Penitenciando-me por tão longo tempo de espera no Fundão, sugiro nova paragem. A especialidade aqui será do agrado dos amantes de carne. A bebida? Pois, estão verdes só os cães as podem tragar. Adivinhais onde é?
T: a pista que me dá, vitela, é parcialmente vaga. Vitela a sério só no norte do país, mais concretamente para lá do Marão e se bem que hoje, por mor das auto-estradas já tenham destruído quase todas as estações de caminho de ferro, ao tempo do postal ainda havia muitas. Não dá para um cheirinho de mais qualquer pista?
Pistas: Vinho...norte..A estação ainda existe, embora não circulem os comboios. O primeiro dez-se à vida em 21 de Julho de 1907. E nesta terra há uma está tua muito conhecida chamada "Porrada nos cornos".
E adiciono: Olhe, meu caro, esta boa terra de ... é assim: pão pão, queijo queijo - portugueza de lei, hospitaleira, franca até à rudeza e capaz também de por um bom cacete de cerquinho, a sua justiça d´elles, onde el-rei não haja posto a sua propria." José Augusto Vieira (O ... Pitoresco, 1886, p.566)
Nesta data e nesta hora o viajante declara-se incapaz de ssber o nome do Apeadeiro/Estação, apesar dos dados facultados. Consultou livros e amigos e nada conseguiu. Pelo meio lembrou-se de um frase de Federico Fellini: "eu ando, eu vejo, eu falo, eu sinto, eu leio, eu interrogo - e descubro que a minha ignor^ncia é colossal". Depois, qundo a T. lhe revelar o nome, a sua boca boca será um enorme ah! de espanto e dirá para consigo: "Como não me lembrei?" É isto que faz os dias diferentes e a vontade de continuar.
Nunca chegaria lá. Fafe é apenas umas muitas terras deste país a que nunca fui. Tenho como certo que deixarei a terra da alegria sem ter visto o Portugal desconhecido que o José Barata Moura diz que espera por nós. Mas como estamos em apeadeiros e estações, como teve o bom gosto de ir à estante buscar um livro que, aqui por casa, está abundantemente sublinhado, deixo-lhe este pedacinho: “O romance começa numa estação ferroviária, ronca uma locomotiva, um arfar de êmbolo tapa a abertura do capítulo, uma nuvem de fumo esconde parte do primeiro parágrafo. Pelo meio do cheiro a estação passa uma lufada de cheiro a bufete de estação. Está alguém a olhar pelos vidros embaciados, abre a porta envidraçada do bar, lá dentro também está tudo enevoado, como que visto por olhos de míope, ou então por olhos irritados com ciscos de carvão. São as páginas do livro que estão embaciadas como as janelas de um velho comboio, é nas frases que pousa a nuvem de fumo. É uma noite de chuva: o homem entra no bar; desabotoa o sobretudo húmido; envolve-o uma nuvem de vapor; um silvo põe-se a correr pelos carris brilhantes da chuva a perder de vista.”
Eu adoro o Calvino e tenho uma prateleira dedicada ao senhor. Esse é um dos meus favoritos, assim como as Cidades Invisíveis. E gosto de o ler em voz alta.
9 comentários:
T: a pista que me dá, vitela, é parcialmente vaga. Vitela a sério só no norte do país, mais concretamente para lá do Marão e se bem que hoje, por mor das auto-estradas já tenham destruído quase todas as estações de caminho de ferro, ao tempo do postal ainda havia muitas. Não dá para um cheirinho de mais qualquer pista?
Pistas: Vinho...norte..A estação ainda existe, embora não circulem os comboios. O primeiro dez-se à vida em 21 de Julho de 1907.
E nesta terra há uma está tua muito conhecida chamada "Porrada nos cornos".
E adiciono:
Olhe, meu caro, esta boa terra de ... é assim: pão pão, queijo queijo - portugueza de lei, hospitaleira, franca até à rudeza e capaz também de por um bom cacete de cerquinho, a sua justiça d´elles, onde el-rei não haja posto a sua propria." José Augusto Vieira (O ... Pitoresco, 1886, p.566)
Boa noite, T.
Por acaso esta casa, não fica situada no Largo Martins Sarmento, no ( Carmo )?
Fernando ;-)))
Nesta data e nesta hora o viajante declara-se incapaz de ssber o nome do Apeadeiro/Estação, apesar dos dados facultados. Consultou livros e amigos e nada conseguiu. Pelo meio lembrou-se de um frase de Federico Fellini: "eu ando, eu vejo, eu falo, eu sinto, eu leio, eu interrogo - e descubro que a minha ignor^ncia é colossal".
Depois, qundo a T. lhe revelar o nome, a sua boca boca será um enorme ah! de espanto e dirá para consigo: "Como não me lembrei?"
É isto que faz os dias diferentes e a vontade de continuar.
"se numa noite de inverno um viajante"?
Caro Gin: Fafe pois então:)
E hoje tenho que ir ao mercado:)
E não quer enviar uma adivinha para ser publicada?
Nunca chegaria lá. Fafe é apenas umas muitas terras deste país a que nunca fui. Tenho como certo que deixarei a terra da alegria sem ter visto o Portugal desconhecido que o José Barata Moura diz que espera por nós.
Mas como estamos em apeadeiros e estações, como teve o bom gosto de ir à estante buscar um livro que, aqui por casa, está abundantemente sublinhado, deixo-lhe este pedacinho:
“O romance começa numa estação ferroviária, ronca uma locomotiva, um arfar de êmbolo tapa a abertura do capítulo, uma nuvem de fumo esconde parte do primeiro parágrafo. Pelo meio do cheiro a estação passa uma lufada de cheiro a bufete de estação. Está alguém a olhar pelos vidros embaciados, abre a porta envidraçada do bar, lá dentro também está tudo enevoado, como que visto por olhos de míope, ou então por olhos irritados com ciscos de carvão. São as páginas do livro que estão embaciadas como as janelas de um velho comboio, é nas frases que pousa a nuvem de fumo. É uma noite de chuva: o homem entra no bar; desabotoa o sobretudo húmido; envolve-o uma nuvem de vapor; um silvo põe-se a correr pelos carris brilhantes da chuva a perder de vista.”
Eu adoro o Calvino e tenho uma prateleira dedicada ao senhor. Esse é um dos meus favoritos, assim como as Cidades Invisíveis.
E gosto de o ler em voz alta.
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