22 de julho de 2010
A sobreviver ao desgaste do tempo
No rasto de locais do passado nem sempre é possível o reencontro. Restam-nos, pois, memórias mais ou menos nítidas… É no entanto curioso verificar-se que, tendo desaparecido algumas referências de juventude, outras acenam-nos agradavelmente de inesperados recantos da cidade. E assim somos transportados para épocas em que, de regresso a casa com a satisfação de ter conhecido figuras e momentos inesquecíveis (hoje referências marcantes por terem cessado a sua existência neste exíguo planeta) alguém, no paredão junto à praia, toca trompete sob uma noite clara, fazendo com que perdure um tema sem tempo. A conjugação do trompetista (quem sabe se inspirado pelo evento há pouco terminado) com a natureza envolvente: uma noite clara que nem parece de Novembro, surdo desfazer de ondas disciplinadas a poucos metros do local onde se encontra - um quadro que o revela a quem passa para o último comboio, como alguém a tocar exclusivamente para a praia e para a noite… lúcida e teimosa lembrança a sobreviver ao desgaste do tempo.
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