8 de junho de 2010

"Só ele me fez gostar de Sérgio"

Image and video hosting by TinyPic
“Tudo é tão nu, as discussões, os capítulos, as citações, a análise dos comportamentos, tão crua, rápida, tão feroz, e os sobressaltos funambulescos a que sempre nos habituou o seu cepticismo (só ele me fez gostar de Sérgio) são aqui tão bruscos, parecem ser anteriores à música da sua escrita. Leio-o, espantado, encantado, melancólico, cheio de suspeição, num fôlego, como sempre, relê-lo-ei para a semana no avião, leio-o como a um rascunho que talvez não seja, mas não posso deixar de pensar que é, com a morte pelo meio, a sua ausência, pela primeira vez”.

A quem se refere Jorge Silva Melo?
Se reconhecerem a letra dessa pessoa, torna-se mais fácil...

Augusto Abelaira.
"divagarde" em pleno.
Parabéns!

(Fotografia publicada no blogue "as mãos da escrita").

9 comentários:

teresa disse...

Não resisti a pesquisar, mas sem sucesso. Ainda para mais Jorge Silva Melo refere com tanto entusiasmo Nemésio e Sena como escritores de eleição (já mergulhei em manuscritos de ambos e, nada...), enfim! Espero que alguém acerte:)

José Quintela Soares disse...

Gosto destes desafios.
É interessante tentar descobrir através do estilo, de uma ou outra referência, até de uma só palavra onde pode estar a solução.

Também espero que alguém acerte.

Felicidade disse...

Mário Dionísio?

José Quintela Soares disse...

Não, Felicidade.
Não é Mário Dionísio.

teresa maremar disse...

João César Monteiro?

José Quintela Soares disse...

Não, "divagarde".
Não se trata de um realizador de Cinema.

teresa maremar disse...

Então se não vem do cinema e não é César Monteiro, vem da escrita. E, para mim, só há duas escritas ao nu... Duras e Abelaira. E porque Duras não é, porque aqui não vinha a propósito [e essa eu sinto-a logo nas primeiras palavras :)], então é Augusto Abelaira.

José Quintela Soares disse...

Bem visto, "divagarde".
Acertou e muito bem.

Augusto Abelaira.

Eu bem disse que, por vezes, basta uma palavra...

Parabéns!

teresa maremar disse...

Imagino que tenho um filho. E sinto isto: o mundo de amanhã não está nas minhas mãos. Quer dizer: posso educar bem o meu filho, o melhor possível… Mas que importância tem isso para a felicidade dele, ou melhor: tem muita importância, mas uma importância às avessas… De que serve a uma leoa ensinar ao filho a alegria de correr na selva se ele tiver de passar a vida fechado num jardim zoológico? O pai enganou-se… Educou-me para outro mundo, um mundo onde o João Franco não era possível, um mundo livre da miséria. Devia ter-me ensinado a ser violenta, a desprezar os outros, a acreditar estùpidamente num credo qualquer. Ensinou-me a ser infeliz. — Ainda segura o copo, embora já o tenha poisado na mesa. — Se eu tiver uma filha hei-de educá-la para este mundo.
— Apoia o cotovelo na secretária, fica assim levemente inclinada. —
Educá-la-ei para ser feliz neste mundo onde a tirania e a miséria reinam e hão-de reinar. De contrário, arriscar-me-ia a enviar a minha filha para as prisões ou a sofrer porque não tem essa coragem. Educá-la-ia a morrer, afinal.


Abelaira