19 de dezembro de 2008

Caem estrelas..."my Lord, what a morning"

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Acabei de ver nos Olivais um homem de idade indefinida, com uma barba à Bakunine. De expressão lunar, sorriso lavado e com ar de quem nunca perderá a dignidade trouxe-me o encontro, uma vez mais à memória, o poema de Vitorino Nemésio:
Natal chique

Percorro o dia, que esmorece.
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na minha pressa e pouco amor

Hoje é Natal. Comprei um anjo.
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.

Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado...
Só esse pobre me pareceu Cristo.

...e em associação livre, o belo espiritual negro:

My Lord, what a morning!
My Lord, what a morning!
Oh, my Lord, what a morning
when the stars begin to fall.

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