estranha
—Stás ben, Jóão Sóárès?
—Muito bem, minha senhora, mas... estou triste.
Triste, porquê?
— Falta-me a minha liberdade, que acima de tudo prezo. Eu não sou ingrato, linda bibi. Vós dais-me e tratais-me com gentileza muito superior ao que eu mereço, e muito reconhecido vos sou por tantos dons; porém eu, tinha tenção, agora que estou velho, de regressar ao meu país. Sei que isso me é já permitido, e eu pensava com grande satisfação poder ainda sentar-me algumas tardes à sombra das laranjeiras floridas que ornam os antigos jardins da velha casa que herdei de meus pais.
— E é bonita a tua terra, mestre? Mais linda de que todas, poisa-se airosamente na borda do Tejo, espalhando a sua variada casaria ao longo de sete colinas formosíssimas. Dizem os antigos que o seu nome era Olíssipo, e que esta era uma palavra fenícia que queria dizer porto de cavalos; outros querem que ela seja derivada do nome de Ulysses"
Parceria António Maria Pereira, Capa de Alonso.
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