20 de dezembro de 2008

Agarrar o tempo

Image and video hosting by TinyPic
Diziam-me há dias: “o tempo escoa-se como areia por entre os dedos”. Pensando há alguns anos tratarem-se estas observações de conversa de velhotes (ou de kotas, como diz actualmente a juventude), fico perplexa quando verifico que os mais novos com quem me cruzo também começaram a sentir o mesmo fenómeno.
A opção de vida numa pequena localidade passa também pela tentativa desesperada de, à semelhança do professor do “Clube dos Poetas Mortos”, conseguir “sugar o tutano da vida”.
E foi assim que descobri um mundo de novidades: deparar-me inesperadamente pela manhã com um bando de perdizes a correr pelo jardim, ver o sr. Luís, fiel jardineiro, em desespero a tentar dar caça aos coelhos que devoram as couves da horta antes que elas cheguem ao prato, a lutar contra as toupeiras que não cessam o seu trabalho de escavação e ficar, fascinada, quando chego depois do pôr do sol, a olhar para uma coruja que elegeu como poiso predilecto o muro que ladeia o caminho de acesso a casa.
Quando o calor aperta, tenho dado por mim a olhar da janela sem pressas um lagarto de cores vivas que se expõe com atrevimento ao sol ou a relembrar o belíssimo tema “Blackbird” ao som do canto natural dos melros.
Já me perguntaram: “isto não é isolamento a mais?” – repondo sempre: “o isolamento, em tempos de correrias loucas nunca é em demasia”… e nesta vivência já decorreram catorze anos sem que disso me tenha dado conta.

3 comentários:

Anónimo disse...

Estas são as minhas flores favoritas: frágeis e alegres.
Não cansam.
"Carpe Diem".

Mundo De Aventuras disse...

O tempo escoa-se sim. Cada dia que passa sinto mais isso. Mas talvez porque tenho um problema com a gestão do mesmo (risos).

Mas há uma frase que ultimamente costumo repetir, para desagrado de amigos e familiares, mas que me define: "Não me lamentem, porque se eu morresse hoje, morria feliz!" E apresso-me a esclarecer que quero continuar a viver, apenas quero transmitir que apesar da pressa com que vivo (há quem dia que hei-de morrer à mesma velocidade :-D)amo a vida, mas não interessa quanto tempo vivemos, mas a intensidade com que o fazemos.

teresa disse...

Estou completamente de acordo tanto com a beleza efémera destas flores (colhidas perdem as pétalas), como com a ideia de "agarrar o momento". Aproveitemos os dias:)