22 de dezembro de 2008
A POSSIBILIDADE DE ESCOLHER
Os pais não casaram pela igreja
Os pais não baptizaram os seus dois filhos. Guardaram isso para o critério de cada um, quando tivessem consciência para escolherem.
Ele ficou sem se baptizar, a irmã baptizou-se aos 19 anos.
Não casou pela igreja.
Não baptizou os seus dois filhos. Também quis que fossem eles a escolher.
O rapaz, até agora, não se baptizou, a rapariga baptizou-se aos 23 anos e casou pela igreja.
O rapaz, até agora, não baptizou o filho, a rapariga irá, no próximo ano, baptizar a filha e far-se-á uma festa.
Quando começou estes “posts” de Natal teve o cuidado de dizer que não professa qualquer religião mas gosta do Natal.
Os pais faziam o Presépio e a Árvore de Natal.
Gostava de ter as duas coisas. Todos os anos o Presépio aparecia com novas figuras.
Continuou a fazer o Presépio e a Árvore de Natal para os filhos. Continuou a comprar figuras.
Quando o filho casou passou-lhe o Presépio da família. É um Presépio densamente povoado. As casas não são muito grandes, há falta de espaço. Quando a filha casou sugeriu que se arranjasse uma outra gruta, outra Maria, outro José, outro Menino, outro burro, outra vaca, e dividissem as restantes figuras entre si.
Assim aconteceu e continuam a fazer o Presépio e a Árvore de Natal.
Não impor nada a ninguém. A possibilidade da escolha.
Talvez por tudo isto sente-se bem consigo próprio. Seja tempo de Natal ou qualquer outro tempo.
Enquanto comia tangerinas surgiram-lhe estas palavras e entendeu publicá-las. Ao mesmo tempo tentava captar, da janela da casa onde vive, uma vista de Lisboa com Sintra ao fundo, como prometera à Teresa. Mas já era um pouco tarde, o por do sol deixou um fogo no céu, a cidade rubra num clarão. Permitiu-se pensar que a fotografia ilustraria bem este texto.
As tangerinas já não têm o cheiro, nem a doçura das tangerinas da infância. E acaso ele é o mesmo?
Outro dia tentará a vista de Lisboa com Sintra ao fundo.
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2 comentários:
Grata pela lembrança. Mesmo sem palácio, a imagem é bonita.
Quanto a deixar opções aos filhos, entendo o Gin tendo assim pensado em tempos embora, por "sustos" daqueles bem fortes, tenha acabado por baptizar uma das miúdas ao ano de idade e a irmã aos onze, num sábado de Aleluia. Num momento difícil disse: "se este episódio tiver um final feliz, haverá o ritual da água". Por acréscimo, acabou por se tornar numa enorme alegria para a bisavó, então quase com 90 anos de idade.
Quanto às tangerias (e bolas de berlim e outros sabores de infância) decididamente já não são o que eram:)
Também tenho saudades dos sabores da infância. E de alguns sentires...
Será saudosismo, ou simplesmente a mudança existe , mesmo nos nossos cinco sentidos?
Boas Festas
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