À lareira ou primeiro aniversário a viajar no tempo...

E assim se completa o primeiro aniversário de dias voadores… Cada vez menos dada a datas – todos os minutos são importantes quando se entra em "certa altura" da vida - a comemoração pessoal foi fácil de lembrar, dado o dia 11 de Novembro se encontrar associado por diversos motivos a efemérides da escriba (ai a memória cada vez mais selectiva!): aniversário de 2 pessoas especiais - a grande amiga dos tempos de cooperação em terras de África (somos madrinhas «recíprocas» dos nossos filhos mais novos) que, desafiando o isolamento da aldeia natal e contra enormes resistências rumou a Lisboa atravessando duras provas (ainda há heróis –pouquinhos - fora dos filmes) e o professor que em tempos de inspiração desvelou os « herméticos mistérios» : ciclos de cinema do Palácio Foz e poetas “nunca dantes sonhados” pedindo-nos, em inesperada manhã que, na sala (de paredes laváveis, não vandalizámos a faculdade), gravássemos a giz algumas ideias - vivia-se então a descoberta dos "happenings", como tantas outras novidades por cá chegadas fora de prazo. Ante a indignação de poucos que consideraram a ideia peregrina, fui entusiasta, deixando na parede as lyrics do The times, they are a-changing , grito individual de rebelião juvenil. É ainda data da independência de Angola e, por isso mesmo, nome de escola onde dei aulas pouco tempo depois de ter extravasado de cor e a giz o "grito" de Dylan (o Bob , não o Thomas, apesar da tal casa de saber “respirar” erudição…) . Saliento ainda o S. Martinho, a lembrar castanhas, água-pé e os dias mais belos do ano de tão mágica estação …
Os textos que mais me alegro de postar, são habitualmente escritos num ímpeto, em evocação (é uma brincadeira, dado a escriba conhecer as suas limitações) ao mito de Caeiro, junto à cómoda, a rascunhar em êxtase bucólico.
E porque tudo precisa de um sentido social (pelo menos para a própria), é grata a partilha de textos, imagens e pensamentos que, felizmente , nos destrinçam. Por aqui me aconchego à lareira (logo eu, que tive de instalar um recuperador na sala para não correr o risco de esbarrar com uma qualquer sebastiânica assombração no denso nevoeiro doméstico gerado por ventos invasores de orientação adversa …).
Ler com “adição” o que os contribuidores postam e os comentadores comentam (esta é profunda e original, melhor só a outra de “estar viva”…) e rascunhar linhas de maior ou menor relevância ( no último caso, sempre poderão ajudar a combater as eventuais insónias dos mais tolerantes) tornou-se hábito regular.
Sempre que me exceder na extensão dos textos e comentários, resta-me concluir com o lugar-comum do “desculpem qualquer coisinha” e acrescentar – aqui de modo repetitivo – o gosto/gozo por integrar este grupo de viajantes no tempo.